sábado, 12 de maio de 2012

Liberdade mal aplicada

A palavra liberdade é muito apregoada por tudo e por nada . Todos se sentem no direito de estarem à sombra desta bandeira, muitas vezes, para procederem a seu belo prazer, prejudicando os outros e esquecendo que:
-Liberdade é a gente poder fazer o que quiser,  sem se preocupar com ninguém a não ser com o nosso marido a nossa mulher, os nossos pais, e os nossos filhos, o patrão, os professores, a polícia, a companhia de seguros de vida, o médico, as autoridades camarárias e presidenciais, os colegas de trabalho, os amigos, os inimigos, os vizinhos, os pobres e os ricos e outros que tais....
Pus-me a pensar neste assunto, depois do que se passou na noite passada, quando em vez das fortes chuvadas anunciadas pelo negrume do céu, caíram, o que me pareceu, toneladas de água, acompanhadas do ribombar de uma trovoada que parecia não ter fim. A noite inteira a chuva caiu sobre a terra já muito alagada e fez estragos à volta da ilha  que só de madrugada se deram a conhecer.
A ribeira que atravessa o nosso prédio com pomares e pastos verdejantes, que raramente corre, desta vez ganhou vida para dar vazão à grande pluviosidade; O pior foram as pessoas que habitam a montante de nós, que fizeram o que quiseram, usando a sua liberdade, sem se preocuparem com os outros e então, ao longo do tempo, foram fazendo da ribeira  lixeira. Vai daí o lixo transportado pela força das águas entulhou a ribeira que transbordou e transformou um lugar agradável e cuidado no que podes ver nas fotos que te mostro. Um horror de lamaçal misturado com lixo, árvores arrancadas, paredes derrubadas enfim, o que levou anos e gerações a fazer, desfeito numa noite, e tudo porque as pessoas não souberam usar a sua liberdade, não respeitaram os outros nem a natureza e também porque as autoridades competentes não souberam e ou não quiseram usar a sua competência fiscalizadora.
Triste, muito triste, até porque graças a Deus não houve vítimas a lamentar, mas podia muito bem ter havido!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Viver de outra maneira:


O título, vem a propósito de uma notícia publicada num jornal local ( Diário Insular), que dava conta que a junta de freguesia de Santa Bárbara, concelho de Angra do Heroísmo, nos Açores, organizou e desenvolveu, em parceria com  a escola primária e o centro de idosos, um encontro intergeracional,  no  sentido de se efectuar uma transmissão de saber no campo da cozedura do pão, numa espécie de regresso às origens ou pelo menos ao tempo das nossas avós e quiçá das nossas mães, se for caso disso. 
Estes jovens tiveram, quem sabe, um primeiro contacto com este saber e esta actividade, sendo que a mesma foi uma continuidade do estudo feito anteriormente acerca do ciclo do trigo e assim compreenderam que o pão para chegar à nossa mesa dá muitas voltas e que se estiverem em situação de aperto podem sempre tentar. À primeira não sairá muito bem, mas insistindo, lá chegarão...
Ao ler isto lembrei-me que, quem sabe, talvez seja a altura de os  mais jovens, com  mais preparação académica do que os seus antepassados, porem os seus talentos a render, aliando o seu saber intelectual ao saber fazer e assim ajudarem a ultrapassar a crise de que tanto se tem falado. Penso que além de se reaprender a cozer o pão, ainda vamos ter de reaprender muitas coisas ; Não só a viver com pouco dinheiro, mas sobretudo, a viver de outra maneira!

Aquilo em que eu acredito



Gosto de ler, adoro ler! Para mim, os livros são quase objectos de culto e adoração que nos permitem viver uma grande liberdade intelectual e cultural. Sinto uma sensação estranha ao folhear um livro, ao apreciar a textura e desenho da sua capa, ao desfrutar aquele cheiro a tinta e a papel, especialmente quando o livro é novo e, muitas vezes, privo-me de certos bens que são essenciais para certas pessoas, para poder comprar um livro que gostaria de ler, porque gosto que os livros sejam meus, para poder sublinhar e voltar a ler quando me lembro de certas passagens que me marcaram mais, enfim, só os amantes da leitura me compreenderão...
Quando tenho vagar e abro um livro, esqueço tudo, às vezes, "engulo-o" com sofreguidão, tal é a ânsia que tenho de me embrenhar naquele assunto e de me envolver com o autor/a, outras vezes vou-o "mastigando", lentamente, para poder perceber e assimilar e seguidamente digerir a matéria e com certos livros delicio-me a "saboreá-los" como se de um delicioso bombom ou requintado e fino pudim se tratasse... Acredito, que o modo como se lê um livro é muito importante, às vezes mais importante do que o próprio livro em si, pois podemos enriquecê-lo com os nossos conhecimentos, experiências e aprendizagens.
Aconteceu que, na minha recente ida a Lisboa, me deparei com o novo livro de Helena Sacadura Cabral " Aquilo em que eu acredito" e, embora os tempos não estejam para grandes gastos, lá cedi à tentação de o comprar. Saborear, degustar, sorver, sublinhar, reler e treler, serão os termos que me vêm à memória para descrever a minha atitude perante este livro, escrito de uma maneira muito simples e acessível, numa  compilação e sequência de crónicas que falam da vida, da família, da sociedade e da política, num olhar acutilante, sério, verdadeiro e profundo de uma senhora que já viveu muito e que o soube fazer!
"Aquilo em que eu acredito", um livro que saboreei, que  me disse muito , com o qual me identifico plenamente e que, poderia ter sido escrito por mim, se tivesse o engenho, a arte, a persistência e a capacidade de trabalho de Helena Sacadura Cabral.