sexta-feira, 22 de junho de 2012

Festas das Bicas de Cabo Verde/ 2012

O Espírito Santo é partilha e amor!

Este é o Vítor Carreiro, da comissão das festas, no meio de uma manada de vacas. Quem vê esta foto fica com a sensação de que ele é um eficiente criador de gado em vez de  técnico de farmácia que, na realidade, é a sua profissão.
A história conta-se em poucas palavras.
Para os que não sabem as festas do Espírito Santo , nos Açores, são um momento único de partilha de pão, carne e vinho. É neste espírito,  e sensibilizados por costumes ancestrais, que as comissões das festas, ao longo do ano, trabalham para que possam distribuir abundância pelos irmãos do Espírito Santo, pela sua localidade, por colaboradores e amigos.
Há os criadores que se comprometem a colaborar, tratando ao longo do ano de animais, que a comissão comprou ainda vitelos, tudo isto envolvido na fé ao Divino.
O Vítor é uma pessoa de fé mas é sobretudo uma pessoa dinâmica que se dá de corpo e alma aos projectos em que se insere. É portanto nesta e com esta atitude que ele está feliz no meio destes animais, apreciando-os e escolhendo os que são para esmolas, os que são para fazer a sopa, o cozido e as alcatras para a função no dia da coroação e os que são para vender e ajudar as restantes despesas do império, especialmente as obras de restauro por que o mesmo passou.

Tourada das Bicas de Cabo Verde 2012



---- Este painel foi feito de tecidos reciclados para alegrar a minha varanda no dia da tourada.
 
O nosso desejo, sonho e vontade de imaginar e tornar o amanhã, o futuro e o mundo melhores são a força que alimenta   o respeito pela tradição e a vontade de a preservar e perpetuar. O essencial é respeitar e amar o que os nossos antepassados nos deixaram quer sejam bens materiais ou legados culturais.
Pode viver-se sem trabalhar, sem dormir ou comer, sem transportes etc., será horrível, mas vai-se andando, contornando os obstáculos e sobrevivendo, há sempre alternativas. Quanto ao passado não o podemos renegar, ficamos desprotegidos, vazios, pobres se o desvalorizamos. Não há fuga possível, o passado e as nossas tradições são as nossas raízes, a nossa alma, a nossa história... É por isso que nas Bicas de Cabo Verde,embora sendo um pequeno lugar, todos os anos se cumpre a tradição dos seus festejos em louvor do Divino Espírito Santo com uma parte Religiosa e outra social e profana.
Terminaram Sábado, dia 16, essas festas com a sua tradicional tourada à corda, e eu, amante das tradições, sigo as pisadas dos meus pais e festejo sempre esse dia que dá lugar a um agradável convívio em nossa casa. Claro que naquele tempo as coisas eram um pouco diferentes no que toca à "paparoca", eu agora gosto de fazer uns petiscos mais rebuscados, mas não são precisos grandes coisas para se conviver, cada um faz o que quer e pode com a certeza de que nada torna uma casa e uma mesa mais acolhedoras do que a vontade de receber os amigos e os que nos visitam.
Aqui fica um apontamento de um dia agradável, embora chuvoso, em que uma vez mais se cumpriu a tradição.