sexta-feira, 23 de abril de 2021

 


A Grandeza de um livro:

Abro um livro
e fujo ao vazio, à monotonia,
à solidão e à melancolia
e, sem me aperceber,
afasto-me…
de dores, maldades, espinhos
das maledicências dos outros.
Folheio um livro
e logo, logo, percebo
a vida, a alegria e a tristeza,
a saudade, o amor e a beleza,
o horror de tanta maldade,
e o valor da igualdade,
porque ele me ajuda a perceber
as várias vertentes do meu percurso,
as diferentes cores de um discurso.
Acaricio um livro
e torno-me criativa,
imagino o Mundo, as culturas,
os povos e muitas aventuras…
e do livro brota uma semente
que lançada à terra quente
se torna em rica colheita
de plena satisfação,
de grande realização.
Olho um livro
e começa o meu sonho,
o meu acreditar,
que num livro há uma grandeza
que me puxa e me empurra
para um lugar de grande beleza
onde impera a verdade
a cultura e a felicidade!
Clara Faria da Rosa










domingo, 4 de abril de 2021

 


Depois  da  Páscoa, nos Açores:

Em tempo normal

Logo depois da Páscoa,
Nos Açores, 
O arquipélago é um altar
E cada ilha é uma mesa
Para o Espírito Santo louvar,
São cortejos para a igreja
Onde o imperador vai coroar,
E depois a mesa posta
Numa fartura sem par...
Massa doce, carne
E esculturas de alfenim,
Muito pão
Em arrendados açafates,
Vinho a borbulhar
No canjirão,
E copos enfeitados
De alvos e doces confeitos.
É o povo ilhéu
Religioso e profano
Na sua fé,
Crente e festeiro,
O terço rezando,
Com muito fervor,
Numa sentida prece,
Num hino, num louvor
Ao Divino Espírito Santo!
Então, no sétimo domingo,
No terreiro do local,
É o culminar
Da abundância e da partilha,
É a terceira pessoa louvar
Em cada casa, em cada ilha!
Clara Faria da Rosa 


 

Vitória da luz sobre as trevas:


Para mim, a Páscoa define-se como a vitória da vida sobre a morte, da alegria sobre a tristeza, da luz sobre a escuridão É por isso que entendo ser mais do que adequado falar-te desta peça, que em tempos antigos iluminava muita gente:  Uma candeia ou candeeiro de azeite, peça muito antiga, artesanal, feita por funileiros, em latão, liga cujo elemento principal é o cobre.
Segundo li, num blogue chamado "As velharias do Luís", em tempos idos, quase todas as famílias que tinham algumas posses, possuíam uma peça destas isto mais no Continente português do que nas ilhas,
Alto e elegante, este meu candeeiro que agora, como é óbvio, só funciona como peça decorativa, com 90 cm de altura, quatro bicos, um reflector regulável, com uma pega trabalhada que serve para o transportar de um lugar para o outro, um reservatório ou depósito, bojudo, para pôr  o azeite  e muitos penduricalhos, cada um com a sua função: O espevitador para puxar o pavio, o apagador, o morrãozeiro que empurra o pavio para dentro dos bicos  e um pequeno balde para pôr os morrões. Isto também fiquei a saber no blogue acima citado.
Também era habitual chamar-se a estas candeias, candeia de velório porque eram usados sobre uma cómoda ladeando um crucifixo nos velórios, quando estes se faziam em casa.
Enfim outros tempos, outras gentes, ou mudam-se os tempos mudam-se os hábitos, como costumo dizer, o que não muda é o facto de o homem necessitar de luz interior para viver uma vida feliz e fugir, isto é, afastar-se da escuridão e das trevas
Boa Páscoa, com muita luz!


sexta-feira, 2 de abril de 2021

 




Um grande acto de coragem, das nossas vidas é curvarmo-nos e pedir perdão. Este acto não nos humilha, antes pelo contrário engrandece-nos e eleva-nos como seres espirituais.
Curvêmo-nos, neste dia especial, para os cristãos, perante tamanho mistério, o da cruxifixão e ressurreição de Jesus Cristo!

 

Páscoa 2021


Para além da simbologia religiosa que celebramos nesta época,  há também muitas tradições que a ela se associam. Para mim não há Páscoa sem folares, os reis da festa, grandes, médios ou assim assim, sempre com um ou mais ovos normalmente sob uma cruz de massa, que antes eram feitos em grandes fornadas no forno de lenha e agora compro na padaria do Pico da Urze e que também são muito bons...E como não falar das coloridas amêndoas compradas na firma Basílio Simões, na rua direita em Angra do Heroísmo? Que Deus me perdoe, mas não há amêndoas como estas, embora haja muitas qualidades por esse mundo fora, coloridas para alegrar a nossa mesa de Páscoa, macias a desfazerem-se na boca e a misturarem-se com o amargo do fruto...Uma delícia!
Estava com medo que este ano não as fizessem atendendo à situação que se vive, mas não, embora com cuidado e prevenção, entrada racionada, lá estavam elas, até me pareceu que este ano são  mais coloridas que em anos anteriores o que foi bom porque precisamos é de algo que nos traga luz, cor e alegria.
E é  o  que, nesta Páscoa, desejo para a tua vida LUZ, COR  E ALEGRIA!

 

Em noite de ceia grande:

Sopas fritas e chá!
Tudo original
Ontem dei por mim a pensar: - Se Cristo partilhou a última ceia com os seus discípulos, porque não partilhar a minha memória deste dia? E porque não fazer as ditas sopas fritas só por causa do colesterol se nós sempre as comemos e os meus pais não morreram por isso
Toca de pôr mãos à obra e aqui estão elas acab
adinhas de fazer, cheirando que é um regalo à espera do chá que as vai acompanhar. Costumávamos comê-las ao chegarmos da cerimónia do Lava-pés, cerimónia que este ano não se realiza, mais uma vez, porque as igrejas estão fechadas devido ao covid 19, contudo, não quis deixar de cumprir a tradição.

A minha mãe não tinha Internet nem livro de receitas, lembro-me que às vezes ela anotava nuns papeis que vinham a embrulhar alguns artigos de mercearia mas a maior parte das vezes ela inventava! Por isso digo que é tudo original, a toalha era dela , podes ver o monograma bordado por suas mãos, a louça era também dela, fábrica LUSITANA e a pequena tigela onde guardo o açúcar com a canela é também dessa época, embora a tenha adquirido recentemente é MASSARELOS.
Mas vamos lá ao que interessa, as sopas fritas à moda da minha mãe!
Faz-se um polme com 3 colheres de sopa de farinha de trigo, 1,5 colher de sopa de açúcar, 3 ovos, uma pitada de sal, 1 colher das de chá de fermento em pó e leite até ficar com a consistência própria para envolver o pão, pode-se juntar umas gotinhas de baunilha, isto já é invenção minha.  Pronto, parte-se o pão às fatias, eu usei papos-secos, envolve-se no polme, e leva-se a fritar em óleo bem quente, escorre-se e põe-se sobre papel absorvente, envolve-se numa mistura de açúcar e canela e pronto!
Muito simples? Pois é.
Fazias assim? Fico contente.
Vais fazer? Bom proveito!
Que tenhas uma Páscoa muito doce, dentro das possibilidades, são os meus votos.







quinta-feira, 1 de abril de 2021


 Olhar de Páscoa

Olho as pessoas
e nelas vejo a Páscoa…
No brilho dos seus olhares,
No sorriso dos seus lábios,
No cumprir dos seus deveres,
No ajudar os seus amigos.
Olho à minha volta
e vejo a Páscoa…
Na Primavera a despontar,
No colorido das flores,
Na Natureza a pintar
A vida de todas as cores.
Olho para dentro
e em mim vejo a Páscoa…
Com uma vontade forte
De o grande mistério anunciar,
Da vitória sobre a morte
E de a vida celebrar.
Penso na vida
e sinto a Páscoa
Como um mágico segredo
Que não consigo guardar
E anuncio sem medo
É um milagre, ressuscitar!
Clara Faria da Rosa