sábado, 31 de agosto de 2019

Quando a linha da vida se parte:

É, desde sempre, que me lembro desta caixa, no canto do estrado, na minha casa das Lajes; Era o trabalho leve da minha mãe! 
Aos Domingos íamos à missa, almoçávamos, a minha mãe levantava a mesa e lavava a louça e, como não se trabalhava ao Domingo, ela sentava-se a fazer um trabalhinho leve, o seu crochet... a minha mãe sempre foi uma mulher determinada que se deu à vida e ao trabalho, não era ociosa nem sequer tinha passatempos, estou em crer que ela nem conhecia esta palavra: Passatempo...
E sempre foi assim, até ao fim, de tal modo que quando faleceu, andava a fazer uma renda para um lençol.
Partimos, mas as coisas ficam, e lá ficou a caixa, abandonada no canto do estrado, como se também tivesse perdido a vida .
Ao abri-la, deparei-me com o trabalho inacabado e pensei como a vida é repleta de imprevistos e como nós nunca consideramos que a meta foi atingida, é muito difícil considerar que a nossa actividade terminou, só se por infortúnio do destino, isso acontecer inesperadamente, como foi o caso.
Num rasgo de saudade e de impotência, perante a dura realidade, emoldurei, como recordação, o trabalho inacabado assim como a farpa com que a minha mãe fazia o seu crochet.
Já lá vão muitos anos, contudo ao olhar para estes objectos lembram-me sempre, naturalmente, a minha mãe e, como é efémera a linha que nos agarra à vida, a qual pode ser quebrada a qualquer momento.
É por isso, para que tenhamos esta realidade sempre presente, que conto esta história de uma mulher que "crochetou" a vida com muita garra e determinação, até que a linha se quebrou!




segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Com vinagre não se apanham moscas!
Sempre que, nas andanças pela minha casa, os meus olhos dão com esta lindíssima peça que, à primeira vista parece uma licoreira, penso no ditado antigo:
- "Com vinagre não se apanham moscas", porque afinal, este utensílio em forma de garrafa de vidro transparente, muito fino, bojudo, com ressalto no fim do gargalo alongado e que apresenta uma reentrância, no fundo, para o interior, aberta na parte central, possuindo três pequenos pés em vidro e uma rolha também de vidro, muito elegante, é um mosqueiro dos princípios do séc. XX no qual se introduzia uma substância doce e pegajosa, de preferência, que atraía as moscas que lá ficavam presas. Penso que a rosca no gargalo servia para se pendurar com um barbante no tecto e lá ficava, o dito cujo, à espera das moscas...
Pois é, ao olhá-lo, dou comigo a dizer para mim própria:
-Clara, deixa-te de azedumes, pois a vida é como um mosqueiro, não se compadece com azedumes que só atraem dissabores, inimizades e mal-estar afinal até as moscas são atraídas pela doçura, embora isso seja nefasto para elas!
De qualquer modo, cuidado com os azedumes constantes e especialmente com algumas moscas impertinentes...





sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Os Dons do Espírito Santo:


































Embora extemporâneo, não posso deixar de registar a alegria que sentimos, faz hoje precisamente  dois meses, ao levarmos na coroação das Bicas de Cabo Verde, São Pedro de Angra do Heroísmo a corôa comprada com o fruto do nosso trabalho a ser benzida após a missa da coroação. A comissão irmanada por esta devoção centenária, e crente que os dons do Divino Espírito Santo são o esteio que ajudará a levar os açorianos, continentais e o mundo em geral a bom porto e a uma vivência sã dentro dos valores que nos foram legados pelos nossos antepassados, numa atitude de partilha deste entendimento, que ao longo do ano foi tratado, imprimiu em fitas estes valores que irradiavam da corôa e que cada elemento transportava conforme podes ver pelas fotos.
Sabedoria, Entendimento,  Conselho, Ciência, Piedade, Fortaleza, Temor de Deus - Os dons do Espírito Santo que precisamos caiam sobre nós !

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

                                                     
 No meu septuagésimo primeiro aniversário

Eu vos dou graças Senhor
Pelos meus setenta e um anos
Sinto-me muito feliz e grata,
Por tudo o recebido
Por uma vida completa...
Pelos meus setenta e um anos
Agradeço e dou vivas,
Pelo carinho amor e saúde
Nos meses semanas e dias...
Pelos meus setenta e um  anos
Humildemente louvo o Senhor,
Pelas dores tristezas e mágoas
Ingratidões e faltas de calor...
Pelos meus setenta e um anos
Prometo, firmemente, Senhor,
Ser forte e corajosa
E fazer da vida louvor...
Pelos meus setenta e um  anos
Prometo ainda Senhor,
Colorir e alegrar os meus dias
E dos que estão ao meu redor...
Pelos anos que me restam
Muitos ou poucos? Não sei,
Lutarei com todas as forças,
Farei da bondade lei
E pela vida darei graças!

12/08/2019
Clara Faria da Rosa