quinta-feira, 28 de julho de 2011

Apreciar o passado... (tourada das Bicas de Cabo Verde)

Faz hoje precisamente um mês que vivemos na nossa casa,  momentos ricos, embora fugazes que gostaria que fossem eternos.
Como gostamos muito de receber os nossos amigos aproveitamos o dia de tourada junto da nossa casa, para  convivermos, apreciando deste modo o que a vida nos oferece de bom.  Recordo e aprecio esses momentos passados, apreciando, saboreando e enaltecendo  assim a vida  visto que a nossa vida é composta de momentos passados que de tão marcantes  permanecem na nossa memória.
Para os que não são de cá informo que dia de tourada na ilha Terceira é dia de porta aberta e de mesa posta para todos; são corridos quatro touros atados a uma corda manobrada pelos pastores de chapéus abeiros e camisolões brancos, os quais são estimulados pelos capinhas que os trabalham em bonitos passes de guarda-sol em punho, sendo mimoseados com palmas e olés da multidão.
O que dá o toque final a toda esta alegria é o chamado "quinto touro" altura em que os convivas se juntam à volta da mesa para conviverem apreciando os tradicionais petiscos e refrescando a garganta com uma cervejinha bem geladinha.
Quero mostrar-te uma especialidade feita por uma amiga nossa do Porto Judeu " papas grossas", freguesia onde são confeccionadas como em lugar algum da ilha Terceira. Falo da minha amiga Maria de Lurdes Melo que as fez e decorou com um tema apropriado, cá está o capinha com o seu guarda-sol chamando o touro, isto em canela, claro, que dá aquele sabor inconfundível...
Agora é esperar pelo ano que vem para voltarmos a viver momentos semelhantes. Contudo e porque digo que a vida é feita de momentos passados não quero aqui deixar de referenciar que neste dia me lembrei bastante de um amigo que há um ano esteve connosco muito contente e satisfeito e que já não se encontra entre nós, o Victor Rocha. É por isso que devemos aproveitar cada segundo, cada momento, cada oportunidade!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Coroação nas Bicas de Cabo Verde

Depois da mudança da corôa a que já me referi, toda a semana de 18 a 25 de Junho se rezou o terço ao Divino Espírito Santo, pelas 19 h., um pouco cedo mas teve que ser pois estas festividades coincidiam com as Sanjoaninas e as pessoas queriam estar livres para ir até ao centro de Angra.
Aqui está a Senhora Maria Fernanda Teixeira, uma anciã que todos os anos se desloca, ao longo da semana, ao império, para oferecer o terço, e sempre de joelhos, enquanto que os mais novos, por vezes nem de pé se aguentam...
Chegou o Domingo, dia 26, pelas 11 horas , as pessoas foram chegando, para se formar o cortejo que se dirigiu até à ermida Jesus Maria José, onde iria ser rezada missa, depois de longos anos em que esta esteve inoperacional devido ao cismo se 1980. Com muita luta, muitos sacrifícios e muita persistência os seus donos, a família Carreiro conseguiu restaurá-la, vivendo neste dia da respectiva inauguração momentos de muita alegria e comoção.
Até eu me senti feliz  e comovida com a coragem destas pessoas que reergueram este património com tanta coragem dignidade e respeito pelo legado dos seus antepassados. Até o sol compreendeu que o dia era de festa e brilhou de modo a que tudo fosse perfeito neste dia especial para esta localidade, Bicas de Cabo Verde:

De São Pedro um cantinho
Q'avista a Penha de França
E o Monte Brasil Alcança
Até Angra, um instantinho!

É deste dia , deste momento e desta localidade onde vivo há largos anos que te mostro este pequeno vídeo para que recordes tempos passados, se for caso disso, fiques a conhecer os nossos costumes e tradições se não fores de cá e também para que concluas que os lugares são como as pessoas, mesmo pequenos têm a sua história, as suas características, os seus hábitos e tradições, enfim a sua alma que urge alimentar, temos obrigação disso, seguindo as pisadas dos nossos avós para que os nossos filhos se orgulhem e percebam a sua identidade!  

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Momentos felizes

Por vezes,  pensamos ser infelizes, porque estamos agarrados ao passado, pensando que este era melhor do que foi na realidade, pensamos que o presente é pior do que é e investimos  esperanças demasiado ambiciosas no futuro, esquecendo que podemos, em muitos casos, ter um certo controlo sobre as nossas vidas e que muitas vezes somos nós próprios criadores dos problemas que nos enegrecem e complicam a vida. Na verdade, nem sempre podemos fazer o que queremos e aquilo de que gostamos, mas se procurarmos com discernimento poderemos encontrar a felicidade na maioria das coisas que fazemos. A escolha é nossa, podemos produzir problemas ou desmontá-los!!!
É importante compreender que poucas coisas, poucas pessoas e poucos momentos, nas nossas vidas, podem ser considerados banais... Se os considerarmos como únicos nas nossas vidas  a nossa reacção passará a ser de apreço, de gratidão, de felicidade, por termos tido oportunidade de desfrutar daquelas coisas, daquelas pessoas, daquelas experiências, daqueles momentos...
Ontem desfrutei de um momento único, que quero preservar para sempre na minha memória! Fui convidada a participar no jantar de encerramento do ano lectivo dos professores da escola Infante D. Henrique, onde leccionei vários anos e onde leccionava quando me aposentei há dez anos atrás, compreendi que com o convite e com as flores que me ofereceram me quiseram mostrar com delicadeza, a sua gratidão por, modestamente, ter colaborado com eles na festa de fim de ano.
O jantar no restaurante" Casa do Peixe" estava uma delícia, especialmente as lulas na telha mas o que mais me fez sentir feliz foi reviver aquele ambiente de reunião de professores que só quem participou nelas sabe a que me refiro...  
Falou-se de tudo, pedagogia, psicologia, política, colocações de professores e até, pasme-se, da essência da felicidade!
Para mim, a essência da felicidade , é ser uma sessentona aposentada e saudável, participar numa reunião de professores novos no activo e sentir-me viva, entusiasmada, interessada e curiosa pelas coisas do ensino e da vida em geral, como me sinto e como me senti ontem, quando me reuni  com estes professores, que apesar de terem pelas costas um extenuante ano de trabalho, um desgastante dia a receber os encarregados de educação e a entregarem as avaliações dos alunos ainda discutiam com entusiasmo os problemas do ensino, as dificuldades de aprendizagem de determinadas crianças e a repercussão que o ambiente familiar e social tem nos alunos e no respectivo sucesso educativo.
Adorei e compreendi porque é que quando me dizem:
-A senhora era professora...
Eu respondo prontamente:
-Eu sou professora!
Para mim, esta profissão, foi como que uma segunda pele que eu vesti, quando pela primeira vez entrei numa sala de aula, repleta de crianças irrequietas e barulhentas e que só despirei quando partir desta vida ...
Obrigada pelo jantar, obrigada pelas flores e especialmente obrigada por me terem proporcionado um momento único de  tanta felicidade! 

Quero aqui realçar e registar, as simpáticas e oportunas palavras ditas pela Senhora Coordenadora de Núcleo, professora Helena Martins que de um modo descontraído e em tom de festa, dirigindo-se a alguns presentes em especial e a todos os presentes de modo geral versejou deste modo:
I
Bem haja professora Clara Faria
Por tão prestável colaboração
Emprestaste, à festa, fantasia
Desabrochada da tua imaginação.
II
P'rá festa, ternamente, foste convidada,
Preencheste d' alegria nossas almas
Por nós, serás sempre lembrada
Mereces uma salva de palmas!
III
A todos com sacrifício piedoso
Que d'alguma forma ajudaram
Obrigada Dulce Cardoso
Pelos tempos que te furtaram.
IV
Da música te ocupaste com engenho
Foste serviçal, dedicada e fiel
mostraste enorme empenho
Desempenhaste o teu papel.
V
Ao Altino felicidades desejamos
P'lo tão esperado casamento
Com muito gosto te ofertamos
p'ra não ficarmos no esquecimento.
VI
Colega Belarmino Ramos
Artista de enorme sensibilidade
Lágrimas juntos derramamos
De nostalgia e muita saudade.
VII
Meu Deus! Mais um ano findou,
Parece incrível mas é verdade,
Como o tempo depressa passou
Lutemos p'la nossa felicidade.
VIII
Que p'ró ano juntos possamos estar
Aqui ou em qualquer lugar
P'ra que com alegria festejar
Sempre com requintados jantares.
IX
Aos novos colegas aqui presentes
As maiores felicidades do Mundo
Mesmo que p'ró ano ausentes
Permanecerão em pensamento profundo.
X
Chegou a hora p'ra rir e brincar
Tirar partido da vida é virtude
Vamos todos neste momento brindar
À minha, à tua e à vossa saúde...
Sejam felizes!!!

E foi deste modo que alegremente se brindou aos colaboradores, aos presente e ausentes, aos novos e mais "entrados", ao casamento de um colega, aos que permanecerão juntos e aos que partirão por força das circunstâncias, enfim a momentos felizes como este !

Império de Bicas de Cabo Verde/Mudança da corôa

No Sábado, 18 de Junho, pelas 18 h., procedeu-se à mudança das coroas para o Império.
As pessoas foram chegando a casa do Senhor Victor Carreiro, procurador da festa, assim como a filarmónica da Serreta que abrilhantou este acto.
Houve um abundante lanche para todos os presentes e apreciou-se o restauro da ermida  Jesus Maria José, propriedade da família Carreiro que fora destruída pelo cismo de 1980 e agora restaurada, ficou linda! Vai ser inaugurada no Domingo da festa.
Após tudo isto formou-se um cortejo com as coroas e as bandeiras sempre acompanhado pela filarmónica até ao Império.
Todos os dias  foi rezado o terço ao Divino Espírito Santo.