segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Frascos de "Pharmácia"

Nos finais do séc. X apareceram, em alguns conventos em França as " Apotecas" ou " Boticas", tetravós das farmácias actuais, as quais guardavam o respectivo material em caixas de couro ( ervas e plantas), em potes de estanho (Gorduras, pomadas e unguentos), recipientes de ferro (óleos medicinais) e vasilhas de cerâmica ( vinhos e vinagres). Mais tarde estes recipientes foram substituídos por recipientes de majólica e porcelana, surgindo com o tempo frascos de vidro de vários tamanhos, alambiques , funis, o frasco de medidas, serpentinas, retortas, filtros, peneiras,  e prensas para extrair o sumo das plantas.
Claro que esta evolução levou séculos e estes apetrechos confinavam-se  às boticas dos conventos e eventualmente das casas reais, só muito mais tarde , ao longo do séc. XIX, um período da história que se caracteriza pelo avanço tecnológico, intelectual, pela elegância e romantismo e no início do séc. XX, houve enorme evolução em toda a Europa, em especial em França dos fármacos que eram então guardados em bonitos frascos de vidro, devidamente rotulados.
Ao longo do tempo, fui comprando alguns desses frascos, com o intuito de decorar uma casa de banho, não tendo noção de que eram objectos de colecção, muito procurados e com algum valor. Aqui estão alguns deles:


 

Sonhar acordada:

Sempre achei que sonhar acordada não faz mal a ninguém. Aliás, sou muito de sonhar acordada, o pior é quando acordo e dou por mim com a realidade nua e crua! A maioria dos meus sonhos são de carácter remoto, difíceis de realizar:
Ora sonho fazer um cruzeiro à volta do mundo, vendo-me sentada no convés do navio,tomando um delicioso refresco, protegida por um lindo e elegante chapéu de grandes abas, ora sonho publicar um livro de memórias, caindo depois na realidade e concluindo que não tenho nada de relevante para contar e ninguém estaria interessada no que eu eventualmente contasse. No entanto, a força do hábito é um mal de difícil cura e hoje voltei a sonhar acordada, sentada à mesa, à hora do almoço.
Tendo homens de trabalho para almoçar, resolvi logo pela manhã, fazer uma suculenta sopa e um arroz que acompanharia torresmos, comprados na Salsicharia Pavão, que fica aqui perto.
O problema foram os torresmos todos XPTO, como diz o meu filho, muito bem acondicionados numa caixa de plástico rectangular.
Antigamente, sonho eu, no dia da matança do porco era uma alegria, e no outro dia uma abundância de torresmos em grandes pratos de barro que a minha mãe acondicionava nas gordureiras e cobria com banha fervente e borbulhante e como não havia frigoríficos nem arcas congeladoras a carne era acondicionada e salgada em grandes salgadeiras e assim tínhamos carne para todo o ano. A minha mãe separava as partes do porco conforme a finalidade que lhe ia dar, assim como os torresmos uns para o Carnaval outros para o Natal etc. etc. etc. E que bem que sabiam e que delicioso cheiro se desprendia do negro panelão de ferro que derretia as carnes para os torresmos!
- Então não se come- diz o meu marido - e lá acordo eu do meu sonho e almoçamos porque homens que trabalham duro têm sempre fome!
A verdade é que o meu nostálgico sonho tem uma certa razão de ser é que vivemos num tempo de muitos saberes, muitas evoluções, muito racionalismo mas de sentir pouco. Na história da matança do porco, de que te acabo de contar um pequeno pormenor, há paz , segurança e tranquilidade e até mesmo, quanto a mim, uma certa dimensão espiritual.



Caridade...

Não sou a Madre Teresa de Calcutá...

Preciso ser mais caridosa, devo ser mais caridosa, tenho que ser mais caridosa. Aliás, precisamos, devemos e temos todos que ser mais caridosos.
Mas, há sempre um mas, nestes últimos tempos tenho sido pouco caridosa, pouco paciente, tenho andado mais cansada e "salta-me a tampa" muitas vezes, confesso, especialmente quando vejo injustiças e as pessoas a quererem passar por cima dos outros, desvalorizando-os e fazendo tábua rasa do valor, da sabedoria e do esforço dos mesmos, esquecendo que:

Caridade:

-É o silêncio, quando as nossas palavras podem magoar.
-É a paciência, quando o nosso vizinho é brusco.
-É a surdez, quando rebenta um escândalo.
-É a consideração, quando os outros são atingidos pelo infortúnio.
-É a prontidão, quando o dever nos chama.
-É a coragem, quando a fatalidade nos visita.

Concordo, concordo, concordo, mas muitas vezes não consigo!
Que diabo, não sou a Madre Teresa de Calcutá!