sábado, 27 de agosto de 2011

Quando os reis vieram à Terceira

D. Carlos, filho de D. Luís I e da princesa Maria Pia de Saboia, casou em 1886  com a princesa D. Amélia de Orleães, filha do conde de Paris, na igreja de S. Domingos, em Lisboa e tornou-se rei de Portugal em 1889.
Ficou conhecido na história pelo Oceanógrafo, cognome justificado pela sua paixão pela oceanografia, por Martirizado ou Mártir por ter morrido assassinado e por Diplomata devido às várias visitas de cortesia que fez a diversos países, e aos arquipélagos da Madeira e dos Açores onde aportou nos princípios de Julho de 1901.
São dessa época os saborosos bolinhos que todos conhecem feitos com farinha de milho, ovos, mel de cana e especiarias que foram baptizados com o nome da soberana, em sua honra; O que não se sabe ou não se diz é que as mulheres da freguesia da Ribeirinha , ilha Terceira, teceram uma colcha com a coroa real para lhes oferecer. 
Partiram os monarcas, levando a dita colcha e foram feitas cinco réplicas da mesma, para várias famílias da ilha.
Quando criança ouvia falar de uma dessas colchas, pertença de uma tia minha, cujo marido a herdara de seus pais, como criança não ligava ao assunto, contudo, morrendo a minha tia  e o marido, foi herdeiro o filho destes, o meu primo Francisco Fernandes Martins Aguiar ( Ramalho) casado com Hercília Aguiar os quais num momento de aflição prometeram rezar o terço ao Senhor Espírito Santo e dar um almoço a inocentes e a familiares.
Faz hoje um mês, fui lá rezar o terço e então ao ver a referida colcha, exposta,  fiquei a pensar na  história que te contei, nas transformações sofridas pela nossa sociedade no espaço de um século e nas nossas antepassadas que tanto trabalhavam e que segundo creio não o fizeram por acaso nem sem objectivo mas com muita coragem, dignidade e persistência...E aí senti um grande orgulho das nossas avós terceirenses cujo amor, força, e coragem faziam com que valesse a pena viver apesar das adversidades de então!!!
Cada vez mais tenho a certeza de que os costumes e instituições legados pelos nossos antepassados, constituem a sabedoria de muitas gerações após séculos de experiências o que ao fim e ao cabo é a nossa história. Temos obrigação de dar continuidade a essas tradições, pois  romper com o passado será pura loucura é como cortar as raízes de uma árvore sem as quais não se poderá sustentar!
Cá está a linda colcha feita nos teares da Ribeirinha há mais de cem anos( história pura...):
Antes do terço os donos da casa ofereceram um jantar aos criadores ( aqueles que criam o gado para a função ou colaboram de um modo especial) e para algumas pessoas mais intimas:
Não foi só conviver, depois rezou-se o terço, em cumprimento da promessa dos donos da casa, a noite estava muito quente, por isso a corôa do Senhor Espíritio Santo foi trazida para a rua e rezou-se com muita devoção:



sábado, 20 de agosto de 2011

A ausência que aumentou a amizade

No início da década de sessenta, tinha eu já feito o ensino primário, o chamado ciclo preparatório e estava a frequentar o Curso de Formação Feminina na querida e extinta Escola Industrial e Comercial que funcionou nesta cidade entre 1885 e 1978. Era um estabelecimento de ensino técnico/profissional, tendo sido a 1ª escola deste tipo a existir nos Açores e formado muitos operários  especializados e técnicos comerciais e industriais, oferecendo também cursos de Formação Feminina. Esta escola secundária funcionou no palacete do Comendador Silveira e Paulo ou Palacete dos Africanos situado ao cimo da Rua do Galo, junto à igreja de Nossa Senhora da Conceição e foi integrado no Liceu de Angra do Heroísmo por força de um Decreto de Abril de 1978.

 

Pois foi , portanto, este estabelecimento e este curso que eu frequentei antes de ingressar na escola do Magistério Primário de Angra, pois o meu sonho era ser professora mas os meus pais,  especialmente a minha mãe, mais atenta a estas coisas, entenderam que frequentando primeiro este curso ficava com mais competências e mais preparada para a vida. E em boa hora o fizeram pois eu senti-me muito feliz nesse período da minha vida. Adorava o lindo edifício para onde me dirigia todos os dias, que comparado com a simplicidade das casas rurais   da minha freguesia era uma coisa sumptuosa e gostava e respeitava de todos os meus professores e colegas que se foram tornando amigas e factores de satisfação e confiança na minha vida. Sei que é humanamente impossível dizer quando começa uma amizade, contudo o facto de ter sido aceite pelas minhas colegas de turma com delicadeza, carinho e tal como era , foi para mim um elogio e um factor de satisfação que me deu coragem e força para continuar a caminhada.
Nunca somos suficientemente ricos que possamos viver sem um amigo e eu era rica e feliz com aquelas amigas!
O tempo foi passando, cada uma foi para o seu lado, seguindo o seu destino, algumas já partiram desta vida, outras emigraram,  mas a ausência não fez diminuir a amizade, aumentou-a porque era autêntica e genuína tal como o vento que apaga a vela por ser  fraca e ateia os fogos  que são fortes.
Pois uma dessas amigas, radicada na Califórnia, Maria da Conceição Dias da Silva, esteve de passagem pelos nossos Açores e pela nossa cidade e nós quisemos dizer-lhe isso mesmo, que a amizade e admiração aumenta com a distância quando é verdadeira, reunimo-nos hoje com ela, a almoçar, num restaurante da nossa cidade e passeamos pela nossa marina, despretensiosas, despreocupadas e alegres como se fossemos as adolescentes de então.
Antes porém ao almoço dissemos à amiga Conceição que:

 Amizade:


Amizade é brisa suave,
Que ultrapassa os verdes montes,
Atravessa mares e oceanos
Palmilha Planícies e vales
Resiste ao tempo, aos anos…

Amizade é vento forte,
Que abana os mais distraídos,
Lembrando os tempos passados
Na cumplicidade vividos,
Com nostalgia recordados…

Amizade é um vento húmido,
Que entranha todo o nosso ser,
Transformando a ausência em presença,
E nos faz de saudade estremecer,
Envolvendo o amigo na lembrança…

Amizade é ventania,
Que ao passar do tempo resiste,
À Distância que a vida obriga
E à ausência que existe
E faz da saudade cantiga...



Esta nossa amizade,
Foi brisa suave,
Foi vento forte e húmido
E ventania….

Resistiu ao tempo,
À ausência,
À distância
À Vida…

E trouxe-nos este belo momento
Que não queremos esquecer…
Guarda-lo-êmos no pensamento
Enquanto pudermos viver!!!


Pois foi isto que dissemos à amiga Conceição Dias da Silva, por entre comoção e algumas lágrimas, com votos de que volte, para podermos, mais uma vez, estar com ela numa tarde tão agradável com a que vivemos hoje!
A nossa colega e amiga Conceição Dias em 1963, antes de emigrar:


Imagens do dia de hoje, um dia feliz:

domingo, 14 de agosto de 2011

27º festival internacional de folclore



Foi ontem, pelas  21h que se realizou na praça de touros de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores este festival,organizado pelo cofit ( comité organizador de festivais internacionais). Não é em vão que este festival é considerado pelo CIOFF (Sigla usada para designar o Conselho Internacional da Organizações e Festivais de Folclore) um dos melhores festivais do mundo!
Foi a apoteose de uma semana em que grupos de diversas nacionalidades mostraram a toda a população terceirense a sua história, as suas tradições, culturas e maneiras de ser através da dança, da música e até do teatro, porque não? Houve também oficinas de dança e música que interagiram com a população local. Contudo o momento, para mim, mais especial foi o de ontem, fico sempre especialmente comovida com o início do espectáculo em que elementos dos vários grupos e dos vários países e línguas conseguem sob a batuta do maestro José João interpretar músicas regionais; Nesse momento penso sempre na magia da música que permite que as pessoas se liguem e comuniquem e que esta é uma linguagem universal, como o esperanto, pois  através dela todos pensam e sentem o mesmo, basta ter o mínimo de sensibilidade!
O momento final em que um par de cada grupo interage com os restantes grupos numa coreografia que exalta a alegria e a amizade também me sensibiliza sempre muito, assim como o espírito de equipa e a capacidade de doação que permite que se realizem espectáculos deste gabarito
Está o presidente  do Cofit,Cesário, de parabéns assim como todos os que colaboraram com ele , os grupos que cá estiveram e estamos nós terceirenses de vantagem por termos podido apreciar um espectáculo de tal qualidade que muito nos deliciou e enriqueceu.
Parabéns e muito obrigada por terem trabalhado, cantado e dançado para nós!

"1948, o ano em que eu nasci".

Como aqui já referi, celebrei no passado dia doze, o meu aniversário. Muitas mensagens, telefonemas, cumprimentos, flores e outros mimos e presentinhos que me aqueceram o coração e fizeram feliz , entre os quais um pequeno livro enviado pela minha amiga Maria José Azevedo, publicado pela editora "7 Dias e 6 Noites- Editores Unipessoal, Lda.2007"  com o título em epígrafe o qual  numa pequena resenha se refere aos  feitos e aspectos mais relevantes desse ano.
Fiquei então sabendo que nasci numa quinta- feira e que nesse ano a moda Dior alcançou o seu lugar cimeiro com o seu "new style" que se caracterizou pelos fatos de cinturas muito justas, que o Sporting conquistou o título de vencedor do campeonato nacional da primeira divisão  e que era
então presidente da república o general  Óscar Carmona, Portugal tinha à época, uma população de oito milhões e trezentas e cinquenta e nove mil pessoas  e que  a União Nacional de então organizou iniciativas públicas para comemorar os vinte anos de exercício do presidente da república e da nomeação de Salazar como membro do Governo e que Lisboa assinou com os EUA um acordo que concedeu facilidades militares nos Açores às forças armadas norte-americanas.
 A Califórnia revelou-se uma das zonas mais importantes de produção de petróleo, em Nova Deli foi assassinado Gandi, defensor dos métodos não violentos de contestação e da tolerância religiosa, na África do Sul iniciou-se o regime de apartheid, não foi, nesse ano, atribuído prémio Nobel da paz, o fast food mudou a história da alimentação com a inauguração de uma hamburgueria McDonald, em Londres houve a primeira reunião dos alcoólicos anónimos, foi criado, na Grã-Bretanha, o serviço de segurança social , o melhor filme do ano foi Hamlet e o melhor actor Lawrence Olivier, a Polaroid apresentou a 1ª máquina fotográfica para fotos instantâneas, foi criado o 1º relógio de precisão, enfim tudo isto e muitos mais  feitos de grande importância e valor para a sociedade e para o Mundo, mas o que não se pode negar é que o feito mais importante desse ano foi o do meu nascimento ( Presunção e água benta, cada um toma a que quer...), não fora isso, eu não estaria aqui a desejar-te, sinceramente, uma boa semana !
Um agradecimento especial a todos os que se lembraram de mim nesse dia.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Força, voluntariedade e tenacidade

Hoje foi o dia  do meu 63º aniversário, deveria estar triste porque na sociedade actual sobrevaloriza-se sobremaneira a juventude e a beleza que lhe está subjacente, em detrimento da sabedoria, da experiência, da capacidade de amar, tolerar, desculpar e ajudar ; Contudo, não estou nada triste, pelo contrário, sinto-me contente e realizada embora saiba que não posso viver eternamente, isso para mim não é importante, o que quero é viver bem enquanto puder. Não quero nem devo queixar-me da vida porque não sei como será a morte...
Ao olhar para trás vejo que caí muitas vezes mas que consegui levantar-me outras tantas, que disse sempre o que pensava ser o mais correcto, tentei dar sempre o máximo nos projectos profissionais ou comunitários em que me envolvi, tentando conservar-me fiel ao meu carácter, sempre consciente de que podia estar enganada  mas que como qualquer cidadão tinha e tenho o direito de estar enganada .
É por tudo isto que digo que estou feliz, contente comigo própria e com a minha vida que vou pintando com as cores que mais me agradam, não esquecendo nunca que nas árvores, mesmo após chuvadas abundantes e fortes rajadas de ventos há sempre folhas resistentes que se agarram tenazmente aos ramos para nos darem exemplos de força voluntariosa e de grande  tenacidade.
É isso mesmo,  força voluntariedade e tenacidade nos sessenta, nos setenta, nos oitenta, nos noventa, até que o vento, de mansinho, leve a folha por entre as nuvens de algodão , raios de luar e brilhos de estrelas até ao quentinho e dourado do Sol ! 

sábado, 6 de agosto de 2011

Cortejo de abertura das festas da cidade da Praia da Vitória

Numa noite calma e quente a Praia da Vitória fez desfilar um cortejo que considero pedagógico  pretendendo e  conseguindo lembrar as artes no seu todo; Estiveram presentes,a literatura, a música, a ópera a dança, a pintura, a escultura , o teatro e o cinema, tudo isto de mãos dadas com uma concepção de elegância, requinte, bom gosto, criatividade e magia de realçar, que nos fez arregalar os olhos e sonhar com pena de aquele momento ser efémero e de termos de esperar pelo ano seguinte para podermos admirar o talento a criatividade, espírito de trabalho e brio apanágio dos praienses.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Angra,Festa Brava

E porque as palavras e as ideias são como as cerejas; atrás de uma vai outra, tendo estado nas postagens anteriores a falar de touradas, quanto a mim o ex-libris da ilha Terceira, lembrei-me do cortejo de abertura das Sanjoaninas 2011 subordinado a o tema acima referido.
Um cortejo simples, feito com a prata da casa como se costuma dizer, mas que cumpriu o seu objectivo e transmitiu a mensagem que se pretendia o que vem mais uma vez confirmar que quando há criatividade e boa vontade não são necessárias verbas anormais para a realização de um projecto ou de um sonho...
Aqui ficam algumas imagens demonstrativas, visto que não gostaria de me referir ao cortejo da Praia da Vitória sem aqui deixar um apontamento, por mais pequeno que seja, acerca deste evento.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Tourada nas Figueiras Pretas

Há um provérbio inglês que diz o seguinte:
-Muitas coisas se perdem por não serem ditas ou pedidas.
É o que se está a passar um pouco comigo, com tantos afazeres ou talvez por dar prioridade a outras coisas, tenho estado a descurar um pouco esta página e estão-me a passar ao lado coisas importantes que eu tenho vivido, aprendido e ou pensado e que embora me tenha proposto inicialmente registar aqui todas as minhas vivências, estão a perder-se. É o caso da tourada das Figueiras Pretas, incluída no programa das festividades das Bicas de Cabo Verde e que embora fique aqui muito perto de casa nunca tinha ido a essa tourada. Este ano fui  lá a convite de amigos nossos, o Victor e a Zélia Carreiro, foi muito engraçado porque estive e conversei com pessoas amigas e conhecidas muito simpáticas e fiquei num local previligiado que me permitiu observar as manobras do descarregar das gaiolas e o trabalho dos pastores na saída e entrada do animal. Os touros vieram da vizinha ilha de S. Jorge e eram da ganadaria do SR. Álvaro Amarante
Durante os intervalos foi distribuída massa doce nas casas da localidade, a filarmónica  da Serreta abrilhantou a tarde com os seus acordes e a festa em casa da Zélia e do Victor foi de arromba,como se diz por cá.