sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Tourada no porto de São Mateus:

13/08/2015
Chegaram ao porto os toiros. Os foguetes subiram no ar em grandes e estrelados estoiros: - Pum!Pum!Pum!---
O povo apareceu e, como que por magia, logo se juntou enorme, colorida e barulhenta multidão. Não era um ruído desagradável, mas sim um ruído característico, peculiar, tradicional, que aos ouvidos dos terceirenses soa a música...
O rapaz dos cestos faz o seu trabalho e alguém chama:
-Eh, rapaz, que tens aí?
-Favas, pipocas, batatas e milho torrado...
-Olha o toiro, foge rapaz!
Lá foi o desgraçado, veloz, lampeiro mas não o suficiente... o chão ficou pejado dos pequenos sacos da sua mercadoria e logo todo se chegaram para ajudar.
Os pastores de camisão branco, com o logótipo da ganaderia para a qual trabalham, calças de cotim, e chapéu de abas, de feltro preto, agarravam a corda e orientavam o toiro, no sentido de não ir para além do percurso estipulado e marcado na estrada, com largas faixas brancas, homens valentes, que por vezes, também passam os seus sustos...
Os capinhas apareciam sem se saber de onde, e eram aplaudidos pela sua valentia e os rapazes eram agarrados à força, levados pelos amigos para a água. Uma brincadeira que já é tradição e muitos deles já vão preparados e a contar com isso e nadam junto do touro, que entra na água e se espaneja a gostar daquele banho refrescante
No ar havia um cheirinho peculiar às bifanas e aos outros petiscos da tascas, e o céu, a terra e o mar conjugaram-se para que aquela tarde de tourada fosse perfeita.
Não faltou nada, até as mulheres nas tapadas davam gritos histéricos de aflição quando um capinha, mais afoito, corria certo perigo!
São assim as touradas à corda na ilha Terceira, Açores, onde à roda da ilha, que é mais ou menos redonda se podem apreciar em canadas, portos, areais, largos e ruas , umas mais afamadas do que outras mas todas ocasião de divertimento, convívio e catarse das labutas e canseiras do dia a dia, assim como um grande contributo para a economia da ilha.