quinta-feira, 23 de junho de 2016

 São João, Santo festeiro:
Esta é a imagem de São João que todos os anos regressa à esquina da rua da Sé com a rua com o nome do Santo, isto em Angra do Heroísmo, Terceira Açores. É o Patrono das festas que estão a decorrer com um vasto programa as quais, por tradição, festejam o solstício de Verão, que tem lugar a 21 de Junho e é celebrado até ao fim do mês, é o momento em que, segundo os estudiosos, o Sol perde o controlo e atinge o máximo da sua força. Nessa noite a ordem das coisas é alterada e tudo pode acontecer...
São João, segundo São Lucas, foi o precursor de Cristo, tendo sido a voz que clamava no deserto, anunciando a vinda do Messias. Filho de Zacarias e Isabel, só mais tarde, depois de ter baptizado Jesus é que recebeu o cognome de "O Baptista". No calendário religioso está-lhe reservado o dia 24 de Junho por ter sido o dia do seu nascimento. Tem o titulo de santo festeiro por isso há muita festa no seu dia em especial muita dança, daí as marchas com o seu nome. Este ano em Angra do Heroísmo, atendendo ao elevado número de marchas, desfilam nas noites de 23 e 24, para que se torne menos moroso, menos cansativo e sejam melhor apreciadas..
Em Lisboa compram-se manjericos, cravos, alhos-porros e martelinhos para bater nas cabeças de quem se encontra, naturalmente, para os manter bem acordados para a folia. Comem-se sardinhas assadas, saltam-se fogueiras, enchem-se e largam-se balões, fazem-se concursos de janelas alusivas ao São João, e marchas populares em vários locais do país quero contudo, destacar aqui o que se passará em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, a minha cidade nas próximas noites que serão repletas
de magia, cor alegria, criatividade, pedagogia, arte e são convívio que dificilmente se pode explicar por palavras, só vendo, vivendo, sentindo, presenciando se pode ficar com a ideia do que se passará que impregnará a alma da multidão presente da alegria atribuída a este santo.
Vem até cá, estás convidado/a, se este ano não tiveste essa possibilidade, programa a tua vida para que possas juntar-te ao povo terceirense no próximo ano!!!

quinta-feira, 16 de junho de 2016

À minha amiga Lulu,( Lúcia Alves) no dia do seu aniversário

Tudo era puro então,
O nosso meigo e ingénuo olhar 
que se perdia no futuro,
O nosso sorriso franco a desfolhar 
que não antevia o mundo duro,
A água cristalina correndo p'ró mar
e nós vivendo, como fruto pouco maduro... 
Sem que nos perguntassem
Crescemos,o tempo veloz passou,
Fizemos-nos mulheres, a vida mudou,
Agora, as estrelas são diferentes
Brilham menos,  nossos olhos,
Às vezes estamos tristes, 
Desanimadas, descontentes,
Sorrimos menos,
Porque sabemos,
Porque aprendemos,
Porque adivinhamos,
Que nem sempre a água corre p'ró mar,
Que a luz não tem sempre o mesmo brilho,
Que nem sempre tudo é puro e franco.
E às vezes apetece gritar,
Ao céu, à terra e ao vento brando
Que tragam às gentes, um viver tranquilo,
Um amor e uma paz que permitam sonhar
E antevemos que o futuro,
já é menos futuro,
E antevemos um futuro escuro,
Mas não desistiremos,
Porque temos um passado,
Porque temos um presente,
E teremos um futuro,
Onde brilhou, brilha e brilhará...
Uma linda e colorida flor,
A flor da nossa amizade!

Clara Faria da Rosa,
16/06/2016



terça-feira, 14 de junho de 2016

A luz que vai à frente:

O meu pai costumava citar muitas vezes este ditado:
-A luz que vai à frente é que alumia!
 Embora eu pense, sem fundamento científico, deixando o assunto ao cuidado dos mais sapientes na matéria, que o verbo alumiar é um arcaísmo de iluminar, sendo contudo os mesmos derivados do latim "illuminare" .
Ele queria dizer, na sua crença de católico praticante, que devemos fazer o bem, neste mundo, para depois termos direito a uma eternidade tranquila. Contudo, pensando bem, e acreditando também que devemos praticar o bem, concluí que o ditado também nos pode levar a pensar que a luz que vai à frente, é importante porque ilumina ou alumia para a frente e para trás, e portanto, ficam todos servidos.O que não se pode negar é que a luz, embora saibamos que é aquela claridade que nos é fornecida pelo astro rei, conforme as circunstâncias, e em sentido figurado, pode significar brilho, fulgor, cintilação, verdade, evidência, certeza, percepção, intuição, conhecimento, guia, orientação, coisa de grande apreço, entre outros termos que agora não me vêm à memória...
Foi por sabermos e sentirmos tudo isto que a coroação do Império das Bicas de Cabo Verde, introduziu este ano uma inovação, que já é hábito e tradição noutras localidades: O cortejo foi iniciado e orientado por dois homens empunhando  círios, querendo simbolizar o que atrás se disse, e levando  no braço lindas e alvas toalhas bordadas a "rechilieu", que farão parte do espólio do Império, pois acreditamos que o Espírito Santo é luz e tudo o que atrás se disse e também pureza e alvura como a pomba que o representa.
Tudo dito, falta só agradecer aos dois homens que aceitaram desempenhar esta função, estando certa de que compreendem sentem e vivenciam o mistério da Santíssima Trindade.






    

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A minha nova aquisição:



Logo que os meus olhos bateram nela , foi amor à primeira vista,  decidi que tinha que ser minha e lembrei-me  ter lido algures que, no final do período "Art Déco" se verificou, na indústria vidreira em Portugal, uma tendência para aliar as características escultóricas do vidro moldado às possibilidades decorativas que o "doublé" do vidro branco e transparente permitiam", deste modo apareceram peças muito características, entre elas a minha nova e linda jarra, tenho a certeza, que apresentavam uma decoração muito peculiar com tinta escorrida entre duas camadas de vidro. Embora seja do período Art Déco, não apresenta as características do cubismo, que se apresentava com linhas geométricas  e simples, a minha nova aquisição é roliça, elegante, com uma policromia fina e atractiva que apetece tocar e apela ao nosso olhar, especialmente quando decorada com estes lindos malmequeres, que de tão dobrados parecem gerberas, apanhados no quintal da minha casa das Lajes.





 

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sem Palavras...


Não tenho escrito nada nestes últimos quinze dias, não me tem apetecido, desde a partida da minha sogra, foi como que se o pêndulo de um relógio parasse e ao voltar a oscilar já nada é como dantes...
Tenho meditado muito, pensado que embora ela estivesse muito debilitada e o médico nos tivesse prevenido de que estava mal e que não reagira ao tratamento, embora tivesse a provecta idade de 89 anos, expressão que se define como idade avançada, adiantada, embora pensássemos que estávamos preparados para aceitar a realidade, isso não aconteceu, nunca acontece, nunca se está preparado, e tenho dado por mim a pensar  no que ela foi, no que representou para a família, nas muitas refeições que preparou, nos jantares de Natal que passámos juntos, no carinho que dispensou ao meu filho, que numa fase da vida indagava sempre o que havia para comer cá em casa e em casa da avó, para escolher qual a mesa que mais lhe agradava, pois a avó fazia-lhe sempre uns belos petiscos incluindo pratadas de batatas fritas, que ele adorava, e que em casa comia pouco, na maneira assertiva com que sempre me tratou, no primeiro dia que fui a casa dos meus sogros, com a minha mini-saia que se usava na altura , pois como sabemos a moda repete-se, e ao sentar-me no antigo canapé a avó do meu marido, sorrateiramente, me puxou a saia para baixo e todos acharam muita graça, e na noite de Natal de 2010 em que rimos muito com ela, na foto, que já falava pouco, mas que, naquela noite se aguentou mais um bocado sem ir para a caminha, como dizia, e ao receber os seus presentes, ficou um tempão grande calada para de repente dizer, muito explicita:
 - Estou sem palavras!
Pois eu, como ela, naquela recuada noite, perante a morte, essa coisa tão remota e simultaneamente tão próxima, que de repente se  torna familiar e pessoal, perante este mistério, embora queira acreditar  que a vida é eterna, embora se modifique, transforme ou mesmo possa assumir outra forma, não tenho palavras, só a certeza de que nunca me esquecerei da mulher, esposa, mãe e avó que ela foi!