quinta-feira, 31 de maio de 2018

 Eu Queria  Ter Um Irmão...

Um irmão não se escolhe,

Um irmão alegremente se acolhe,
Um irmão se abandona
Quando nova vida se abraça
quando novo mundo se alcança...  
Mas, mesmo assim...
Porque os olhos o mesmo viram, 
Porque os ouvidos o mesmo ouviram, 
Porque no mesmo berço se embalaram,
Porque do mesmo ventre saíram,
Quando os olhos se encontram...
Tristezas e mágoas se abandonam,
E a boca em flor se transforma
Quando meigamente se informa:
-É o meu irmão!
E é por saber tudo isto
Que desolada, não resisto
A dizer do fundo do coração,
Que dor por não ter um irmão,
Que dor por neste dia
Não ter para  te mostrar 
Do meu irmão, uma fotografia,
Da qual pudesse falar,
E ternamente, pudesse anunciar:
-É o meu irmão!

Clara Faria da Rosa
31 de Maio 
Dia do Irmão

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Foto de Clara Rosa.
À vizinha e vizinhança
Já o meu falecido pai dizia que vizinhos, às vezes, são mais do que família, por isso mesmo, porque são vizinhos, isto é, estão próximos de nós, estão ali à mão, quando precisamos, habitam na vizinhança e vê-mo-los muitas vezes, com facilidade, basta querermos!
É por tudo isso, e por hoje ser dia dos vizinhos, que te falo da Isolina Fialho, aqui à janela, toda vaidosa a mostrar um lindo trabalho que fez , foi minha colega na escola primária e agora é minha vizinha, 
basta chegar à varanda e vejo-a nas suas tarefas domésticas ou sentada à janela a fazer os seus trabalhos manuais tarefa em que é exímia. Quando preciso, basta chamá-la e ela aparece logo e ajuda com prontidão, como é muito habilidosa tem-me incentivado e ensinado na execução de alguns trabalhos.
Tenho outros vizinhos e vizinhas de quem gosto muito e respeito, porque também me tratam bem e com muito carinho, não só no dia do vizinho mas ao longo de todo o ano.
A toda a vizinhança mais ou menos próxima um caloroso bem haja e que sejam felizes, pois acredito que a felicidade dos que nos são próximos reflecte-se na nossa própria felicidade

segunda-feira, 28 de maio de 2018


O vestido azul


Soneto azul : 

Quando meu vestido azul usei,
Senti-me bem e pensei:
- Sendo o azul celeste cor,
Porque não reflecte amor?

-Porque é que o azul das  nuvens
Não traz paz aos inquietos homens?
-E porque é que o azul do mar
Não aumenta a sede de amar?

- É porque o azul precisa  ser forte
Anilado, como preciosa safira, 
E fazer do mundo tela colorida, 

Para conduzir o Mundo ao Norte
Sem invejas, maldade ou ira,
Onde o importante seja a Vida!

terça-feira, 22 de maio de 2018

Abraços...
Devemos saber abraçar
Com carinho, devagar...
E tudo e todos aceitar,
Por isso venho anunciar:
-Abraço-te a ti , meu amigo
e a ti meu inimigo,
Neste dia especial
abraço a todos por igual,
Abraço a opulente riqueza
e a miserável pobreza,
Abraço tudo o que vier
tudo o que tiver que viver,
A saúde e a doença
a bem e a má-querença,
Tudo faz parte do mundo
até a dor mais profunda,
Abraço as palavras elogiosas
e as criticas mais odiosas,
Abraço as alegrias da vida
e os dias tristes sem medida,
Abraço hoje e todos os dias
as novidades e mudanças,
Abraço o que me calhar na sorte
até a negra hora da morte!
Clara Faria da Rosa
22/Maio/2018

domingo, 20 de maio de 2018

Pão do bodo...

No dia que antecedia o Domingo do Espírito Santo e o Domingo da Trindade a minha mãe levantava-se bem cedo, para fazer a amassadura e cozer o pão para o bodo. 
Quando os encarregados de distribuir o pão no bodo, os chamados mordomos, tinham passado a pedir, os meus pais haviam-se comprometido a colaborar com um determinado número de pães, havia quem desse dinheiro, mas os meus pais gostavam de continuar as tradições...
Depois do forno bem quente lá ia o pão muito bem tendido, com as suas cabeças airosas, para o forno, e a minha mãe deitava nas brasas uma mão de sal e dizia:
- Que Deus te acrescente! 
E lá ia crescendo, enquanto a minha mãe vigiava não fosse ficar muito escuro, pois era coisa de responsabilidade!
Enquanto isso preparava-se o açafate, um lindo cesto redondo de vimes finos sem tampa e sem asa, mais bonito do que o  da foto, por acaso ainda o tenho embora com xilófagos, a tal palavra científica para o popular caruncho, que há dias tratei, na antiga casa dos meus pais, com um produto apropriado, e uma linda toalha branca, com uma artística barra de renda, do enchoval da minha mãe e lá se punham os pães na vertical, muito encostadinhos uns aos outros, com a cabecinha de fora e a minha mãe, num gesto de requinte, ia à roseira do quintal e apanhava as melhores rosas, que ela chamava rosas do bodo, por florirem naquela altura, para decorar todo aquele mimo, toda aquela doação, todo aquele gesto de cidadania, palavra que eles desconheciam embora soubessem e levassem bem a sério o facto de que deviam contribuir para que a tradição não se perdesse e para que todas as pessoas que passassem no bodo  da  à altura freguesia hoje vila das Lajes tivesse o seu pão.
E lá ia o meu pai, com o açafate às costa, para a despensa, entregar o pão que, em conjunto com o das outras famílias e com o que o mordomo tinha cozido, seria distribuído, no bodo a todas as pessoas que por lá passassem.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

A caminho de um casamento na família real inglesa:
Toucados...
Estava mesmo muito triste por não ter sido convidada para o casamento do príncipe Harry com Meghan Markle, não é que à ultima hora recebi o tão ansiado convite para ir ao dito enlace, talvez por não terem nº suficiente de convidados para preencherem o espaço... Comecei logo a pensar como me deveria apresentar e constatando que todas as convidadas terceirenses se iam apresentar com chapéus iguais, pus mãos à obra e confeccionei este toucado que como sabemos é um adorno para cabeça de mulher. Que tal, estou apresentável? Também não pretendo ofuscar as nobres damas que lá estarão, com exóticos toucados feitos por artistas de renome!
Beber água do poço:
Tivemos cá em casa uns problemas de derrame de água pelo que  foi necessário proceder-se à substituição de alguma canalização, com aquela sensação de num impulso repetido e impensado abrir a torneira e só sair vento, fiquei nem uma barata tonta sem saber o que fazer...
Vai daí, que me veio à memória, os tempos em que eu ia com a minha mãe ao poço tirar água, que depois transportávamos para casa em grandes baldes, cada uma do seu lado, numa agradável cumplicidade a ver se não derramávamos nada porque, naquela altura, água era ouro e ao chegar a casa era muito poupada, não era como agora que se deixa a torneira a correr e se gasta imensa água só para lavar os dentes!
Também me lembrei do Senhor Teotónio Meneses, um Senhor que tinha uma casa com loja por baixo na praça em frente ao lar D. Pedro V, Largo da Luz, na Praia da Vitória onde a minha mãe ia fazer compras e do diálogo que se travou entre os dois:
- Então como vai a pequena nos estudos?- já se sabe que a pequena era eu!
-Vai indo devagarinho - respondeu a minha mãe que não era de muitos superlativos, nem de fazer grandes alardes dos resultados que eu porventura obtivesse, porque ela considerava que eu não fazia mais do que a minha obrigação...
-Ela vai conseguir- dizia o Senhor- E sabe Porquê? perguntava ele para a minha mãe, de olhos curiosos, postos nele:
-Porque bebeu água do poço!!!
Agora era a minha vez de comentar, com os meus botões, porque na minha insignificância, não me atrevia a fazer parte daquela filosófica conversa de adultos:
-O que tem a água do poço a ver com os meus êxitos escolares???!!!!
Passaram-se os anos, já não estão entre nós os interlocutores deste curioso diálogo e hoje, porque faltou água em casa dei por mim a pensar nisto tudo e a concluir que temos que saber tirar partido da situação que vivemos, até mesmo da escassez, e temos que parar e pensar que os nossos problemas não são assim tão terríveis como parecem e tornam-se mais fáceis se os encararmos de uma forma aceitável .
A arte de saber viver está no facto de nos concentrarmos nas nossas dificuldades, aceitando-as e resolvendo-as da melhor maneira possível e assim nos tornamos auto-confiantes, fortes e serenos perante a vida.
Agora é que eu percebo como foi bom para mim, acartar e beber água do poço!

sábado, 12 de maio de 2018


BRISA DO MAR...

- Se eu fosse a brisa do mar,
Murmurava bem baixinho,
À Lua, ao Sol e à Terra,
À paz, à calma e à guerra,
Aos montes, vales e cidades...
- Eu sou a brisa do mar,
E vejo o Mundo a Girar,
E os homens a sofrer,
As mulheres a gerar,
E as crianças a crescer...
- Eu sou a brisa do mar,
 E quero pedir ao Mundo,
Q'olhe bem à sua volta
E acabe com a revolta
E semeie o perdão,
O amor e a gratidão,
E ouça o meu murmurar
Que a todos quer recordar
Os valores do passado,
E que o Mundo está mudado
Com falta de uma flor
Que lhe traga nova cor!

quinta-feira, 10 de maio de 2018

E a menina sonhava...

E a menina sonhava,
Tinha estrelas nas mãos,
E o luar no olhar,
O Mundo era todo seu!
E a menina esperava,
Por um Mundo a descobrir
Lindo, justo, especial,
Com crianças a sorrir!
E a menina acreditava,
Doce, esforçada e confiante
Que todos eram iguais,
Que a diferença não importava,
Que o Mundo ninguém rejeitava!
E a menina, sã, confiava, sonhava, esperava...
Mas a menina aprendeu,
Que os sonhos são só sonhos,
Que as estrelas brilham menos,
E que o Mundo é só de alguns,
E que rejeita os restantes!

Clara Faria da Rosa

domingo, 6 de maio de 2018

Dia da mãe 2018

Às mães Lajenses:
Ai tanta flor, tanta cor,
Ai tanta mãe, tanto amor...
Ai tanta lajense bonita,
Ai tanta mulher catita...

As lajes deve-se orgulhar
As Lajes deve acarinha,
As suas mães exemplares
Para todas as mulheres...

Viva as lajes, grande vila
Localidade maravilha
Vivam as suas mulheres
Vivam, ramalhetes de flores...

Estas mulheres abraço
E acolho no meu regaço
Parabéns por serem mães
Filhas, noras e irmãs.

Ai tanta flor, tanta cor,
Ai tanta mãe, tanto amor..
Ai tanta lajense bonita,
Ai tanta mulher catita...

Clara Faria da Rosa
6 de Maio de 2018

sábado, 5 de maio de 2018

No dia da mãe:




 Matrioskas:
Sempre que olho, abro ou manuseio, para limpar, esta tosca boneca de madeira, penso na maternidade e no facto de uma mãe dar à luz vários filhos que por sua vez se reproduzem, embora nunca tenha aprofundado o significado desta boneca, vai daí que no dia dedicado às mães, nem que nos outros dias as mães se despissem desta qualidade, decidi investigar  e fiquei sabendo o que já sabia empiricamente e por intuição que:
" Matrioska é um brinquedo artesanal russo  que se baseia na reunião de uma série de bonecas de tamanhos diferentes que são colocadas umas dentro das outras. Esta boneca simboliza a fertilidade, a ideia de maternidade, amor e amizade; O facto de uma boneca sair de dentro da outra representa o parto, quando a mãe dá à luz os seus filhos e depois as filhas repetem o exemplo das mães  e assim sucessivamente".
Afinal uma mãe não é mais nem menos do que uma Matrioska que dá vida aos filhos conservando-os dentro de si, protegendo-os no quentinho do seu coração, sofrendo as suas dores  e alegrando-se com os seus êxitos , esquecendo-se muitas vezes, de si, para que aos filhos não falte nada.



Monogramas e homenagens
Denomina-se por monograma a união de dois nomes ou de iniciais de nomes, da mesma pessoa ou de duas pessoas diferentes, através da sobreposição ou agrupamentos artísticos e trabalhados, havendo monogramas que são autênticas peças de arte. Em tempos idos, os enchovais dos noivos eram marcados com monogramas a ponto de cruz, ou a ponto de cheio ou rechilieu, com as iniciais dos nubentes, pois aquelas peças passariam a ser um bem comum, penso que este hábito tem a ver com o facto de se mandar a roupa para as lavadeiras a qual, se fosse marcada, não corria o perigo de ser trocada; Enfim, outros tempos, outros costumes...
A propósito, e por ser dia da mãe, mostro-te um monograma com o nome da minha mãe - Maria Almeida - bordado por ela, numa toalha de lavatório que era peça usual em tempos recuados, não querendo com isto dizer que já não se usem lavatórios nem toalhas, os modelos e materiais é que são outros.
E pronto, aqui fica a minha lembrança, num jeito de homenagem a minha mãe Maria Almeida, já falecida há vinte e seis anos, e a muitas outras Marias entre as quais a minha sogra Maria Angelina,muito grata por ter criado um filho para me dar e por ser avó do meu filho, assim como a todas as mães do mundo inteiro, quer tenham ou não o seu monograma em toalhas de lavatório, o que é um mal menor, o importante é ter-se sido mãe que é uma condição tão gratificante, prazenteira e de realização pessoal de difícil explicação!





sexta-feira, 4 de maio de 2018

No dia da mãe:
Mulheres Maduras
Somos mulheres maduras
Vivemos alegres e contentes
Espalhamos carinhos e ternuras
Como mães a sério, competentes.
Neste dia às mães dedicado
Aqui marcamos presença
A todos mandamos recado:
-Os filhos são nossa esperança.
Não sendo nossos, os filhos
São nossa obra e criação
Nossa canseira e cadilhos
Mas luz do nosso coração.
Amor de mãe é como instrumento
Cuja música pode parar,
Mas toca em qualquer momento
E a mãe sempre a amparar.
Nunca duvides de uma mãe
Nem dos seus nobres sentimentos,
Gostam dos filhos como ninguém
E por eles passam tormentos.
Clara Faria da Rosa

quinta-feira, 3 de maio de 2018

A Linha que tece a vida

A linha que tece a vida,

Às vezes é ténue, delgada,
Frágil e pouco comprida,
E parte à menor pancada...
E sendo a vida atrevida,
A linha que tece a vida,
Às vezes tece buracos,
Donde há pouca saída,
E a vida fica em cacos...
A linha que tece a vida,
Às vezes é colorida,
E brilha como as estrelas,
Torna a pessoa ponderada,

Corajosa e convencida 
Que não há noite nem trevas...
A linha que tece a vida, 
Tem que ser bem trabalhada,
Para que haja saída,
No dia que a vida atrevida
Nos prega uma partida...
Quando um novelo comprares,
Para tua vida teceres,
Compra um de cores fortes, 
E de fios bem resistentes
Para na vida venceres!

Clara Faria da Rosa

quarta-feira, 2 de maio de 2018

É dia de função, em louvor do Divino e...
Nos panelões a carne a ferver,
O pão de tranca já partido,
Para grandes terrinas encher,
Que a verde hortelã tempera...
Isto, em louvor do Divino!
Os legumes estão lavados,
Partidos e preparados,
Para o cozido acompanhar,
Que a todos vai regalar...
Isto, em louvor do Divino!
Muitos limões foram raspados,
Para o arroz-doce aromatizar,
Todos ficarão consolados,
E com vontade de voltar...
Isto, em louvor do divino!
E as mesas já estão postas,
E as pessoas vão chegando,
Alegres, crentes, ordeiras,
Vão convivendo, saboreando...
Isto, em louvor do Divino!
Que seja, que o Espírito Santo
Ilumine toda a gente,
Nesta sala, lá em casa,
Que todos fiquem contentes,
E que a todos abençoe:
Os fracos, os doentes,
Os desprotegidos e os pobres,
Que haja sempre fartura,
Em todas as mesas de função,
E não abunde amargura,
Nestas nossas lindas ilhas,
Que sabem o Espírito Santo louvar,
Fazendo do repartir oração,
E de cada mesa um altar,
Em cada ilha, em cada função!
Isto, em louvor do Divino,
Que seja, para sempre, ámen!
Clara Faria da Rosa