domingo, 27 de agosto de 2017

Comendo o inimigo:

Sempre pensei que o termo croissant fosse uma palavra francesa,  até me considerava um tanto ou quanto internacional e sofisticada quando entrava numa pastelaria e dizia toda lampeira:
-Sirva-me, por favor, um croissant e uma meia de leite. E, ao dizer isto, carregava no r e abria o i da palavra, para acentuar mais o afrancesado daquele pastel em forma de crescente!
Mas não, estava enganada, e muito! Li recentemente, que os croissants foram inventados  pelo povo austríaco, quando em 1683 os turcos invadiram Viena, como o crescente é o símbolo lunar do oriente, toca de inventar um bolo com essa forma e assim, simbolicamente, comiam o inimigo que é como quem diz, os turcos.
Vai daí, pus-me a pensar, como seria bom se inventássemos um bolo para podermos comer, embora simbolicamente, todos os que lançam fogo às florestas e que espalham a dor a morte e a destruição, todos os que lançam carros sobre os cidadãos que passeiam despreocupados nas suas merecidas horas de lazer, todos os que promovem as guerras e o ódio, todos os que lançam lixo nos locais públicos sem terem em mente que aquele local é isso mesmo, um local público, e que outros virão e encontrarão miséria e falta de civismo em vez de beleza e limpeza, todos os que tratam mal os idosos, as mulheres e as crianças, todos os que se acham superiores aos outros e  donos da verdade e todos os que exigem mais dos outros do que de si próprios, todos os que consideram que devem ser perdoados mas não sabem perdoar...
Meu Deus, tenho que acabar esta crónica, acabo de pensar, se me alongar muito,  terei direito a um bolo que me simbolize!