terça-feira, 27 de outubro de 2015

Reflexões de Outono


Pondo a vida em pratos limpos:

Sentada, naquele banco do parque, a mulher de olhos tristes e ar desalentado, olhava alguns ramos ainda viçosos,  e tufos de folhas verde-garrafa amontoadas à sua volta, e sentia as folhas que restolhando e dançando caíam lentamente, para repousarem  até morrer. Triste, pensou que o Outono é um confronto com a morte da Natureza, meditando na analogia que havia entre aquela estação e a sua vida.
Era verdade que a juventude já não fazia parte da sua vida, já se fora, como as folhas que caíam das árvores, naquela estação, mas também se sentia suficientemente nova para viver afincadamente, e para desfrutar da beleza e do inesperado do seu percurso, para acreditar em si própria, para se assumir com os seus defeitos e virtudes, com as suas alegrias e tristezas, com os seus gostos e preferências por mais individuais e ou bizarros que fossem, de aceitar as suas transformações e  mudanças...Porque afinal,  o Outono dá lugar a outras estações, a novas transformações, a nova vida...
Às vezes acontecem momentos especiais que nos fazem alterar as nossas prioridades, foi assim, num destes momentos, no meio destes pensamentos, num parque repleto de folhas caídas,  que a mulher de olhos tristes  decidiu pôr a sua vida em " Pratos Limpos", alterar os seus objectivos, pensar mais em si, fazer as viagens com que sempre sonhara, experimentar e aprender o que lhe agradasse, conviver com os seus amigos com quem vinha sucessivamente adiando um reencontro, viver cada dia como se fosse o último, viver a vida! Compreendendo ser  depositária de um mistério que ia  muito para além da sua compreensão, um mistério que lhe dava  a possibilidade de ser feliz, de  fazer da sua vida um jardim tendo para isso  de , simplesmente, plantar e regar a sua própria realização pessoal!