quarta-feira, 24 de junho de 2015

O lampião antigo fala das Sanjoaninas(Diálogo):

-Diz-me, amigo lampião:

 -Tu que estás aí especado,
Tu que estás tão ornamentado,
O que tens visto nestes dias?
Conta-me tuas alegrias... 

 -Ai, sou um lampião florido,
Mas estou um pouco dorido,
Todos  a mim  se encostam
Mas nunca de mim se lembram...

 -Mas, antigo lampião
Afinal por que te queixas?
Estás no centro das festas
Não me digas que desgostas!

-Não quero isso dizer
Só tenho a agradecer,
É que  tudo tão iluminado
Até me  me sinto ofuscado...

 -Nunca serás esquecido
 A rua tens enriquecido,
 Abrilhantas nossas marchas
E ficas perto das bandas...

 -Nisso dou-te muita razão
 Está grato meu coração
 Quando a  rainha passou
 Sorriu e para mim olhou...

 -E os desfiles e desporto,
O pezinho e muito povo
E da escadaria da Catedral
Todos te davam aval...

 -Sou um lampião angrense,
Sou um lampião terceirense
Só tenho que estar orgulhoso
Deste povo ordeiro e brioso..

 -Deste povo e desta terra
Desta gente de grande garra,
Que sabem lutar festejando
E fazem a festa lutando!!! 

Clara Faria da Rosa
Sanjoaninas de 2015

Colchas de tear

 colchas nas nossas varandas






As colchas são um primor
Nas ruas da nossa cidade,
Brilham com esplendor
e dão  ar de antiguidade.

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Feitas  em artesanais teares
A rigor e a preceito ,
São certamente resultantes 
De muita  criatividade e jeito.
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Quando as nossas avós
Se sentavam no tear
Pensavam de certeza em nós
e no legado a deixar!
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E deste modo se fizeram
Tecidas, lindas colchas
Que as janelas decoram,
Nas nossas Sanjoaninas.
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Aqui quero enaltecer
Donos de tais janelas,
Que para nos dar prazer
Expõem as suas riquezas!

À procura da luz:

Marchas de São João em Angra do Heroísmo





Hoje é dia de São João. Por ter nascido a 24 de Junho em  todo o país se festeja este santo popular que nos transmitiu a mensagem de que "Devemos mudar os nossos rumos para encontrar a luz". Daí a tradição de se fazerem fogueiras nesta noite, penso eu.
Longe vão os tempos em que eu , na minha freguesia natal, hoje Vila das Lajes, costumava saltar as fogueiras,na noite de São João, nas proximidades da minha casa, na Aldeia Nova, com as minhas amigas dando vivas a este santo. Penso que esse hábito de se fazerem fogueiras tem a ver com a procura da luz que este santo aconselhava e ainda sinto nos meus ouvidos os vivas a São João que ecoavam naquelas noites da minha infância e juventude assim como o calor que emanava das labaredas que se confundia com o prazer das brincadeiras e com a camaradagem meiga, desinteressada e pura que então se vivia. Quem viveu tal experiência certamente perceberá o que aqui tento transmitir embora mal, porque há certas emoções que só o muito talento consegue descrever.
Agora está tudo diferente e fazem-se marchas para aclamar o santo e as pessoas que não marcham  assistem ao respectivo desfile participando com as suas palmas e o seu apreço.
Deste modo, esta noite,  assisti, na rua da Sé, em Angra do Heroísmo,até às 3 horas da manhã, ao desfilar de 27 marchas que festejavam o São João, cada uma diferente da outra no tema, colorido, música e coreografia, mas todas bonitas na sua diversidade e alegria que contagiava quem apreciava o desfile e se esquecia dos seus problemas e dores. Durante várias horas não houve lugar para tristezas nem lamentações, houve isso sim , uma vontade enorme de viver em plenitude a festa porque há que viver as oportunidades  visto que esta vida são dois dias e este já vai na conta, portanto toca de ver as marchas ou, em falta delas. as fotos que mostro as quais não ficaram muito boas porque o lugar onde eu estava não permitiu melhor. É só  apreciar!