domingo, 5 de julho de 2015

O que é a poesia:

A poesia lê o mundo
O homem e a alma a fundo,
A poesia vê  a dor
A fome, a tristeza e o amor,
A poesia  a paz canta
E a  bondade que encanta,
A poesia chora a guerra
Derramada sobre a terra,
A poesia é sentimento
Que expressa o sofrimento
Com arte, sentido, emoção,
Com alma ,  corpo e coração.
Poesia...
É  vida é saúde, é morte
É  falar da alegria e da sorte
Da inveja  e da maldade
Da amizade, do amor  e da saudade!

Clara Faria da Rosa

Desabafo de uma dona de casa que não consegue atingir a perfeição:

Sábado, 16.30h, tudo pronto, casa limpa, cozinha arrumada, chão brilhante, tarefa de fim de semana cumprida, só me apetece sentar e ficar a admirar a minha obra, só que este paraíso não dura muito. Repentinamente, chega o filho do ginásio de nariz levantado como que a "farejar" algo diferente:
-O que é que se come? O que há aí para comer? e lá vai direito ao frasco dos biscoitos...
-Usa um pratinho ou um tabuleiro- aconselho.
-Que não,  que não é necessário - responde - são só uns míseros biscoitos e lá vai comendo enquanto eu vejo miolos no chão, que mais ninguém parece ver. Logo, logo, chega o pai todo apressado, à procura de umas chaves deixadas nos bolsos das outras calças, com os sapatos de andar na terra, todos sujos...
 - Que não, que estão limpos... ao que parece só eu vejo que a coisa não está a correr bem e lá me lamento:
- Estava tudo limpo, não aguenta nada em condições nesta casa, se vem alguém cá o que vão dizer?
- Que a casa é nossa, que não está para venda, que não é museu à espera de visitantes, que um lar é mesmo assim -diz o meu marido - e lá me calo...
Bem, já que a coisa está a dar para o torto em matéria de perfeição, resolvo aproveitar pão duro e fazer um pudim de atum e adiantar o almoço do domingo. De repente a minha cozinha fresca e reluzente virou  uma bagunçada: Batatas, cebolas e alhos para descascar, bacalhau ao lume e derrama um pouco de água sobre o fogão antes imaculado, forma para o pudim, tigelas sujas, eu de avental, mal posto e toda afogueada, eu sei lá!
- É  difícil, como o diabo, penso eu, combinar elegância com vida familiar! Contudo, as mulheres que aparecem nas revistas conseguem fazê-lo, será defeito meu?
Gosto de ver revistas das ditas cor-de- rosa, porque me fazem sonhar, fugir da realidade, quando estou desapontada comigo, vejo aquelas casas maravilhosas com cozinhas sempre limpas e reluzentes com mesas requintadamente postas com cristais franceses e porcelanas finas  mas eu, pobre de mim, não consigo atingir esse nível de perfeição o que no fundo, bem lá no fundo, não me desgosta grandemente, o que me interessa é gozar a vida e ver os que estão comigo felizes e se isso só é possível com uma certa confusão, de vez em quando, pois que seja, pois tenho a ilusão de pensar que um dia qualquer os decoradores vão inventar o estilo decorativo "vida real" e então nessa altura, a minha cozinha vai aparecer numa revista cor-de-rosa, num sábado à tarde, quando eu estiver a adiantar o almoço do Domingo e os meus homens entrarem pela porta dentro a desestabilizar a situação e eu serei uma mulher feliz porque os tenho a entrar e a desestabilizar !