domingo, 3 de abril de 2016

Uma mulher de trabalho,sonhadora e excêntrica:

Considero-me ser o que, à moda antiga, se dizia  uma mulher de trabalho, não viro a cara a nada do que é preciso fazer, quer seja nas lides caseiras, na cozinha, no quintal, também dou uma mãozinha na costura simples isto entre outros afazeres, tendo perfeita noção de que não me devo vangloriar disso, pois essas competências só são possíveis levar a cabo quando há saúde, quando ela falta vai-se tudo, e como se sabe, isso não podemos, nem eu nem ninguém, controlar, de um momento para o outro aparece a doença que traz, em muitos casos, a incompetência perante a realização das tarefas mais comezinhas.
Como ia dizendo sou uma mulher trabalhadora, contudo há uma tarefa que detesto, detesto mesmo, que é aspirar, não sei se é devido ao barulho que não me deixa pensar enquanto faço esse trabalho, se é por causa de ter que andar com aquele "Trambolho" de um lado para o outro, não sei, o certo é que abomino esta tarefa. Não é que ontem, enquanto aspirava o tapete na entrada, comecei a pensar: 
- O que este tapete precisava agora era de uma boa lavagem de joelhos, com escova,  bastante água, sabão e depois sol...
- Deixa-te disso, tu é que precisavas de um tapete mágico que não precisasse ser aspirado!
- Um tapete  mágico...que delícia! Um tapete onde os pés pisassem e que ficasse sempre limpo, com as cores vivas e os desenhos bem visíveis a dar as boas-vindas a quem entra.  
- E se for um tapete mágico e voador que me leve a outros mundos, a outros povos a outras aprendizagens, a vencer a minha ignorância contra a qual luto diariamente, a descobrir coisa novas, coisa maravilhosas e imprevistas??!!
-E um tapete voador que me transporte aos meus amigos ausentes, e ao passado que eu adoraria trazer de volta, e a recordações que adoraria reviver, e ao futuro que me revele o que o destino me reserva??!!
Eis senão quando, ouço o forte ronronar do aspirador que  fazendo-me acordar do meu sonho e voltar à dura realidade daquela detestável tarefa, exclama:
- Deixa-te disso, não sejas parva, aproveita o momento presente e o que tens, o passado e o futuro são apenas uma sucessão de momentos presentes na vida que vamos atravessando, exageras a sua importância  porque eles já se foram, ou porque ainda estão para vir...
-Não é que o danado do aspirador tem razão! -Pensei eu continuando a aspirar... se bem que esteja certa, de que ter razão não é tudo na vida, é sempre agradável viver um pouco de fantasia mesmo que excêntrica e irracional como esta que acabo de partilhar. 


Mesas De Honra (Workshop)


Sou de opinião que manifestar interesse por qualquer actividade  seja ela física ou mental, mais ou menos corriqueira, demonstra um saudável instinto de sobrevivência a vários níveis e traz benefícios a curto, a médio e a longo  prazo incalculáveis;Acreditando também que o tempo e as oportunidades são duas coisas únicas na nossa vida inteira que não podem ser compradas, só gozadas, apressei-me a aproveitar uma oportunidade com que me deparei através de um anuncio num jornal local: -O Museu de Angra do Heroísmo  ia promover um "Workshop" intitulado MESAS DE HONRA!
Lá me inscrevi, porque não sou pessoa de ficar sentada à espera que o destino resolva a minha vida, gosto de influenciá-la, de resolvê-la, e em em boa hora o fiz!
Foi uma tarde de sábado em que através do Professor de restaurante e bar da Escola Profissional da Praia da Vitória Paulo Pires aprimorei  e viajei por vários saberes no campo do fausto das mesas de cerimónia de séculos passados,os quais através do saber e do entusiasmo do mestre foram música para os meus ouvidos,e pintura para os meus olhos, saber esse transposto para os nossos dias e para ocasiões especificas  e que tocaram em pontos vários como:
Alinhamento das mesas , necessidade do bancal ou protecção, marcação de lugares, talheres, pratos copos, guardanapos, protocolos etc. Isto tudo com um saber, uma minúcia , um pormenor de relevo explicando não só como deve ser feito mas o porquê e apresentando alternativas aceitáveis. Após o que as participantes treinaram, acabando sentadas a uma sumptuosa e requintada mesa, embora sem repasto, o que não preocupou ninguém tal era o grau de satisfação geral!
Para terminar foi feita uma ligação pedagógica às peças de baixelas expostas na exposição do museu " Do Mar e da Terra ...Uma História no Atlântico"
Enfim, adorei, não sei se por ser uma tarde de Primavera que faz com que as mulheres apreciem com mais pormenor e minúcia as coisas belas e os momentos únicos e requintados, mas estou em crer que foi mais pelo entusiasmo saber e oportunidade do professor Paulo Pires a quem agradeço a transmissão de tantos saberes adquiridos ao longo de uma rica e variada carreira profissional. Um agradecimento especial ao Museu de Angra por ter levado a cabo tão louvável iniciativa!