quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Visita à casa Roque Gameiro



Estavam anunciadas, na comunicação social, duas exposições  na Casa Roque Gameiro da Amadora: Uma exposição colectiva de aguarelas do "Artever" e outra de Maria Monte " Saxa Loquuntur ou a Pedra Falará".
Convidei uma amiga, e numa tarde fria mas agradável, lá fomos .
Para já gostaria de dizer que a casa Roque Gameiro é um mimo, fica num aprazível lugar da Amadora e a sua arquitectura é muito agradável, com pormenores de acabamento que retratam os modos de viver de tempos passados e com lindos revestimentos de azulejaria que reproduzem a azulejaria seiscentista .
Roque Gameiro foi um pintor e desenhista português que se especializou na arte da aguarela . O seu nome está ligado a três instituições em Portugal :
-A Escola Roque Gameiro ("2º e 3ºciclos do ensino básico) na Amadora,
-A casa Roque Gameiro, onde residiu o artista e sua família e actualmente espaço de exposições do município da Amadora,
-O Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro, em Minde, onde nasceu, o qual inclui O museu da Aguarela Roque Gameiro onde se encontram a maioria das suas obras,




Na sala de jantar da dita habitação, cuja data de construção data de 1898, há lambris, em azulejos relevados, com padrões da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro, produzidos na fábrica das Caldas da Rainha. O respectivo motivo é de inspiração naturalista, rematados por um friso de espigas de milho e uvas, cópia de azulejos do palácio de Sintra. Junto ao tecto, um friso de azulejos com provérbios populares sobre a alimentação os quais tive o cuidado de copiar para aqui registar:
-Pão quente, muito na mão e pouco no ventre!
-À tua meza e á alheia não te assentes com a barriga cheia!
-Palavras não enchem barriga!
-Não digas- desta água não beberei,-nem- deste pão não comerei!
-Quem ceia e logo se vai deitar, má noite há-de passar!
-Nem sempre galinha, nem sempre rainha!
-Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão!
-Vinho, azeite e amigo, do mais antigo!
-Come para viver, não vivas para comer!
-Com papas e bolos se enganam os tolos!
-De fome ninguém vi morrer, muitos sim de muito comer!
-A melhor mostarda é a fome!
-Quem não trabalha não come!
- Nem tão bom que o papem as moscas!
-Sopa de mel não se fez para bocca de asno!
A lareira larga e ampla, lembra-nos a felicidade dos dias de Inverno, quando a lenha crepitava, dando aos ocupantes da divisão a sensação de que estando embora a alguns minutos de Lisboa, estavam a muitas léguas da capital!


A maior divisão da casa, o quarto de dormir do casal  Roque Gameiro, também é revestido de azulejos que reproduzem  antigos padrões seiscentistas copiados de um motivo do Palácio da Bacalhoa, em Azeitão sécs XVI/XVII e é rematado com um friso de provérbios alusivos ao sono:
-A preguiça é a chave da pobreza!
-Faze da noite, noite e do dia, dia, viverás com alegria!
-Quem boa cama fizer nella se deitará!
-Em cama estreita, deitar primeiro!
-Somno de Abril, deixa-o a teu filho dormir!
-Nem por muito madrugar amanhece mais cedo!
-Mais vale deitar sem ceia do que acordar com dívidas!



-E foi nesta linda e característica casa que apreciei a exposição de aguarelas do grupo de artes plásticas da Amadora "ARTEVER". Trabalhos de onze artistas que ofereceram ao público" Expressões de modernidade pictórica onde diferentes pigmentos dão cor e luminosidade aos trabalhos apresentados"

Apreciei também alguns trabalhos da artista plástica Maria Dolores Paulo do Espírito Santo que assina com o pseudónimo de MARIA MONTE a qual  está ligada à dança, à pintura às artes decorativas, ao restauro, à transformação de peças e objectos desperdiçados Etc.Enfim, uma natural propensão para as artes em geral e para a exploração plástica.
Eis alguns trabalhos de MARIA MONTE: