quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Heróis de Portugal ( de ontem e de hoje )

Perante a catástrofe que tem assolado o nosso país, varrendo e destruído tudo à sua frente, assim como na ilha da Madeira onde o fogo, impelido por ventos fortes, entrou, sem pedir licença, no centro histórico da mesma, causando mortes e tragédias difíceis de esquecer e de ultrapassar, lembrei-me que em tempo muito recente, mais precisamente no 3º Domingo do passado mês de Julho, visitei o Museu dos Coches em Belém, onde está patente um interessante espólio usado pelos bombeiros em tempos idos. Ao deparar-me com tal alfaias não pude deixar de pensar que ou não havia fogos à altura, ou ardia tudo, ou então os bombeiros nossos avós, eram ainda mais corajosos, mais abnegados, mais heróis do que os actuais soldados da paz, coisa que considero impossível, face ao trabalho que têm vindo a desenvolver perante o qual, na minha insignificância, me curvo e lanço um grito aos ventos, na esperança de que o mesmo chegue até eles:
- Bravo, bravo, bem hajam e obrigada pelo que têm feito pelos outros e pelo nosso país em geral !!!








O véu da minha mãe:




Estive uns tempos por  Lisboa e, como sempre, apesar do calor, a capital fervia com tanta gente, muitas raças, muitas línguas, muitas diferenças... Enfim, turistas curiosos e com vontade de aproveitar o sol de Portugal e as suas férias para regressarem a casa revigorados  e prontos para novas pelejas. Também aproveitei, e se há coisa de que eu gosto de fazer, é de entrar nas igrejas e de apreciar o seu esplendor, a sua grandiosidade, as suas características e, não o fiz sozinha, porque eram tantas as pessoas a sair e a entrar nos templos, que até parecia que o Espírito Santo tinha repentinamente descido sobre aquela multidão a qual de um momento para o outro ficara imbuída de uma fé especial. O que me impressionou, e impressiona sempre, é o à-vontade com que as pessoas entram nas igrejas apreciando as suas belezas, esquecendo que as mesmas são o "sacrário" que alberga, segundo a nossa fé, o Deus todo poderoso...
Muita máquina fotográfica, muita falta daquele misticismo que se deve vivenciar num lugar sagrado, muita falta de roupa, pois o calor era abrasador, muito homem de chapéus e bonés sem se darem ao trabalho de descobrirem a cabeça ao entrar no templo. Foi aí que me lembrei do véu de minha mãe que guardo religiosamente, muito bem dobrado, e embrulhado em papel de seda, no fundo de uma gaveta, que ela usava graciosamente quando ia à igreja, dando cumprimento a um preceito bíblico que, creio, vem do início do cristianismo e se preservou por milénios, havendo ainda, pessoas e grupos mais conservadores que conservam esse hábito que  após o Concílio Vaticano II deixou de ter carácter obrigatório.
Este uso, com referências bíblicas, assim como o de o homem ter de entrar na igreja de cabeça descoberta , eram, quanto a mim, costumes bonitos que demonstravam modéstia e respeito na presença do Senhor.
É verdade que este é um costume muito remoto, e que precisamos de fé e pureza  é no coração e estas não estão na  no exterior contudo, o nosso modo de estar e de ser pode ser um indicador  de como devemos conduzir o nosso interior.
E foi por tudo isto, e devido aos inúmeros turistas que encontrei por Lisboa, que  fui buscar o véu de minha mãe, para que ele me faça lembrar de como me devo conduzir, pois sinto muita vez uma força inexplicável que me faz desviar do caminho certo!