segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O que me foi "roubado" pelos meus antepassados:

-Afinal, também sou filha de Deus!  Pensava eu com os meus botões, enquanto bordava um pano com motivos de Natal, um dos imensos que tenho bordado em natais anteriores,  para oferecer, pois, com a minha mania de economia doméstica, gosto de fazer as lembrancinhas para familiares e amigos, este ano foi para mim, finalmente, porque como dizia no início, também sou filha de Deus...
Toda contente e orgulhosa do resultado final, lá o vou testar, no lugar onde ficará pela época festiva que se aproxima, e penso: - ficou lindo!
Eis senão quando, ouço uma vozinha fina e persistente que me sussurra:
- Não te vanglories, afinal isso é um trabalho menor, há quem faça muito melhor, isso não prova nada , lembra-te que a galinha faz um grande barulho com o seu cacarejo, quando põe um simples ovo, como se tivesse posto um diamante, não queres ser como a galinha, pois não? Afinal tudo o que és e tudo o que sabes, te foi "roubado" pelos teus antepassados!
Caio em mim e concordo, não fora eles eu não seria nada, concluo...
Sou o resultado de tantas tentativas de tantas, aprendizagens, de tantos sacrifícios...
O que representa este simples bordado, que já tem as quadriculas, se comparado com os elaborados e finos trabalhos que as nossas avós faziam em tecidos de fios finíssimos, usando muitas vezes uma rudimentar talagarça ( pano grosso e ralo sobre o qual se bordava) e, sem revistas nem modelos !
É aqui que me lembro dos mostruários dos séculos passados, autênticas relíquias, que eram conhecidos pelo termo inglês "samplers" que vem do francês " exemplaire".
Estes "samplers",originários dos séculos XVI, eram repositórios de motivos decorativos representando animais, frutos, flores, alfabetos e números e, em alguns casos, vários pontos que naturalmente, foram usados em lençóis, toalhas de mãos e de mesa, guardanapos, sacos e ainda em iniciais e monogramas que marcavam peças de enxoval. Como não existiam revistas de bordados onde as senhoras se pudessem inspirar, registavam os modelos que iam aprendendo, num tecido totalmente preenchido, pois os tecidos eram caros, não se podia desperdiçar...Com a generalização da imprensa apareceram os livros e revistas de bordados e os "semplers" foram postos de lado...
São peças muito procuradas e de valor, para os apreciadores. Aqui te mostro dois dos meus exemplares um , de tão antigo, já está muito rotinho, e o outro, em melhores condições, estou a pensar emoldurá-lo, quem sabe, um dia!
Afinal, nós não inventámos nada, o caminho já estava aberto, é só percorrê-lo... 

























Pão-Por-Deus:

Muitas foram as crianças que por cá passaram a pedir Pão-Por-Deus, estes três primos, embora radiantes com as saquinhas repletas de guloseimas e moedas, estavam tão cansados que se sentaram logo à sombra da palmeira...

O Castanheiro Frondoso



O castanheiro frondoso
de ouriços carregado,
altivo e muito orgulhoso,
seus ramos, vai abanando...
Adiantado o Outono,
o castanheiro frondoso
dos ouriços se despede...
E sempre muito orgulhoso,
espera o ano que sucede.
E o ouriço ao abrir
como caixinha de jóia
mostra o fruto a sorrir,
seu orgulho, sua vitória.
Esta vitória, esta glória
por mãos rústicas, diligentes
vai ser junta, recolhida
escolhida, seca, lavada,
e no calor do braseiro
vai sofrer até assar,
para a todos agradar,
em festas, convívios, jantares ...
E os comensais
muito satisfeitos dizem :
-Que bela castanha assada!
Ingratos!
Esquecem de endereçar
Um agradecimento, um louvor
ao castanheiro frondoso
Altivo e muito orgulhoso...
Clara Faria da Rosa

 Faz hoje 1 ano
A Bárbara Coelho e o seu irmãozinho Dinis vieram cá a casa pedir Pão-Por-Deus. Foi a 1ª vez que o Dinis veio cá a casa e teve que vir ao colo do seu avô porque ainda não anda, espero e desejo que ele quando andar possa vir cá muitas vezes e eu esteja viva para lhe dar o Pão-Por-Deus!, isto foi há um ano, mas o Dinis voltou, este ano, com a mana, mas já pelo seu pé!