sexta-feira, 25 de agosto de 2023

O meu septuagésimo quinto aniversário:


Como alguns saberão, fiz anos no passado dia doze, já são muitos mas, tenho resistido às intempéries...
Nesse dia tenho por hábito tirar uma fotografia, gosto de comparar com a do ano anterior, de contar as rugas que ganhei e de ver se ainda posso ler alguma alegria e entusiasmo nos meus olhos, enfim, coisas da Clara... 
Na verdade, embora me custe acreditar, são muitos anos, muitas vivências, muitas derrotas e alguns sucessos. Pensando nisso vem-me à memória a história de um professor que morava perto da escola pelo que  habitualmente ia a pé, num certo dia resolveu acender o cachimbo mas, como o vento estava de feição teve de se voltar de costas, cachimbo aceso, começa distraidamente a caminhar até que chega a casa sobressaltando a mulher que não o esperava tão cedo. Alertado, volta pelo mesmo caminho encontrando os alunos admirados com a demora pois era, habitualmente, assíduo e pontual. Explicação do professor: -Andei a pensar na vida!
Embora não fume, gostaria de ter um cachimbo, para acender e para que, como por magia, pudesse voltar ao início desta aventura de setenta e cinco anos, para ter oportunidade de refletir e de fazer escolhas quiçá  mais acertadas. Não sei se mudaria muita coisa, talvez mudasse alguns caminhos, algumas estradas secundárias, algumas canadas... sei lá!  do que tenho a certeza é que tentaria ser mais educada e já teria agradecido a delicadeza de todos os meus amigos, amigas e conhecidos que,  quer por mensagens escritas, quer através de telefonemas ou presencialmente me felicitaram por ter atingido esta venerável data. Não peço desculpa porque, como disse uma amiga que hoje me telefonou a felicitar-me " entre amigos não há que pedir desculpas".
Vamos vivendo e, como o professor da história, pensemos na vida e aproveitemos as coisas boas que ela nos vai dando, quer tenhamos vinte, trinta, cinquenta, setententa ou noventa anos...
OBRIGADA A TODOS PELA AMIZADE E CARINHO!
 

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Do trigo dourado aos pássaros de ferro:

 Do trigo dourado aos pássaros de ferro:

Tema do cortejo das festas da Cidade da Praia da Vitória muito bem escolhido, quanto a mim, sobretudo pelo seu aspecto pedagógico que tem sido bastante descurado na voragem dos tempos, outros valores se levantam, não é agradável lembrar certas coisas e, como referiu a professora Judite Parreira, organizadora e criadora do evento, as escolas da Terceira inexplicavelmente não se têm dedicado a explorar o assunto...Os programas e compêndios são feitos a  nível nacional e assim vamos nós nesta ignorância da nossa história e das nossas raízes.

Quanto a mim, embalada nesta história que é a história da minha família "bebi" todos os pormenores, todos os apontamentos e lembrei-me  desta fotografia  que trouxe  de casa dos meus falecidos pais: 

Carros de pacientes bois, bem carregados de molhos de espigas de trigo, na debulhadora à espera de serem debulhados para serem transformados no trigo que depois daria o pão alvo como diria Vitorino Nemésio.