sábado, 30 de dezembro de 2017

A simplicidade do meu presépio:



O meu presépio é muito simples
Como as estrelas cadentes,
O meu presépio é transparente
De uma transparência incandescente,
O meu presépio é luminoso
Mas também harmonioso...
É esta simples transparência
É esta luminosa incandescência
É esta  alegria na pobreza
E na eventual riqueza,
Que aos homens dá a vontade
De praticarem a bondade...
É tudo isto que me diz em  segredo
De modo a que eu não sinta medo 
Este meu pequeno presépio,
Que lembra da Lua  o nascer 
E  do Sol o desaparecer, 
E tem no meu coração 
Um efeito tão incrível
E me torna tão sensível 
Que me leva à oração !

Natal de 2017
Clara Faria da Rosa









terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Torresmos do céu:

Torresmos e torresmadas



Sabemos que os  torresmos são feitos de pequenos pedaços de toucinho de porco, ou de carne com toucinho, que depois de devidamente temperados vão ao tacho a fritar na banha que vão destilando, até atingirem o ponto ideal, que se conhece, havendo também regiões do nosso país a que se dá o nome de rojões a esta iguaria deliciosa.
Contudo, não é destes torresmos que te quero falar, mas sim, de um doce de tacho, muito antigo, feito com açúcar, farinha, manteiga, ovos e amêndoa palitada que em princípio parece muito fácil, mas que tem a sua dificuldade, devido ao ponto de estrada forte que deve atingir, o que se não for conseguido está tudo estragado! Pois eu há muito tempo que não fazia esta especialidade, até pensava que já não sabia fazê-la, mas consegui, e ficaram os ditos torresmos, mesmo do céu segundo o nome da especialidade e conforme podes ver pelas fotos
A respeito da palavra torresmo, há uma outra palavra da mesma família, que é a palavra torresmada que significa uma grande pratada dos mesmos mas também, em linguagem popular, uma parvoíce ou um disparate.
É aí que quero chegar, quero desejar não ter dito, nesta página, ao longo deste ano de 2017, muitas torresmadas, parvoíces ou disparates; Se o fiz, peço-te perdão, foi involuntariamente, e prometo tentar emendar-me no ano novo...
 


segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Almoço do dia de Natal


Já em casa da minha mãe era assim, não se cozinhava no dia de Natal, era tudo feito de véspera  e depois era só aquecer e comer, Eu sempre que posso sigo esta regra, por isso ontem, da parte da tarde, toca de aquecer o forno e tudo para dentro, foi o peru, o recheio, batatas doces às rodelas e enfarinhadas, abóbora aos cubos envolvida em açúcar mascavado e canela, bolo inglês e até as pevides da abóbora, foi uma festa e aquele conjunto de odores era uma coisa do outro mundo, quanto ao sabor, embora pareça tudo muito bem, só daqui a pouco vamos saber!
Que o teu almoço de Natal te saiba bem e seja passado em paz e harmonia que é o principal...




sábado, 23 de dezembro de 2017

Um presente para o Menino








Pensei um presente ofertar
Ao Menino que está a chegar...
Um presente valioso, 
Um presente fabuloso!

Talvez uma caixa de jóias
Com prata fina e pérolas...
Rubis,ou um colar de ouro,
Enfim um valioso tesouro!

Mas pensando bem a fundo
Este Menino vem ao mundo...
Não à procura de riquezas,
Não à procura de grandezas!

Este Menino, esta criança
Vem-nos trazer esperança...
E vem a todos dizer,
Que vale a pena viver!

 Se vivermos com amor
Se soubermos dar louvor...
Se soubermos agradecer, 
E humildemente sofrer!

É esta a grande mensagem
Que nos transmite coragem...
Para a nossa vida aceitar.
Sabendo receber e dar!

Clara Faria da Rosa
Natal de 2017


sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

O meu Menino mija!

Tradicionalmente, nos Açores, faziam-se licores caseiros e eram tantos! ( de laranja,de café, de anis, de banana,cacau, de leite, de maracujá, de poejo, de tangerina, de vinho e outros). Estes licores, alguns dos quais feitos propositadamente para o Natal, eram dados a provar  nesta época ao que se chamava a mijinha do Menino.
Convidavam-se familiares para a mijinha do Menino:
- O meu Menino Mija!
-Vai à mijinha do meu Menino!
-O meu menino não está mal das urinas!
-Vai provar a mijinha do nosso Menino!
Era um carinho, uma doçura...
E lá se faziam agradáveis visitas, para desejar as boas- festas, apreciar o presépio, armado a um canto da casa com muitas leivas e musgos e coloridas figuras de barro ou então sobre a cómoda antiga,  coberta com bonita toalha de linho e decorada com camélias, tangerinas e pratinhos de trigo a rodear o Menino, e provar a mijinha à mistura com alguns figos-passados, rebuçados caseiros, caramelos, bolacha republicana e outros doces tradicionais.
Actualmente, ainda se mantém essa tradição, embora com alguns cambiantes ...Talvez já não se façam tantos licores que são substituídos pelos comprados e os doces e aperitivos sejam de outro tipo e com novas receitas , o presépio mantém-se e o hábito de se visitarem as casa de familiares, colegas e amigos, assim como o calor humano que se gera à volta dessa tradição,  continua, felizmente!
Quanto ao meu menino, aliás aos meus meninos, estão bem saudáveis, com os aparelhinhos como Deus manda, expelindo o precioso líquido que aquecerá os amigos, neste Natal.

- O meu menino mija !!!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Magia de Natal





Porque sei que é Natal 
E porque quero cultivar
Desta época a magia, 
O meu portão quis decorar
Com muita cor e alegria.

Porque sei que o Pai-Natal
Vem da Lapónia distante
E porque  não faz mal sonhar, 
Espero ansiosa seu presente
Que me venha alegrar.

E para dar cor a este Natal
Fiz um arranjo bem vistoso
Com flores e um laço bem airoso,
E uns sapatos dourados
Ao portão bem amarrados.

Meu querido Pai-Natal
Neles podes deixar, saúde
E também paz e ternura,
E nos dourados sapatos
Não deixes desilusão nem amargura,
Mas ventura e muitos sonhos!

Natal de 2017
Clara Faria da Rosa










sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Bons momentos:



Acredito que os bons momentos são os actuais e que outros melhores estão ainda para vir. Li há dias que  H. Humphrey, ex vice-presidente dos estados Unidos  dizia que " As nossas melhores canções ainda não foram cantadas!" Pois é, estou sempre à espera de melhores momentos e é por isso que me divirto sempre que tenho oportunidade para isso, sem grandes alaridos mas em plenitude, foi o que aconteceu no passado fim-de-semana, no jantar de natal da E.D.A.. Serão muito agradável, muita gente conhecida e amiga com quem estivemos e conversámos animadamente, comida muito boa, sorteios, prémios e ofertas aos funcionários e no ar uma serena e descontraída alegria própria da época.
No fim, só resta desejar Um feliz Natal e que tenhamos oportunidade de voltar a viver esta experiência no próximo ano, porque nunca se sabe quando será cantada a nossa última e melhor canção! ...















quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Bolo de Natal da Clara (receita)

 Agora que toda a gente anda numa grande azáfama para fazer o seu bolo de Natal, com a antecedência requerida para que fique húmido e muito saboroso, é com muito gosto que te passo a minha receita que acerta sempre e costuma ser muito apreciada:
 Bolo de Natal da Clara ( Receita):

Deves deixar de infusão
Quantos mais dias melhor,
Paciência e compreensão
Muita amizade e amor...

Não ligues aos dissabores,
Vive com muita humildade,
Envolvendo estes valores
Sempre com muito cuidado.

Unta a forma alegremente
Com calma e muito humor,
Verte o bolo lentamente
Fazendo da vida louvor!

O forno deve estar quente
Com um calor moderado,
E tu, sempre contente
Vivendo com muito agrado...

Resulta sempre esta receita
Que partilhada deve ser,
E se for muito bem feita
Tua vida vai crescer!...
 6º
Põe a mesa a toda a gente
Deseja um bom Natal,
Sempre alegre e contente
Aberta, simples e informal!
 7º
Quando deres a provar
Deste bolo uma fatia,
Deves sempre recordar
A amiga Clara Faria !!!

domingo, 3 de dezembro de 2017

A luz que ilumina e conduz

Entramos no último mês de 2017! Muitas dificuldades encontrámos ao longo destes meses;  Lutámos, trabalhámos e saltámos obstáculos difíceis mas, não desanimámos, apoiá-mo-nos na nossa experiência, na nossa família, enfim, naquilo que tínhamos e encontramos pelo caminho.  
Hoje celebra-se o 1º Domingo do  Advento, palavra que significa vinda ou chegada. Esta época, que abarca as quatro semanas antes do Natal, tem a finalidade de se preparar a chegada de Jesus Cristo assim como as celebrações do Natal.
Deve ser um tempo de meditação, de recolhimento interior isto é de preparação para receber de forma aberta, sã, simples e luminosa  aquele que consideramos o redentor! É por isso que te mostro esta lanterna e te conto a sua história: 
Estava abandonada na casa onde os meus pais viveram e onde eu vivi até tomar o meu rumo, e ajudada pelo meu marido,  restaurei-a; Foi o cabo dos trabalhos porque, quando começámos a limpá-la ela desmoronou-se, e quando pregávamos de um lado despregava-se do outro. Não foi uma tarefa fácil, mas no fim ficámos contentes porque sabemos que a Câmara Municipal, para contenção de despesas, tem cortado na iluminação  pública, esta está a rarear e a escassear e então, quem sabe, nas noites escuras, sairemos à rua, de lanterna na mão, como  o filósofo grego Diógenes que andava de lanterna na mão, mesmo durante o dia, à procura da sabedoria..
Era do meu pai,  foi usada em tempos também difíceis em que não havia electricidade,  e os caminhos eram muito irregulares e cheios de obstáculos imprevisíveis, para se sair à noite , nos dias de matanças, para os ranchos, para se fazerem visitas aos familiares e vizinhos, pelo Natal, à mijinha do Menino, para se ir às novenas preparatórias para o Natal, pelo Carnaval e para ir aos ensaios das danças ou para ir muito cedo para os trabalhos da terra e tratar do gado, o combustível usado penso que era óleo de peixe gato ou de baleia contudo, não tenho a certeza.
A luz era fraca, mas a vontade forte, e fazia-se da fraqueza força, penso que este tempo que vivemos é um tempo idêntico , tempo  de pisar as pegadas dos nossos antepassados que não viravam a cara às adversidades mas que sabiam encontrar a luz nem que fosse numa pobre lanterna...
Que cada um de nós saiba encontrar, neste Advento, A luz que nos permitirá estar preparados para receber com humildade mas de coração aberto e luminoso o Menino.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Tête-à-Tête

Esta é uma expressão francesa, que se fosse traduzida à letra, significaria cabeça  à cabeça ou coisa semelhante, contudo, não é isso que significa, nem tão pouco cara a cara no sentido físico, mas sim uma conversa particular, íntima entre duas pessoas, expressão que embora de origem francesa é usada em variados países  e que quanto a mim tem paralelo na nossa expressão "frente a frente".
Vai daí que a fábrica Vista Alegre criou, baseada nesta expressão, este belíssimo serviço de chá, para duas pessoas, a que deu o nome de Tête-à-Tête, isto entre 1881/1921 conforme o carimbo verde fogo que podemos observar no fundo das suas peças. Assim as nossas antepassadas, que não as minhas, que essas não tinham tempo nem posses para tantas finezas, mas as damas das classes abonadas, podiam tomar o seu chá nos seus salões em amena e intima cavaqueira que é como quem diz Tête-à-Tête. Um belíssimo exemplar, repara no pormenor do tabuleiro desenhado de modo a que todas  as peças se encaixassem sem desperdício de espaço, o segundo exemplar com a mesma finalidade mas de época  posterior, menos valioso, com menos requinte  mas também, quanto a mim, muito bonito.
Um pouco de história, à minha maneira, para te dizer, caro amigo/a que, depois desta ausência já tinha saudades dos nossos "Tête-à-Tête" em que eu, de forma "íntima e reservada" que só este meio de comunicação permite!... aproveito para partilhar contigo os meus sonhos, as minhas experiências, aprendizagens, os meus pensamentos e os meus votos de que ao longo destes tempos, em que não nos falámos, tenhas estado bem.







quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Tipicidade e simbolismo

Conhecem algo mais típico, mais simbólico mais característico na Vila das Lajes ilha Terceira Açores do que um panelão de ferro ao lume a cozer milho para o dia de Pão-por-Deus, abóboras  ao sol em cima do cu do forno, ou no chiqueiro do porco feito de cantarias e a antiga pia de lavar roupa, escavada numa só pedra, vinda das Bugias das Lajes, hoje transformada em linda floreira!?
Foi esta tipicidade toda, esta simplicidade dos que souberam aprender com o passado este pôr em prática costumes ancestrais bem enraizados  na nossa cultura que presenciei em véspera de Dia-de- Todos-os-Santos:
Os meus primos  à volta do panelão, imaginem, revezavam-se para  deitar lenha, e mexer o milho, que vai ser repartido por várias famílias, levaram um dia inteiro,  e à mistura iam conversando, descansando, recebendo visitas, como eu, que iam dando palpites. Foi uma festa, foi tempo bem passado, tempo de qualidade,  e de entusiasmo, acredito, que me fez pensar que o entusiasmo é que liga o interruptor da vida...





  

Escaldadas



Aqui estão as escaldadas que se costumam fazer por cá pelo Pão-Por-Deus, em tempos idos, de fabrico caseiro,actualmente, são cada vez mais produto de fabrico industrial. Gosto muito, mas sou mais especialista no comer do que no fazer, contudo, sei que são uns bolos que levam farinha de trigo e de milho em proporções que desconheço, ovos, leite, manteiga, açúcar e erva doce, o que lhes dá um sabor muito especial. O nome de escaldadas vem do facto de esta mistura ser escaldada com água a ferver com a erva doce, há quem lhes junte também algumas sementes desta planta.
Erva doce ou funcho, é uma planta cuja semente é utilizada com fins medicinais no combate à má digestão, aos gases, dores de barriga, inchaços, resfriados e também na confecção de confeitos e no fabrico de licores.