terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A respeito de "Bullying"

Parece-me que "bullying" é uma palavra que apareceu modernamente para designar falta de respeito para com o próprio e para com o outro; aquele que não gosta de si próprio dificilmente gostará do outro. É este o busílis da questão,  respeito, carácter, consideração, compaixão, tolerância são valores em certo desuso.
Contudo, segundo os especialistas, as causas deste fenómeno são muito mais profundas e carecem de um tratamento  e estudo urgentes e sérios.
Não tendo conhecimentos suficientes sobre a matéria atrevo-me  a citar Tolstoi:  " De todas as ciências que o homem pode e  deve aprender, a principal é a ciência de viver de maneira a praticar o mínimo de mal e o máximo de bem possível." 
Parece que a família e a escola se têm esquecido disto dando muito valor aos conhecimentos científicos, que são importantes, sem qualquer dúvida, e relegando o desenvolvimento espiritual e social.
Pensando nestes assuntos, sou levada aos meus tempos de criança e jovem, sim porque sendo sessentona também já atravessei essas fases, já frequentei uma turma como a que mostro acima, e que tão belas recordações me traz, e não me lembro de os  meus pais me dizerem que eu não deveria agredir física ou moralmente qualquer colega porque isso era uma situação que nem se punha.
Os meus colegas rapazes e raparigas eram os meus amigos de quem eu gostava e que me ajudavam se precisasse e pronto. Mesmo depois do tempo de escola sempre mantive e mantenho com muitos relações cordiais e de grande amizade.
 É a todas as amigas e amigos do meu tempo de estudante que dirijo este breve trabalho, que tem o valor que tem, mas que é muito sentido, porque me custa ver jovens irem à escola que é paga com o dinheiro que nos faz falta, para se agredirem e desrespeitarem. Claro que isto são excepções, acredito, mas que não deviam de existir, mesmo como excepções, porque a vida é para festejar e aproveitar e não para agredir ou desrespeitar quem quer que seja! 

A magia do meu sotão


Passada a época de Natal, subo as escadas em caracol, entro no sótão e deposito no chão um amontoado de artigos de natal , que costumo guardar, para no ano seguinte reciclar e fazer novas decorações, já sabem que não sou de deitar nada fora! Fico a olhar para aquele amontoado e a pensar como as  coisas mudam, e no facto de aquilo  que há dias tinha vida, colorido, impressionava e desempenhava a sua função apelativa agora não passar de um amontoado de coisas sem importância, que não nos despertam a atenção nem nos fazem bater o coração, é como com as pessoas - penso eu com os meus botões -  precisam de determinação, presença e de saberem ocupar o lugar certo no momento certo...
Agora, preciso de tempo, para acondicionar tudo, com cuidado... Antes porém, olho à minha volta e lembro-me do agradável que é ter um sótão e de como seria bom que os arquitectos, engenheiros e decoradores compreendessem a importância de subir a um  lugar como aquele, ouvindo as escadas rangerem,  ver as traves de madeira com algumas teias de aranha que lá se alojaram com o passar do tempo e ter oportunidade e tema para sonhar, sonhar .
O meu sótão, no Verão é tórrido, sufocante e no Inverno é de um frio glaciar mas é, para mim, um local de fantasia  e de sonho porque olho à volta e vejo tudo arrumado por "secções".Parece que a minha vida ali se apresenta num livro de vários capítulos ;   A um canto estão umas velhas arcas com coisas dos meus pais que só por si me contam velhas histórias e me despertam muitas emoções e saudades, então se as abrir, nem te conto, são lençóis bordados em serões que se faziam à luz de petróleo, são colchas e cobertores tecidos em velhos teares manuais, toalhas de linho cultivado por avós e trisavós, caixas com loiças que me lembram antigas mesas mais ou menos lautas mas sempre rodeadas de muito amor e respeito por quem lá se sentava , livros do meu tempo de escola, do meu marido e filho, talvez pedagogicamente desactualizados mas que ao serem abertos são como contos de fadas, os cadernos em que o meu filho traçou as primeiras letras e palavras, as suas roupas de bebé e brinquedos , o seu, primeiro triciclo, o parque onde ficava a brincar enquanto eu preparava os meus trabalhos para a aula do dia seguinte, os fatos e vestidos antigos que  lembram épocas diferentes da nossa história de vida...
O meu sótão é o meu museu etnográfico onde eu posso redescobrir a minha história e a da minha família, o local mais vital  e cheio de encanto da minha casa .

É por tudo isto que penso  que os projectos para casas novas e modernas, deveriam incluir novamente um sótão, com traves de madeira, com o soalho a ranger e raios de sol portadores de mensagens mágicas, alegres e fantasiosas a entrar por uma janelinha, de vidros pequeninos e coloridos.  

Pela escada em caracol acesso ao meu mundo de magia: o meu sótão!


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Esperança; A riqueza do pobre:

Desde sempre me habituei  a apreciar e a registar, num pequeno caderno, chavões, frases feitas e citações  que ouvia e lia, porque considerava essas frases como pérolas de sabedoria que de tão válidas e oportunas tinham  persistido através dos tempos, como  fruto de experiência conseguida  árdua e pacientemente.
Dou por mim, muitas vezes, a ler e a reler certas frases e a admirar a coerência e pertinência de certos ditos .
Neste momento de "desorientação" política e social, em que ninguém sabe o que nos reserva o futuro, visto que são tantas as informações e tantos os comentadores políticos que ficamos baralhados, lá fui eu folhear o meu velho caderno e  deparo-me com a seguinte frase:
-A  esperança é a riqueza dos pobres!  
Todos queremos ser ricos, ou pelo menos remediados, para podermos viver de forma decente e podermos fazer face aos problemas com que nos deparamos, muitos dos quais resultantes da moderna maneira de viver que adoptámos, contudo, nos tempos actuais em que todos os dias perdemos poder de compra, e em  que os nossos ordenados e ou pensões todos os dias mingam, só nos resta sonhar que somos ricos, pelo menos em persistência e tolerância e ter esperança em melhores dias...Também, quando lançamos uma semente à terra não sabemos se ela vai germinar mas confiamos, isto é, esperamos que vai germinar e dar frutos que providenciarão a nossa subsistência....
Confiemos em melhores dias e num bom ano!