sábado, 30 de novembro de 2019

A luz que ilumina e conduz
Estamos a entrar no último mês de 2019! Muitos obstáculos encontramos ao longo destes meses, lutamos, trabalhamos e saltamos obstáculos difíceis mas, não desanimamos, apoia-mo-nos na nossa experiência, na nossa família, enfim, naquilo que tínhamos e encontramos o caminho.
Ontem dia 29, teve início o Advento, palavra que significa vinda ou chegada. Esta época, que abarca as quatro semanas antes do Natal, tem a finalidade de se preparar a chegada de Jesus Cristo assim como as celebrações do Natal.
Deve ser um tempo de meditação, de recolhimento interior isto é de preparação para receber de forma aberta, sã, simples e luminosa aquele que consideramos o redentor! É por isso que te mostro esta lanterna e te conto a sua história:
Estava abandonada na casa onde os meus pais viveram e onde eu vivi até tomar o meu rumo, e ajudada pelo meu marido, restaurei -a e decorei-a para a época festiva; Foi o cabo dos trabalhos porque quando comecei a limpá-la ela desmoronou-se, e quando pregávamos de um lado despregava-se do outro. Não foi uma tarefa fácil, mas no fim ficámos contentes porque sabemos que a Câmara Municipal, para contenção de despesas, está a cortar na iluminação pública, esta está a rarear e a escassear e então, quem sabe, nas noites escuras, sairemos à rua, de lanterna na mão, como o filósofo grego Diógenes que andava de lanterna na mão, mesmo durante o dia, à procura da sabedoria..
Era do meu pai, foi usada em tempos também difíceis em que não havia electricidade, e os caminhos eram muito irregulares e cheios de obstáculos imprevisíveis, para se sair à noite , nos dias de matanças, para os ranchos, para se fazerem visitas aos familiares e vizinhos, pelo Natal, à mijinha do Menino, para se ir às novenas preparatórias para o Natal, pelo Carnaval e para ir aos ensaios das danças ou para ir muito cedo para os trabalhos da terra e tratar do gado, o combustível usado penso que era óleo de peixe gato ou de baleia contudo, não tenho a certeza.
A luz era fraca, mas a vontade forte, e fazia-se da fraqueza força, penso que este tempo que vivemos é um tempo idêntico , tempo de pisar as pegadas dos nossos antepassados que não viravam a cara às adversidades mas que sabiam encontrar a luz nem que fosse numa pobre lanterna...
Que cada um de nós saiba encontrar, neste Advento, A luz que nos permitirá estar preparados para receber com humildade mas de coração aberto e luminoso o Menino.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Um objecto muito especial
Hoje os Estados Unidos da América vivem um dia da gratidão a Deus, com orações e festas, pelos bons acontecimentos ocorridos ao longo do ano.A tradição ordena que ano após ano, na última quinta -feira de Novembro, feriado nacional, famílias e amigos se juntem e comemorem a abundância, as boas colheitas do ano , o amor, a gratidão...
Ao pensar nisto lembrei-me que em 1976, fui à Califórnia com o meu marido e os meus pais visitar os meus tios e primos, lá imigrados, vivia-se um clima de festa e de comemoração por se estar a celebrar o bicentenário da independência dos estados Unidos da América (1776/1976), por todo o lado se vendiam lembranças alusivas ao facto histórico, fomos a um parque chamado " Califórnia Redwoods" e o meu pai viu-me a admirar esta chávena, que conta um pouco da história da América e comprou-a para ma oferecer.
Os pais são assim, adivinham os desejos dos filhos... já lá vão 43 anos mas ainda sinto aquele carinho atencioso que me faz pensar, quando olho para ela, que não existe nada para além do amor verdadeiro e desinteressado, como é o amor dos nossos pais.
Desejo a todos os meus familiares e amigos, que estão a celebrar este feriado tão especial para a América, um feliz dia de acção de graças (THANKSGIVEN DAY)


sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Santinho!!!
Naturalmente, pelo título em epígrafe, deduzes que te vou falar do hábito que temos de "abençoar" os espirros dirigindo a palavra "Santinho" à pessoa que espirra, costume que vem da antiquíssima e arcaica crença popular de que um espirro é como que o diabo a sair do corpo , daí a interjeição- "Santinho", para afastar o espírito maligno, também, e uma vez que um espirro é uma expulsão de ar do nariz e da boca, se pensava que ao espirrar-se a alma podia sair pela boca ou pelo nariz, para o evitar chamavam-se os Santinhos. Curiosidades que vêm dos nossos antepassados e que têm a sua graça se forem aprofundadas e estudadas...
Contudo, não te vou falar desse tipo de expressões ou interjeições, mas do hábito que tenho desde criança de coleccionar estampas de cariz piedoso/ religioso a que chamava santinhos, guardava-as religiosamente no meu missal, mas depois eram tantas e tão variadas que as fui compilando primeiro em caixas e mais tarde em álbuns.
Adorava e adoro estas estampas, o seu colorido, os detalhes, a sua policromia suave, as roupagens, as mensagens. Em criança fazia uma leitura diferente dessas estampas, agora distingo os fabricantes, a respectiva assinatura, a data de fabrico e o seu valor.
Claro que há estampas de tal beleza, antiguidade e valor que não chego lá, especialmente as muito arrendas à mão a que chamam "Canivet" por serem trabalhadas com um pequeno estilete de lâmina muito fina, mas já me contento com algumas que tenho, bastantes antigas e com arrendado mecânico à volta.
Ao abrir os meus álbuns vejo estampas de agradecimento, de graças alcançadas, de comunhão, de repouso eterno, de festividades religiosas por todo o arquipélago e do país, vejo as estampas que a minha mãe trazia da Misericórdia da Praia da Vitória, quando lá ia em romaria às sextas-feiras, lembro muitos amigos e familiares falecidos, ordenações de padres e até lembro com saudade, o velhinho Padre Gregório Rocha no dia das suas bodas de ouro da sua ordenação em 21/05/1966, e o padre Lino Vieira Fagundes que celebrou bodas de oiro em Junho de 1985, lembro também a visita de sua santidade o papa João Paulo II à Terceira, isto para citar só algumas efemérides que as minhas estampas não deixam esquecer.
Fascinam-me as originais orações específicas para cada fim, as pagelas a preto e branco enfim a história que podemos compreender e depreender através destas relíquias que fui juntando com o passar dos anos.Afinal lembram os santos, os que já se foram...
Velharias ... - Dirás tu!
Se te fizerem espirrar, cá estarei eu, para te dizer:
-Santinho!!!















Dia de Todos-os-Santos


Todos os anos, neste dia, duas ideias povoam a minha cabeça, num dilema, tentando concluir se estou praticando regras de bom viver:
- Por um lado o meu hábito de fazer planos a longo prazo, como se fosse viver para sempre, por outro lado, a certeza de que não vale a pena porque, como os turistas, estou de passagem,  à semelhança dos nossos antepassados; Sei que devo conduzir-me todos os dias, como se fosse morrer amanhã, não precisando de grandes coisas ; É o que tenho de mais certo!!!
Contudo, a arte e a civilização, fizeram dos homens algo mais do que  simples habitantes deste absurdo universo, daí o nosso apego às coisas, às pessoas e aos bens materiais e imateriais.
É um bem imaterial a recordação dos nossos pais, sogros, familiares, amigos e vizinhos que já partiram e tenho a certeza, de que eles sentem a nossa saudade e as nossas orações, em especial neste dia que lhes é dedicado.
Se as rádios e televisões, conseguem espalhar as melodias das notas de um violino sobre montanhas, mares, desertos, aldeias e cidades barulhentas, então porque não ter a certeza de que eles nos  verão, ouvirão e estarão felizes, por saberem que não os esquecemos e que em especial neste dia, endereçamos a nossa saudade, o nosso preito, a nossa homenagem, as nossas orações, até eles.