quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Um grande segredo!!!

Olhando alguns pais natais que tenho espalhados pela casa lembrei-me de um Natal de há muitos anos atrás, no dia após as férias do Natal,  em que um grupo de crianças não se fartava de falar das férias, do Pai Natal, dos presentes recebidos e das guloseimas que haviam comido. No entanto, apercebi-me que um dos alunos do grupo se manteve, menos exuberante, menos participativo, menos falador...

Chegou a hora do intervalo e todos correram porta fora ficando o tal aluno, menos falador, que se foi aproximando de mim, que entretanto ia trabalhando.

- Então, que se passa, não vais brincar? - pergunto eu.

- Na, na, eu quero dizer uma coisa à senhora professora, mas é segredo, e não é para a senhora ficar triste, nem para dizer aos outros meninos!...

- Então, o que há?- pergunto.

- É que o pai Natal é o meu pai, eu vi-o vestir a roupa vermelha  e as barbas eram de algodão!!! 

- Não me digas, e ele foi bom para ti!?

- Pois foi, deu-me tudo o que eu pedi!

-  Então, não perdeste nada com a troca! - digo eu.

- Não, ele é sempre bom para mim! E lá vai o menino saltitando, pela porta fora feliz sem ligar mais ao assunto...

Pois é isso aí, para que saibas, quero-te dizer, mas em segredo, que o Pai Natal não existe, talvez já desconfiasses,  mas não querias acreditar, o que existe é a nossa capacidade de apreciar a vida e de a vivermos em plenitude e em liberdade, a vontade de procurar o bem e não o mal em nós e nos outros e a nossa obstinação em ver a luz e o sol em vez da própria sombra. Para além disso só os meus e os teus pais natais de fingir...









segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Pecados...

 

Aqui estou eu, toda pimpolha, a oferecer do meu bolo de natal. Na verdade não costumo fazer bolo de natal e  mais à frente te explicarei o porquê desta minha prática, mas, este ano vi tanto bolo publicado no facebook, que fiquei como que  invejosa e não resisti.
Enquanto ia picando as frutas, os figos, as nozes e misturando  todos os outros ingredientes para juntar os frutos picados, ia-me lembrando de um outro bolo, muito simples, que a minha mãe fazia.
Naquele tempo não se faziam muitas sobremesas nem bolos, só pelo Carnaval, mas a minha mãe aos sábados fazia o bolo de água, afinal os ovos eram caseiros, a farinha também, a água era do poço, e o resto era só muito amor e carinho: A farinha muito bem peneirada, para o bolo ficar "levinho" - como ela dizia - muito bem batido e as claras envolvidas lentamente! No fim ficava um primor! E eu, que  sempre fui muito gulotona, dizia: 
- Vamos fazer uma coberta de chocolate!
- Não, não é preciso, já tem o suficiente, é um pecado, juntar mais coisas, não devemos ser lambareiras, e temos que nos lembrar dos que nem pão têm,  quanto mais bolo.- dizia a minha mãe...
Já estás a perceber, porque não costumo fazer bolo de natal, é porque me lembro das palavras da minha mãe e porque na verdade é um exagero, embora seja muito bom, e para a saúde não deve ser muito aconselhável...
Este ano foi assim, para o próximo ano, veremos!
Boas Festas, com ou sem bolo de natal, o  que não é essencial, mas que não será assim um pecado tão grave, a minha mãe era assim, tinha destas coisas...

domingo, 26 de dezembro de 2021

 Torresmos do céu:

Torresmos e torresmadas
Sabemos que os torresmos são feitos de pequenos pedaços de toucinho de porco, ou de carne com toucinho, que depois de devidamente temperados vão ao tacho a fritar na banha que vão destilando, até atingirem o ponto ideal, que se conhece, havendo também regiões do nosso país a que se dá o nome de rojões a esta iguaria deliciosa.
Contudo, não é destes torresmos que te quero falar, mas sim, de um doce de tacho, muito antigo, feito com açúcar, farinha, manteiga, ovos e amêndoa palitada que em princípio parece muito fácil, mas que tem a sua dificuldade, devido ao ponto de estrada forte que deve atingir, o que se não for conseguido está tudo estragado! Pois eu há muito tempo que não fazia esta especialidade, até pensava que já não sabia fazê-la, mas consegui, e ficaram os ditos torresmos, mesmo do céu segundo o nome da especialidade e conforme podes ver pelas fotos
A respeito da palavra torresmo, há uma outra palavra da mesma família, que é a palavra torresmada que significa uma grande pratada dos mesmos mas também, em linguagem popular, uma parvoíce ou um disparate.
É aí que quero chegar, quero desejar não ter dito, nesta página, ao longo deste ano de 2021 muitas torresmadas, parvoíces ou disparates; Se o fiz, peço-te perdão, foi involuntariamente, e prometo tentar emendar-me no ano novo...
Gosto
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sábado, 25 de dezembro de 2021

Minha Figueira centenária, Minha Figueira Abençoada:

Durante a noite passada

Noite da consoada,

Grandes coisas se passaram

No tronco da velha figueira...

Mas  por estar muito ocupada

Com a ceia atarefada,

Não vi  o que era o brilho

Nem o que  era o alarido ...

Hoje, logo pela manhã,

Fui ver com grande atenção,

Foi grande a admiração...

No tronco da velha figueira

Numa gruta à maneira,

Jesus estava deitado 

E pelos país era adorado!

A vaca e o burro O aqueciam

E os pastores o tronco subiam...

Só me apeteceu rezar:

- Nossa figueira centenária,

- Nossa figueira abençoada.

- Que nos encheste de alegria,

- Porque ao Menino deste guarida

- Nesta noite da consoada,

-Noite de grande  magia!


Clara Faria da Rosa

25/12/2021














sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Em noite de consoada.

 Que esta consoada te seja doce e colorida  como estas mini - pavlovas com redução de geleia de araçá que fiz para a celebrar.

 FELIZ NATAL !







terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Do lixo à luz!

 Não, não tenho vergonha, nem receio de te dizer, que o arranjo do meu portão, este ano, foi feito de material reciclado... Nem de propósito, ao passar no contentor do lixo vejo uma linda e antiga porta, com um bonito vidro martelado, abandonada  a um triste destino, logo ali resolvi dar-lhe o relevo que merecia:

Carreguei-a, com algum esforço, arranquei pregos velhos e ferrugentos, martelei, lixei, pintei e eis o resultado final!

Enquanto tratava deste restauro pensava: - Era mesmo isto que eu queria, era mesmo esta a mensagem que eu queria para o meu postal de Natal! 

- Nunca estamos tão em baixo que não nos possamos levantar, nunca estamos tão necessitados de amor e carinho que mais cedo ou mais tarde isso não se resolva, até quando estamos doentes temos sempre esperança de uma recuperação, Olha a porta que serviu de mote a esta mensagem de Natal...

Este Natal e no Ano Novo lembremo-nos da minha porta velha e do exemplo e incentivo que ela nos traz.

Feliz Natal para ti e tua família , com muita luz!!!





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Feliz Natal para ti e tua família , com muita luz!!!

 O meu coração dói!

Ai dói tanto meu coração
De aflitiva preocupação,
É que vejo o meu Anjinho
Mutilado, triste, doentinho…
Ao meu adorado Menino
Caiu-lhe o seu dedinho,
Fui ver, era o indicador…
Ai que mágoa, ai que dor!
Afinal que doença é esta,
Que tal mal causou ao Menino?
Fui ver, era uma inflamação,
Ai que se me parte o coração!
Uma inflamação, artrite chamada
Ai estou tão preocupada…
Como foi tal mal acontecer?
Triste coisa de se ver !
Então ao hospital o levei
E ao médico lá o mostrei..
-É grave-disse o homem sério,
-Mas não é nenhum mistério!
- É que Ele tem apontado,
E aos homens indicado,
O caminho certo a atingir,
A estrela verdadeira a seguir …
- E como os homens são surdos,
E muitas vezes também cegos…
Fazem que não é com eles,
E continuam maus e reles!
- E o Menino continua a confiar,
E a apontar, a apontar, a apontar…
Até que lhe caia mais um dedo,
Até que o homem tenha medo!
- Medo de si, dos seus actos,
E mude suas atitudes e factos…
Medo da sua grande maldade,
E inunde o Mundo de bondade!
Clara Faria da Rosa
Marília Costa, Ivete Pamplona e 35 outras pessoas
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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O menino do colar:


Uma História de Natal:

Na mais negra escuridão

Na mais Triste solidão,

Na velha casa do Raminho

Sem amor e sem carinho,

Dias, anos, meses e décadas...

Na  casa abandonada

Vazia, desabitada,

Sem dele alguém se lembrar

Sem nunca alguém o visitar,

O Menino de terracota

O Menino centenário

Devia estar triste

Devia chorar da ingratidão

Das pessoas que o esqueceram...

Mas não!

 Ao ser aberta a porta

Do bafiento e frio quarto, 

Lá estava ele 

No  oratório de madeira

Sobre  a cómoda de roseira...

Muito direito e resistente

Muito risonho e contente,

Irradiando uma luz diferente 

Do colar dourado e brilhante

Com que mãos carinhosas, outrora

Infelizmente,  jacentes agora

Delicadamente, o haviam adornado

O Menino, em tempos louvado

Que neste Natal foi resgatado 

E para sempre será louvado!


Clara Faria da Rosa,

Natal de 2021