domingo, 24 de junho de 2012

Marchas de S. João em Angra do Heroísmo

Hoje é dia de S. João. Por ter nascido a 24 de Junho em  todo o país se festeja este santo popular que nos transmitiu a mensagem de que "Devemos mudar os nossos rumos para encontrar a luz".
Longe vão os tempos em que eu , na minha freguesia natal, hoje vila das Lajes, costumava saltar as fogueiras, nas proximidades da minha casa na Aldeia Nova, com as minhas amigas dando vivas ao são João. Penso que esse hábito de se fazerem fogueiras tem a ver com a procura da luz que este santo aconselhava e ainda sinto nos meus ouvidos os vivas a S. João que ecoavam naquelas noites da minha infância e juventude assim como o calor que emanava das labaredas que se confundia com o prazer das brincadeiras e com a camaradagem meiga, desinteressada e pura que então se vivia, quem viveu tal experiência certamente perceberá o que aqui tento transmitir embora mal, porque há certas emoções que só o muito talento consegue descrever.

Agora está tudo diferente e fazem-se marchas para aclamar o santo e as pessoas que não marcham  assistem ao respectivo desfile participando com as suas palmas e o seu apreço.
Deste modo, esta noite,  assisti, na rua da Sé, em Angra do Heroísmo, ao desfilar de 20 marchas que festejavam o S. João, cada uma diferente da outra no tema, colorido, música e coreografia mas todas bonitas na sua diversidade e alegria que contagiava quem apreciava o desfile e se esquecia dos seus problemas e dores. Durante várias horas não houve lugar para tristezas nem lamentações, houve isso sim , uma vontade enorme de viver em plenitude a festa porque há que viver as oportunidades porque esta vida são dois dias e este já vai na conta, portanto toca de ver as marchas que estão mesmo a passar aqui abaixo , é só clicar e apreciar!
De registar a visita de uma marcha que nos veio alegrar  vinda da vizinha ilha de S. Miguel, que nos contagiou e impressionou com a sua boa disposição e elegante participação.

Sanjoaninas 2012 / Cortejo de abertura

Sexta feira passada o dia esteve chuvoso e triste, sentimento que se estendia aos angrenses e terceirenses em geral e sobretudo e naturalmente à comissão organizadora destas festas  por pensaram que o tempo não se propiciaria para a apresentação do desfile de abertura. Quis Deus e a metereologia que a noite estivesse aceitável e  se realizasse o cortejo . Um cortejo leve que atingiu o seu objectivo : lembrar, dignificar, vivenciar as nossas tradições e penso que, sobretudo dar um recado à juventude desta terra no sentido de se orgulharem do património dos nossos antepassados e de o perpetuarem no tempo, não esquecendo que as tradições são a nossa história, e o indicador que nos distingue dos outros povos, das outras gentes, das outras terras. Não somos uma " Maria vai com as outras" temos a nossa cultura, os nossos valores, as nossas vivências e sabemos preservá-las pelo que temos que nos orgulhar disso, dignificar, mostrar e  continuar  o que os outros criaram.
Foi uma noite agradável porque o cortejo, de um modo geral, agradou; Atendendo à conjuntura económica que se vive penso que, todos perceberam o esforço criativo e de organização que foi feito para se apresentar um trabalho digno sem se gastar muito dinheiro e conseguiram!
Sempre pensei não haver grandes segredos para o verdadeiro sucesso, basta trabalhar bastante, ter em mente os verdadeiros objectivos que se pretendem atingir, preparar meticulosamente o trabalho e sobretudo ter em mente o sucesso e os erros dos outros  para aprendermos com eles... penso que tudo isso foi feito e resultou...
Os carros, na sua simplicidade, conseguiram passar a sua mensagem e as damas, pajens, camareira, rainha e chefe do protocolo todos com uma postura digna e bonita.
A beleza, a juventude, a frescura e a alegria imperaram.
Parabéns!!!
Tânia Rocha - A rainha das Sanjoaninas 2012

O desenrolar do cortejo em fotos:

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Festas das Bicas de Cabo Verde/ 2012

O Espírito Santo é partilha e amor!

Este é o Vítor Carreiro, da comissão das festas, no meio de uma manada de vacas. Quem vê esta foto fica com a sensação de que ele é um eficiente criador de gado em vez de  técnico de farmácia que, na realidade, é a sua profissão.
A história conta-se em poucas palavras.
Para os que não sabem as festas do Espírito Santo , nos Açores, são um momento único de partilha de pão, carne e vinho. É neste espírito,  e sensibilizados por costumes ancestrais, que as comissões das festas, ao longo do ano, trabalham para que possam distribuir abundância pelos irmãos do Espírito Santo, pela sua localidade, por colaboradores e amigos.
Há os criadores que se comprometem a colaborar, tratando ao longo do ano de animais, que a comissão comprou ainda vitelos, tudo isto envolvido na fé ao Divino.
O Vítor é uma pessoa de fé mas é sobretudo uma pessoa dinâmica que se dá de corpo e alma aos projectos em que se insere. É portanto nesta e com esta atitude que ele está feliz no meio destes animais, apreciando-os e escolhendo os que são para esmolas, os que são para fazer a sopa, o cozido e as alcatras para a função no dia da coroação e os que são para vender e ajudar as restantes despesas do império, especialmente as obras de restauro por que o mesmo passou.

Tourada das Bicas de Cabo Verde 2012



---- Este painel foi feito de tecidos reciclados para alegrar a minha varanda no dia da tourada.
 
O nosso desejo, sonho e vontade de imaginar e tornar o amanhã, o futuro e o mundo melhores são a força que alimenta   o respeito pela tradição e a vontade de a preservar e perpetuar. O essencial é respeitar e amar o que os nossos antepassados nos deixaram quer sejam bens materiais ou legados culturais.
Pode viver-se sem trabalhar, sem dormir ou comer, sem transportes etc., será horrível, mas vai-se andando, contornando os obstáculos e sobrevivendo, há sempre alternativas. Quanto ao passado não o podemos renegar, ficamos desprotegidos, vazios, pobres se o desvalorizamos. Não há fuga possível, o passado e as nossas tradições são as nossas raízes, a nossa alma, a nossa história... É por isso que nas Bicas de Cabo Verde,embora sendo um pequeno lugar, todos os anos se cumpre a tradição dos seus festejos em louvor do Divino Espírito Santo com uma parte Religiosa e outra social e profana.
Terminaram Sábado, dia 16, essas festas com a sua tradicional tourada à corda, e eu, amante das tradições, sigo as pisadas dos meus pais e festejo sempre esse dia que dá lugar a um agradável convívio em nossa casa. Claro que naquele tempo as coisas eram um pouco diferentes no que toca à "paparoca", eu agora gosto de fazer uns petiscos mais rebuscados, mas não são precisos grandes coisas para se conviver, cada um faz o que quer e pode com a certeza de que nada torna uma casa e uma mesa mais acolhedoras do que a vontade de receber os amigos e os que nos visitam.
Aqui fica um apontamento de um dia agradável, embora chuvoso, em que uma vez mais se cumpriu a tradição.