sábado, 13 de junho de 2015

14 de Junho Vila das lajes em festa

A Vila das Lajes

 Localidade que me viu nascer em 1948, à altura freguesia, faz parte das freguesias do Ramo Grande, no concelho da Praia da Vitória, Terceira, Açores.
 Pelas suas pedreiras escuras e porosas, donde foram extraídas grandes e numerosas cantarias aplicadas na construção de casas, igrejas, ermidas, poços e ladrilhos na freguesia e arredores, adquiriu este nome, LAJES.
Nesta freguesia predominava a agricultura com especial incidência para a cultura do milho e do trigo pelo que se denominava o celeiro da ilha. Ainda tenho presente na memória o chiar dos carros de bois carregados de molhos de trigo a serem transportados para as debulhadoras. O trigo assim como as lajes estão representados na sua heráldica como se pode ver no brasão aqui inserido. Grande parte dos terrenos onde se faziam essas culturas, no lugar das Bugias, foram expropriados para aí se construir a Base aérea das Lajes.
Possuindo, na localidade, uma casa que era pertença dos meus pais, passo por lá muitas vezes tendo, numa delas,  revisitado calmamente a igreja datada de 1546, onde me baptizei , crismei e casei, onde frequentei a catequese no tempo do saudoso padre Gregório Rocha, lembrado numa lápide existente na casa dos Espínolas, junto à igreja. Volvido muito tempo, observei este templo com outros olhos, apercebendo-me de pormenores que à data me escapavam .
Pela janela do baptistério entrava uma réstia de luz que me transmitia uma sensação de calma e paz. Os andores esperavam ser decorados para a procissão que se faria no primeiro domingo de Outubro, São Miguel Arcanjo estava sem asas e a Senhora do Rosário assim como o menino estavam despojados dos respectivos  rosários, Santa Teresinha já segura ternamente o seu ramo de flores, São Pedro Já comanda o seu barco, São Sebastião encostava-se à árvore onde seria sacrificado, o porquinho dormia junto a Santo Antão, São José segurava ternamente o menino e pairava no ar um clima de preparação, limpeza e ordem que me segredava que quando chegasse o dia e a hora, tudo e todos estariam a postos!

Foi esta postura, creio eu, calma, serena e ordeira, transmitida pelos inquilinos da igreja lajense, que   contagiou os lajenses tornando-os fortes, ordeiros, competentes, voluntariosos, lutadores, contornando obstáculos que levaram a sua freguesia ao patamar em que hoje se encontra que lhe  permitiu guindar-se à categoria de vila, o que muito honra a sua população  que está festejando o aniversário da sua elevação a Vila das Lajes que gostosamente saúdo!

Dia de Santo António:

Hoje é dia de Santo António, e ontem celebraram-se , com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa Os casamentos de Santo António.
Nascido a 15 de Agosto de 1195 , diz-se protector dos pobres, auxiliar das coisas e pessoas perdidas e amigo nas causas do coração , sendo por isso que se celebram os casamentos em sua honra.
Nascido numa família abastada, foi baptizado com o nome de Francisco, mudando de nome ao entrar para a ordem Franciscana.
Foi para Marrocos onde adoeceu gravemente tendo sido, por isso, obrigado a regressar a casa, no entanto, uma grande tempestade obrigou-o a aportar Sicília, na Itália, onde entrou na ordem de Assis tendo conhecido S. Francisco de Assis, seu mestre e inspirador.
Começou a pregar tornando-se num grande e inspirado orador, de tal modo que as suas pregações chegavam a alterar a rotina das cidades onde pregava.
Pregando chegou a Pádua,
morrendo no convento de Santa Maria de Arcella às portas dessa cidade, com 36 anos de idade, no dia 13 de Junho, tendo sido mais tarde, transladado para a Basílica de Pádua.
Dedicou-se ao serviço de Deus e dos pobres, pelo que uma das tradições mais antigas, em sua homenagem,consiste na distribuição de pães aos necessitados, em sua homenagem como se fazia e penso que ainda se faz, junto à ermida com o seu nome, no sopé do Monte Brasil, em Angra do Heroísmo, Terceira, Açores.

Santo António o auxiliar nas causas e coisas perdidas

 13 de Junho-dia de Santo António:
Uma broa para Santo António,
Quando eu era criança, havia o hábito de solicitar a ajuda de Sto.António
no caso de se ter perdido alguma coisa, na ocasião, prometia-se uma esmola em louvor do santo que se colocava em cima do muro, junto à nossa casa, caso a graça fosse concedida e o objecto perdido aparecesse.
Normalmente era um pão de milho (broa) que era levado por qualquer pessoa que passasse e que conhecia o hábito.
Eu ainda faço isso, mas a maioria  das pessoas, infelizmente, desconhece essa tradição e bastas vezes ficam até  desconfiadas quando vêem um pão assim abandonado.
Embora este hábito esteja em desuso, deixo aqui esta broa para que santo António encontre a esperança aos portugueses e governantes capazes de levarem este pobre país a bom rumo. 

Tourada à corda na ilha Terceira:


A tourada à corda é uma das tradições culturais que se manifesta com maior evidência na ilha Terceira, Açores. Essa manifestação repete-se anualmente num ciclo compreendido entre Maio e  Outubro e, para além de divertimento é também fonte de receitas  que abrangem várias áreas desde a criação de gado bravo, cujos ganaderos cobram um preço variável, por corrida, conforme a bravura e a fama dos touros, por tourada, à gastronomia pois é sabido que, lugar onde há tourada é lugar de festa nas casas  que compreendem esse percurso cujos donos aproveitam para convidar familiares e amigos para o 5º touro, isto é, para um alegre convívio no intervalo e no fim da tourada, onde não faltam bons e variados petiscos.
Vive-se um clima especial de cores, cheiros, amizades, convívios e alegres burburinhos que só vivendo se pode compreeder .
Por ano realizaram-se nesta ilha cerca de  250/300 touradas as quais geram um benefício económico de cerca de um milhão de euros , segundo um estudo do professor universitário Tomás Dentinho, economista, isto é a diferença entre os custos do espectáculo e os gastos efectuados.
Mas o que é certo é que as pessoas não pensam nestas coisas, deixam as contas e os assuntos sérios para os estudiosos e lá vão, crianças, novos e velhos, para a festa , porque a vida são dois dias e este já vai na conta e se se há-de gastar dinheiro no psicólogo, curando depressões, gasta-se na tourada  e chama-se o rapaz dos cestos, que apregoa guloseimas, gelados e aperitivos e vai-se bebendo uma fresquinha.
- Olha mais, Olha mais, Olha os salgadinhos!!!
Pum! - Estala O foguete,!
- Safa-te rapaz , Olha esse toiro..
- Ai Jesus, credo, que ele morre ali !
- Olé, Olé! Que belo Passe de guarda-sol!!!
 E muito mais haveria a dizer só que não tenho tempo, estou a preparar alguns petiscos, para o quinto touro, logo à tarde!

Manhã de Quarta-feira,
 10 de Junho de 2015










Tourada à corda nas Bicas de Cabo verde:

 Na passada Quarta-Feira foi dia de tourada junto à nossa casa, é sempre um dia de muita alegria e de grande reboliço, convidamos amigos que aparecem e entre eles entram muitos mais que,embora não convidados formalmente,são sempre bem vindos. A tourada à corda na Ilha Terceira, para os que não conhecem,consta da corrida de quatro toiros num arraial, pré estabelecido, que são estimulados pelos capinhas e arremetem contra os mesmos e contra tapadas e muros provocando momentos de grande alvoroço e muita gargalhada. Após a tourada costuma haver momentos de agradável convívio à volta de mesas, mais ou menos compostas, a que chamamos jocosamente "o quinto toiro"

Aqui vão umas pobres quadras que falam das nossas touradas e umas fotos de alguns convidados , parentes e amigos, que nos brindaram com a sua presença:
Na Terceira há touradas
Em bonitos arraiais,
Nos terreiros e canadas
Portos, docas e areais...
-------------------------------
É uma festa animada
A tourada na Terceira,
Dia de muita marrada
E de alguma bebedeira.
------------------------------
Namoros e amizades
Nas touradas se fazem
Negócios e inimizades
Nas touradas se desfazem.
-----------------------------------
Na gaiola está o toiro,
Já está pronta a tapada,
O foguete num estoiro,
Limpa logo a estrada!
--------------------------------------
Os rapazes de um salto
Juntam-se às namoradas
E a velha em sobressalto:
-Ai Jesus,tantas marradas!
-------------------------------------
Nas tascas há bons petiscos:
Batatas, favas, bifanas...
E os homens correndo riscos
Vão olhando as varandas.
------------------------------------
Olha esse toiro, rapaz!
Usa o guarda-sol a jeito,
E dá um passe capaz
Com salero, a preceito.
Clara Faria da Rosa
Junho de 2015