terça-feira, 17 de novembro de 2015

A saladeira da "Torre"


Quando vi, a Torre de Belém  "vestir-se" isto é iluminar-se com as cores da bandeira francesa, num ato simbólico de homenagem às vitimas do terrível atentado  da passada sexta - feira, 13 de Novembro, e como forma de repúdio a todas as formas de terrorismo, lembrei-me que, na verdade esta torre mandada construir no reinado de D. João I e construída no reinado do seu sucessor, D. Manuel I, em estilo Manuelino, tendo representado ao longo dos anos funções variadas  como fortaleza, prisão política, farol e sendo visitada por milhões de pessoas nacionais e estrangeiros de todo o mundo, é a torre mais emblemática e conhecida de Portugal , a que  melhor representa  o nosso país , as nossas gentes, a nossa cultura, o nosso sentir, de tal sorte que, não haveria monumento que melhor representasse  o sentir de tristeza, de pesar e de revolta do povo português perante o fatídico acontecimento .
Vai daí, lembrei-me da  fábrica da louça de Sacavém, célebre unidade industrial de produção de cerâmica, fundada em 1850 por Manuel Joaquim Afonso o qual, por razões financeiras, a teve de vender por volta de 1863, a um inglês John Howorth, que introduziu novas técnicas de fabrico fazendo com que a fábrica se tornasse no expoente máximo da produção de cerâmica, de tal modo que o rei D. Luís I ( 1838/1889 ) filho da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando II  conferiu ao proprietário o título de barão, e  em simultâneo o privilégio da fábrica se intitular "Real Fábrica da loiça de Sacavém". Após o falecimento do barão em 1893, a baronesa associou-se a James Gilman até 1909, data do seu falecimento, data a partir da qual James Gilman  assumiu o comando,da fábrica. Foi o Período Gilman, e foi  por essa,  altura que a torre de Belém foi minimizada e colocada na saladeira hoje chamada " saladeira da torre" a qual tem três estampas, a Torre, propriamente dita, uma caravela, numa clara alusão aos descobrimentos e um pequeno ramalhete que eu penso ser de oliveira sem contudo o poder afirmar.
E pronto, aqui te mostro a minha "Saladeira da Torre" perfeitamente numerada e identificada, do período Gilman. Agora quero toda agente a  procurar no fundo  das peças antigas, que porventura possam possuir, a ver se alguma tem o símbolo Gilman em caso afirmativo, está de parabéns pois tem algo de valor material e sobretudo histórico, imaterial!
São vários acontecimentos, várias histórias entrelaçadas, ligadas, relacionadas  a que  aqui faço referência, uma muito triste, o atentado em Paris que, embora terrível, pode ter muitas leituras históricas, sobretudo a leitura e o estudo de um grupo prepotente, fanático, que não conhece a palavra multicultural, a da Torre de Belém e dos nossos descobrimentos, uma de muito querer que  interpreta  a persistência e o empenho dos nossos antepassados, a de uma saladeira onde  se pode ler a história do nosso país e a minha, de muito gostar destas coisasde saber as suas origens, de relacionar os factos e sobretudo de de gostar de  contar as coisa que sei ...