segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Apontar o dedo...

Sabemos que quando apontamos o dedo para alguém temos  sempre três dedos apontados para nós, verdade que nunca deve ser esquecida porque em vez de criticarmos temos sempre oportunidade para aproveitar a ocasião e ajudar, desculpar, tentar perceber com tolerância, ensinar, fazer, ultrapassar etc. Contudo,esta coisa dos ordenados a baixarem,os impostos a subirem, o custo de vida cada vez pior, da falta de empregos, dos jovens licenciados com empregos precários sem vislumbrarem uma saída, dos medicamentos prementes a serem menos comparticipados, dos jovens casais a quererem comprar casa sem saberem como, atendendo à conjuntura económica em que se vive, das pensões dos idosos a serem penalizadas, dá-me uma comichão no dedo indicador e uma vontade de apontá-lo...
Mas a quem???
A quem se responsabilizou a proporcionar condições para que todos nós vivêssemos melhor, a quem está a ganhar muito dinheiro para pensar nos nossos problemas, a quem andou nas faculdades a estudar para se preparar para isso mesmo e agora está bem assessorado por pessoas que deveriam estar bem  preparadas e naturalmente são bem pagas para saberem o que fazer, a quem bem alimentado e bem vestido tem mais capacidade do que um pobre desgraçado mal alimentado e mal agasalhado, enfim ...já me dói o dedo  de tanto apontar!!! Sempre sem esquecer que os outros três estão continuamente apontados para mim que também tenho algo a fazer, todos temos algo a fazer mais que não seja do que cumprir bem os nossos deveres como donas de casa poupadas, conscientes  e regradas, funcionários pontuais assertivos, delicados, zelosos do património público e trabalhadores , pais que tentem incutir nos filhos princípios de cidadania para que não se vejam papeis e garrafas pelo chão, contentores de lixo novos estragados em poucos dias, montões de lixo ao lado dos contentores só por preguiça de se abrir a tampa ... isto são só alguns exemplos.
Enfim...de quem é a culpa de tudo isto? Em que direcção devemos apontar???
Minha mãe dizia que é feio apontar,contudo, sabendo que os impostos nos acompanham  até ao fim da vida, tenho medo que a situação ainda possa piorar...

Paulo Jorge da Silva Borges

Acabo de chegar de um funeral. Faleceu o colega do meu marido e nosso amigo Paulo Borges.
Era funcionário administrativo na E.D.A.e um grande aficionado das danças de salão tendo sido fundador da Academia das Danças de Salão em Angra do Heroísmo.
Pessoa muito sensata, de fino trato, amigo dos seus amigos, gostava muito de viajar  de receber e de conviver, foi professor de danças de salão na Academia Sénior da Santa Casa da Misericórdia.
Ainda tinha muito que conviver e muito que dançar mas o destino trocou-lhe as voltas e fê-lo partir prematuramente.
Uma romancista inglesa perguntava:
-Para que vivemos, a não ser para tornarmos a vida menos difícil uns para os outros?
O Senhor Paulo viveu pouco mas sei , porque convivi com ele, que  se preocupava com os outros! Nas aulas seniores tentava sempre que os mais velhos, mais cansados ou menos dotados, ultrapassassem as respectivas dificuldades  sem acentuar as falhas existentes que se diluíam no meio de incentivos e gargalhadas...
Não é a primeira vez que falo nesta página do Sr. Paulo, desta vez de forma dolorosa, embora já tenha a idade e o discernimento suficientes para saber que a morte é uma certeza que nos persegue até ao fim e que todos os começos são difíceis especialmente o começo do fim e o amigo Paulo enfrentou-o com muita coragem e dignidade. É por tudo isto que não o esqueceremos e que terá sempre um lugar cativo no nosso coração...

Que o seu caminho seja iluminado pelo reflexo da sua vida!!!