terça-feira, 30 de junho de 2015

A colcha da minha amiga Graça Silveira


No dia em que São Pedro Piscou o olho à minha amiga:

Ao passar da  procissão,

Por ser especial ocasião,
A Graça que é minha amiga,
E muito boa rapariga,
Para  São Pedro saudar,
Para o Santo aclamar,
A sua janela escancarou,
E sua colcha pendurou,
Feita por mãos primorosas,
E de cores muito mimosas,
De retalhos miudinhos,
Muito bem alinhadinhos,
A colcha suavemente abanava,
E a todos muito alegrava,
E o santo o pescoço rodou,
E o olho direito à Graça piscou,
E rindo discretamente,
disse muito concretamente:
-Benditas as horas, dias e anos,
Benditas as mãos e os olhos,
Que são usados e gastos, 
Para fazer tais tesouros... 
-Mulheres bem aventuradas!
-Mulheres tão recatadas!
-Mulheres tão delicadas!
-Mulheres tão criadoras!
Eu vos enalteço
Por este serviço,
Eu vos  agradeço
Por me terem apreço...
Amem!!! 

Clara Faria da Rosa
30 de Junho de 2015

Procissão de São Pedro de Angra





Ontem foi dia de São  Pedro padroeiro da nossa freguesia, a freguesia de São Pedro de Angra do Heroísmo na ilha Terceira, Açores. Por ter morrido a 29 de Junho, assinala-se este dia de um modo especial. Este Santo que foi apóstolo de Cristo e é um dos santos populares com Santo António, São João e São Paulo, teve como nome inicial Simão e foi pescador, depois bispo de Roma e o primeiro papa da igreja cristã,
Na igreja paroquial celebrou-se missa festiva e comunhão solene ao que se seguiu a procissão que decorreu com muita ordem e devoção, este ano, para os lados da Silveira.








segunda-feira, 29 de junho de 2015

O vestido azul

O vestido azul


Soneto azul : 

Quando meu vestido azul usei,
Senti-me bem e pensei:
- Sendo o azul celeste cor,
Porque não reflecte amor?

-Porque é que o azul das  nuvens
Não traz paz aos inquietos homens?
-E porque é que o azul do mar
Não aumenta a sede de amar?

- É porque o azul precisa  ser forte
Anilado, como preciosa safira, 
E fazer do mundo tela colorida, 

Para conduzir o Mundo ao Norte
Sem invejas, maldade ou ira,
Onde o importante seja a Vida!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Que bela troca...

Os adultos, neste caso as educadoras e pais, dão-lhes todo o amor,  dedicação e tempo de que dispõem, em troca, elas dão-se-lhes inteiramente... Estou a falar de crianças, do seu crescimento, do seu desenvolvimento, da sua evolução, da sua doce inocência, do querer fazer bem e agradar.É como que uma flor a voltar-se para a luz no seu lindo e lento desabrochar!
Foi o que se viu ontem passar no centro de Angra, foi o que eu pensava enquanto assistia ao desfilar de muitas crianças que se esforçavam, que se divertiam, mas sobretudo que nos alegravam os olhos e nos aqueciam o coração com aquela ingenuidade, com aquela pureza, com aquela inocência que nos deixa tanta saudade...
Que bela troca!!!












O dedo de Deus:




Cada vez estou mais certa de que  a criatividade tem muito pouco a ver com a cultura académica e muito menos com o extracto social a que o individuo pertence. Defíno-a (de uma forma simbólica), como uma centelha que passa da vontade de Deus para a pessoa e com a vontade e trabalho desta, toma a sua forma definitiva, quer seja na pintura, música literatura, poesia na política, na informática e na vida de cada um, de modo geral.
Vem isto a propósito da homenagem prestada ontem, na Câmara Municipal de Angra  do Heroísmo, Terceira, Açores, a João Ângelo Vieira pelos seus oitenta anos, completados ontem e pela sua postura ao longo dos mesmos, como homem íntegro e vertical que sempre foi, o que não é pouco, nos tempos que correm, mas sobretudo pela figura de primeira que foi nas cantigas ao desafio, com um estilo muito próprio, com um sentido de humor apurado o seu sarcasmo acutilante mas  sempre atento aos outros, meigo, amigo e simples.
Quem não conhece ou nunca ouviu falar "Das Velhas" nas cantigas ao desafio, que quanto a mim se enquadram na lírica portuguesa como  uma forma de cantigas de escárnio e maldizer de sentido crítico e satírico, das quais ele foi um exímio cantador tendo como parceiros os cantadores Doninha, Plácido, Mota e José Eliseu
João Ângelo Vieira  tem no seu percurso de vida muitas homenagens as quais constam do livro biográfico ontem publicado em sua homenagem e como presente de anos, mas conta sobretudo com a maior homenagem que um ser humano pode granjear ao longo da vida; A admiração, a amizade e o respeito dos que privaram e privam com ele ao longo destes oitenta anos.  
Aqui vai uma quadra de João Ângelo, no seu melhor:

Todos estamos sujeitos
A ter dificuldades na vida
Porque todos temos defeitos
E também qualidades.

Parabéns pelas suas qualidades e que não venha a ter dificuldades nos longos anos que desejo, ainda tenha para viver.                                                                                                                                                                  
                                                                        

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O lampião antigo fala das Sanjoaninas(Diálogo):

-Diz-me, amigo lampião:

 -Tu que estás aí especado,
Tu que estás tão ornamentado,
O que tens visto nestes dias?
Conta-me tuas alegrias... 

 -Ai, sou um lampião florido,
Mas estou um pouco dorido,
Todos  a mim  se encostam
Mas nunca de mim se lembram...

 -Mas, antigo lampião
Afinal por que te queixas?
Estás no centro das festas
Não me digas que desgostas!

-Não quero isso dizer
Só tenho a agradecer,
É que  tudo tão iluminado
Até me  me sinto ofuscado...

 -Nunca serás esquecido
 A rua tens enriquecido,
 Abrilhantas nossas marchas
E ficas perto das bandas...

 -Nisso dou-te muita razão
 Está grato meu coração
 Quando a  rainha passou
 Sorriu e para mim olhou...

 -E os desfiles e desporto,
O pezinho e muito povo
E da escadaria da Catedral
Todos te davam aval...

 -Sou um lampião angrense,
Sou um lampião terceirense
Só tenho que estar orgulhoso
Deste povo ordeiro e brioso..

 -Deste povo e desta terra
Desta gente de grande garra,
Que sabem lutar festejando
E fazem a festa lutando!!! 

Clara Faria da Rosa
Sanjoaninas de 2015

Colchas de tear

 colchas nas nossas varandas






As colchas são um primor
Nas ruas da nossa cidade,
Brilham com esplendor
e dão  ar de antiguidade.

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Feitas  em artesanais teares
A rigor e a preceito ,
São certamente resultantes 
De muita  criatividade e jeito.
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Quando as nossas avós
Se sentavam no tear
Pensavam de certeza em nós
e no legado a deixar!
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E deste modo se fizeram
Tecidas, lindas colchas
Que as janelas decoram,
Nas nossas Sanjoaninas.
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Aqui quero enaltecer
Donos de tais janelas,
Que para nos dar prazer
Expõem as suas riquezas!

À procura da luz:

Marchas de São João em Angra do Heroísmo





Hoje é dia de São João. Por ter nascido a 24 de Junho em  todo o país se festeja este santo popular que nos transmitiu a mensagem de que "Devemos mudar os nossos rumos para encontrar a luz". Daí a tradição de se fazerem fogueiras nesta noite, penso eu.
Longe vão os tempos em que eu , na minha freguesia natal, hoje Vila das Lajes, costumava saltar as fogueiras,na noite de São João, nas proximidades da minha casa, na Aldeia Nova, com as minhas amigas dando vivas a este santo. Penso que esse hábito de se fazerem fogueiras tem a ver com a procura da luz que este santo aconselhava e ainda sinto nos meus ouvidos os vivas a São João que ecoavam naquelas noites da minha infância e juventude assim como o calor que emanava das labaredas que se confundia com o prazer das brincadeiras e com a camaradagem meiga, desinteressada e pura que então se vivia. Quem viveu tal experiência certamente perceberá o que aqui tento transmitir embora mal, porque há certas emoções que só o muito talento consegue descrever.
Agora está tudo diferente e fazem-se marchas para aclamar o santo e as pessoas que não marcham  assistem ao respectivo desfile participando com as suas palmas e o seu apreço.
Deste modo, esta noite,  assisti, na rua da Sé, em Angra do Heroísmo,até às 3 horas da manhã, ao desfilar de 27 marchas que festejavam o São João, cada uma diferente da outra no tema, colorido, música e coreografia, mas todas bonitas na sua diversidade e alegria que contagiava quem apreciava o desfile e se esquecia dos seus problemas e dores. Durante várias horas não houve lugar para tristezas nem lamentações, houve isso sim , uma vontade enorme de viver em plenitude a festa porque há que viver as oportunidades  visto que esta vida são dois dias e este já vai na conta, portanto toca de ver as marchas ou, em falta delas. as fotos que mostro as quais não ficaram muito boas porque o lugar onde eu estava não permitiu melhor. É só  apreciar!