sexta-feira, 22 de maio de 2015

Abraços...

Abre os braços e abraça,
Aperta bem apertado,
Faz esquecer a desgraça
Que persegue o abraçado...
Abre os braços e abraça
Suavemente, devagarinho,
De modo que feliz faça
O solitário velhinho... 
Abre os braços e abraça
Com sentimento, de verdade,
Sem olhar a cor ou raça
Num lindo hino à igualdade...
Abre os braços e abraça
Num jeito muito suave,
Os que caíram na desgraça
E que sofrem de verdade...
Olha à volta e abraça o mundo,
Abraça seus sofredores  povos,
E o sofrimento  profundo
Que atinge velhos e novos...
Abre os  braços e abraça
Abre o coração e ama muito,
Para que do amor a paz se faça
E sua semente dê fruto...
Porque neste mundo de fracassos,
Ódios, guerras e rancores,
São valiosos os abraços
E curam males e dores!!!

Clara Faria da Rosa,
No dia do Abraço


Bendita caminha!

À noite, de tão cansada, só me apetece cair na cama e adormecer. É isso, além de andar  cansada sou muito dorminhoca, facto de que não costumo fazer segredo . É verdade, gosto de dormir e habitualmente, acordo retemperada das fadigas do dia anterior e com energia para enfrentar novas tarefas e ultrapassar novos obstáculos.
Deitei-me tarde, passava da meia-noite, e  bastante cansada, tenho andado a fazer limpezas profundas em casa, afastar móveis, limpar tectos, janelas e paredes, veio cá a  casa um pintor, o que causa sempre um certo reboliço, embora no fim fique tudo fresco e agradável. Enfim, cansadinha, mas deitada confortavelmente, com o peso distribuído por uma maior superfície e com o gosto de um bom livro na mão, dei por mim a pensar na importância de uma cama e a interrogar-me sobre a bendita alma que teve a feliz ideia de fazer a primeira cama .
Decidi então, ao levantar-me,  fazer uma breve pesquisa sobre tão importante assunto e fiquei a saber que  Decartes passava diariamente 16 horas na cama, porque era o lugar onde pensava melhor, que Goethe, por sua vez, ditava os seus poemas deitado e que até Matisse, por vezes, pintava deitado, com os pincéis amarrados a bastões para alcançar as telas.
Embora o sono ocupe cerca de um terço da nossa vida, as camas não servem apenas para dormir, como se vê pelos exemplos anteriores, mas deitar-se simplesmente para descansar, é uma das melhores coisas que se pode fazer.
Contudo, os nossos antepassados primitivos, não se podiam dar as esse luxos, porque andavam de um lado para o outro à procura de  caça e de outros produtos para se alimentarem, encolhiam-se para dormir, sobre folhas secas ou peles de animais, em posição fetal, para conservarem o calor e para ficarem menos vulneráveis aos ataques dos animais.
Na idade média, mesmo as famílias ricas possuíam apenas uma cama larga onde se deitava a família inteira e até os animais que lhes serviam de aquecedor.
As camas da realeza tinham balaustradas ou biombos que as transformavam em pequenas fortalezas,e os reis recebiam os amigos e os ministros na cama, pois no período renascentista a posição deitada era uma posição de prestígio!
E muito mais haveria a dizer, sobre estas tão úteis peças do mobiliário onde se nasce, morre, ama ,descansa,  pensa e dorme, contudo, as minhas forças e a minha inspiração a mais não mo permitem, ficando só a possibilidade de aqui  registar um louvor às nossas e em especial à minha, benditas caminhas, pelo que atrás ficou dito...