sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A senhora fina e a sua cheleira:

Entrando o Outono, embora muito suave, senti logo vontade de fazer um chá. Sim, porque todos os que me conhecem sabem que sou muito chazeira... adoro chá, chá verde, chá preto, de ervas, de frutos e ou destas infusões modernas tão aromáticas e saborosas de que há inúmeras variedades. Gosto daquele ritual de pegar no  bojudo bule cuidadosamente, de o acariciar, aquecendo as mãos, e de verter aquele líquido fumegante e dourado na chávena. Às vezes até penso que terei sido, noutra encarnação, inglesa visto ser conhecida a tradição que este povo tem de quando os ponteiros ingleses marcam as 17 horas, fazerem uma pausa  no trabalho, para apreciarem uma chávena de chá com bolinhos, tradição esta que vem do longínquo séc. XVII mas que ganhou mais habituação no séc.XIX por causa da duquesa de Bedford, Anna Maria Russel que sentia sempre umas " agasturas no estômago", como diria o meu pai, entre o almoço e o jantar, e vá daí de tomar um chá com qualquer coisinha que confortasse o estômago! E como eu a compreendo...
Por analogia, também gosto muito de bules e de serviços de chá e também de chaleiras, vasos metálicos onde se ferve água para o chá, que não vêm à mesa, mas que têm muita e relevante importância nesta função. A propósito, quero-te contar uma história da minha meninice em que conheci uma senhora tão fina, mas mesmo tão fina e elegante, e de certa classe social, que sempre que ia fazer chá dizia:
 - Vou pôr a Cheleira ao lume para fazer chá!  Então eu muito atenta e "bispeta", olhava para a minha mãe, abria a boca para corrigir mas a minha mãe arregalava-me os olhos e baixinho dizia-me:
- Cala-te que é uma senhora muito fina, ela lá sabe o que diz!
O que prova que muitas vezes as aparências são isso mesmo aparências, o que interessa é o que vai dentro da pessoa.
E agora, se me permites vou pôr água na chaleira para fazer chá porque sou muito chazeira  e depois tomá-lo-ei numa bela e quente chávena!










quarta-feira, 28 de setembro de 2016

29 de Setembro, dia dos Arcanjos:







Porque não vou à procissão da  Vila das Lajes ...
A igreja católica venera a 29 de Setembro os três arcanjos: São Miguel, São Rafael e São Gabriel. A igreja cultiva esta devoção considerando estes arcanjos protectores e intercessores que, acredita, vêm do Céu em nosso socorro.
Anjo significa mensageiro mas arcanjo é o anjo principal.
 A respeito desta efeméride lembrei-me, que no local onde nasci, que então era freguesia e agora é a vila das Lajes, na ilha Terceira, Açores, no domingo a seguir a este dia, se venera o arcanjo São Miguel que é o orago da Vila.
Quando eu  era criança não sabia que os arcanjos ocupam um lugar cimeiro em relação aos anjos na corte celestial,o que agora me orgulha muito, por ter convivido na minha infância com um anjo principal....contudo,  admirava esta imagem pela sua postura, pois ele equilibra-se continuamente só num pé, o que para uma criança é um feito notável, diga-se de passagem, e policromia muito suave e quando ia à igreja nunca a olhava directamente nos olhos  pois tinha medo que ele lesse o meu olhar e se apercebesse das minhas faltas e as pesasse na balança que segurava continuamente com o indicador e o polegar da mão esquerda, fazendo a balança oscilar perigosamente, pois eu na minha inocência infantil pensava ser uma grande pecadora...
São Miguel Arcanjo, segundo a bíblia é um dos sete espíritos assistentes ao trono do altíssimo, um dos grandes príncipes do Céu e ministro de Deus.
É por isto que domingo próximo, é dia de procissão de São Miguel Arcanjo na vila das Lajes e a sua imagem vai em andor percorrer a artéria principal da vila a abençoar os seus habitantes e forasteiros que nesse dia tradicionalmente a visitam. Então, estou em crer, que a balança vai-se inclinar pesando as faltas dos lajenses e visitantes e eu não vou, porque tenho medo, que o arcanjo ao dar por mim, pese os meus pecados, e a balança não aguente, caia com grande estrondo e todos ficarão sabendo que sou grande pecadora !
Esta é a imagem de São Miguel arcanjo da igreja da minha terra natal que costuma estar no altar- mor mas a fotografia foi tirada no dia anterior à procissão e ele foi apeado do seu lugar para ser colocado no andor e decorado a rigor, no que os lajenses são exímios!

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Outono...

Ouves?
A folha caiu
Grávida de luz e de sol,
Com saudade lá partiu
Dourando o chão com lençol.
Ouves?
O vento apressado sopra,
Querendo ser o primeiro,
Diligente mensageiro,
Dos bons tempos de outrora.
Sentes?
O frio já arrepia,
Anunciando noites longas
De aconchego e alegria,
Encantadoras,
Mágicas, 
Calmas!

Clara Faria da Rosa


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

No Dia Internacional da Paz

A Paz é luz que aquece,
Ilumina, e engrandece...
A Paz é luz que nos guia,
Na caminhada dia-a dia.

A Paz faz-se na estrada,
Faz-se do tudo e do nada...
A Paz faz-se à  volta da mesa,
Na rua, na escola e em casa.

A  Paz faz-se na esperança,
No perdão, na tolerância,
E também na temperança.

A Paz não é arrogância,
É flor, é simples criança,
E amor em abundância!

Clara Faria da Rosa
21/09/2016
(Dia Internacional da Paz)

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Esquerdinos e destros e a tesoura da minha mãe




Calcula-se que 10 a 12% da população mundial seja esquerdina, os ditos em linguagem corrente, canhotos, ou seja os que têm mais habilidade na mão esquerda e nos membros do lado esquerdo e sofrem para se encaixar num mundo maioritariamente de destros, isto é dos que utilizam preferencialmente a mão direita.
Embora este seja um assunto que tem exigido aos especialistas muitos e aprofundados estudos, o que se refere logo à partida, é que se trata de uma predisposição genética que ao longo dos tempos causou muito sofrimento aos que a tinham, chegando-se ao ponto de punir as crianças por usarem a mão esquerda . Sabe-se que os esquerdinos têm mais tendência para a genialidade, bastando para o confirmar citar alguns esquerdinos famosos como:
-Einstein (Cientista)
-Angelina Jolie (Actriz)
-Napoleão Bonaparte (Imperador de França)
-I Newton (Cientista)
-Bill Gates ( fundador da Microsoft)  e muitos mais...
Tem cabimento citar aqui os ambidextros , aqueles que têm capacidade de utilizar igualmente as duas mãos de forma normal e com a mesma habilidade, embora eu pense que essa característica tenha a ver com questões de educação e ou foram forçadas a contrariar a sua tendência natural tornando-se versáteis em ambas as mãos.
A minha mãe era esquerdina numa época em que isso era considerado um defeito grande e grave e não havia as respostas  e os utensílios criados a pensar nessa diferença, sendo costureira de profissão, toda a vida cortou tecido com a mão esquerda, com uma tesoura fabricada para os destros, mas ela nunca desistiu, insistiu e acomodou-se de tal forma que ganhou uma calosidade no polegar esquerdo, que a acompanhou até à morte.
Guardo essa tesoura religiosamente sentindo que  merecia estar num cofre ou numa vitrine pelo que representa para mim pois foi, em parte, graças a ela que  tive possibilidade de me deslocar para a cidade e frequentar o ensino secundário e o magistério primário e também ganhar a faculdade e a capacidade de comunicar contigo de forma simples, acessível e compreensiva!
Foi  por isso que a emoldurei, e coloquei num local estratégico, para me lembrar que, quando queremos muito uma coisa, não há obstáculos que nos consigam derrubar!


sábado, 3 de setembro de 2016





Chapéus há muitos...
A propósito do meu trabalho anterior, em que falo do chapéu de Ana Zamperini, lembrei-me de uma frase, imortalizada pelo actor Vasco Santana no filme "A Canção de Lisboa", uma película a preto e branco com a duração de 1h e 58m, filme filmado em 1933 tendo sido a 1ª produção sonora integralmente realizada com meios técnicos portugueses.
Numa cena filmada no jardim Zoológico de Lisboa, Vasco Santana proferiu a célebre frase: "Chapéus há muitos, seu palerma!".
Pois é verdade, chapéus há muitos, de vários modelos, de diferentes materiais e para várias finalidades, para proteger do frio ou do calor, para decoração ou para embelezar e complementar uma toalete ou toilette ( Forma também aceite , que vem do francês, não confundir com o s. m. - o toalete( banheiro). Estes, os ditos chapéus, podem ser usados de várias maneiras com mais ou menos galantaria, enterrados na cabeça, para a frente, para trás ou sobre a orelha direita, à semelhança do que fazia Ana Zamperini, contudo o que se vem verificando é que desgraçadamente, cabeças há poucas, como diz o ditado, especialmente em pessoas que ocupam cargos de responsabilidade que mexem com o futuro de muita gente, e a minha já foi melhor do que agora, para mal dos meus pecados...Não sei porquê, a propósito de cabeças, dou por mim a pensar nas muitas cabeças que integram as várias listas, dos vários partidos às eleições regionais, umas novas, outras nem tanto, que se propõem apostar na qualificação, requalificação e desenvolvimento das várias ilhas dos Açores, só não percebo porque isso já não foi feito. pois tiveram todos oportunidades para o fazerem , terá sido falta de chapéus, de cabeças ou de vontade?

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Nas bodas de ouro da Cecília e João Couto


Caros amigos, hoje é um dia especial para vós, dia de celebrar a alegria, o amor e a amizade, conforme diziam no cartão que nos convidava a juntar-mo-nos  a vós nos cinquenta anos da vossa vida em comum,
Às vezes descuidamos as nossas amizades,  e poucas pessoas conservam as amizades antigas, contudo ao sermos colegas de trabalho permitiu-me ganhar a  tua amizade Cecília que muito prezo, muito significou para mim e que quero conservar...
Lembro-me muito do que dizias sobre a felicidade:
- Construir a felicidade dá muito trabalho!!!
Pois vocês conseguiram, construíram uma família linda, viveram ao longo destes cinquenta anos de forma exemplar e digna, ultrapassaram corajosamente e de forma airosa desaires e momentos menos bons e aí estão para nos mostrar que querendo podemos vencer! 
Parabéns e que venham muitos mais anos para mostrarem a todos que a felicidade dá trabalho mas é muito gratificante...