quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

E a menina sonhava...

E a menina sonhava,
Tinha estrelas nas mãos,
E o luar no olhar,
O Mundo era todo seu!
E a menina esperava,
Por um Mundo a descobrir
Lindo, justo, especial,
Com crianças a sorrir!
E a menina acreditava,
Doce, esforçada e confiante
Que todos eram iguais,
Que a diferença não importava,
Que o Mundo ninguém rejeitava!
E a menina, sã, confiava, sonhava, esperava...
Mas a menina aprendeu,
Que os sonhos são só sonhos,
Que as estrelas brilham menos,
E que o Mundo é só de alguns,
E que rejeita os restantes!

Clara Faria da Rosa
Senti-me uma Princesa!

Acabei de ler o romance histórico de Isabel Stilwell "Entre o Céu e o Inferno" que nos conduz através da vida de Isabel de Aragão que nós vulgarmente conhecemos por Rainha Santa Isabel. Nascida em 1270 em Saragoça, criada pelo avô Jaime I de Aragão, o conquistador, e que casou com D. Dinis rei de Portugal.
A certa altura, conta então Isabel Stilwell, que no Natal de 1281, ia Isabel fazer 12 anos, foi combinada o casamento de Isabel com o rei de Portugal. Os homens de D. Dinis chegaram com a procuração para receber o dote e conduzir a então princesa a Portugal. Fizeram-se as negociações, o dote seria de trinta mil libras ao câmbio de Barcelona, fora as pratas, os ouros, as baixelas, os tecidos ricos e as jóias, esperou-se que a rainha fizesse 12 anos, conforme a igreja o exigia e  marcou-se o casamento para o próprio dia do aniversário,11 de Fevereiro, uma Quarta-Feira de cinzas.
Foi então que o velho mordomo-mor de seu falecido avô Jaime I de Aragão se apresentou a cumprir uma missão, sendo fiel depositário do presente de casamento da neta mais velha e mais amada  do falecido rei de Aragão, junto da princesa depositou uma linda caixa de madeira decorada com rosas pintadas.
Isabel rodou a chave e devagarinho levantou a tampa vendo a coroa da tia-bisavó Constança com um diadema de ouro, pérolas e gemas e, logo ali, decidiu que a iria usar no dia do seu casamento...
Esta caixa que escondia um tesouro, fez-me lembrar de um simples presente que recebi no Passado recente Natal e do qual demorei em falar por muitos afazeres...
Sim, à semelhança da princesa, também recebi uma linda caixa com embutidos na tampa, e que trazia não ouro, pérolas nem esmeraldas mas o que para mim é também um tesouro...
Ao abri-la deparei-me com muito carinho, muita cultura, muito saber... Botões antigos de modelos e materiais que já não se encontram,  um agulheiro e um furador de marfim, rendas e galões antigos e lindos, "samplers" palavra que vem do francês "exemplaire" onde se registavam os modelos de desenhos, bordados e pontos para depois serem copiados e até, imagina uma pequena chave com uma delicada fita cor-de-rosa. Senti-me uma princesa!
É caso para dizer que todas as mulheres se podem sentir princesas, é só procurar a ocasião ou o motivo!
























quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Império de Bicas de Cabo Verde

Padre Filho Espírito Santo - Que Deus te Acrescente!|

Ontem foi dia de cozer pão no forno da despensa do Império de Bicas de Cabo Verde. O forno já não era usado há algum tempo por isso estávamos com algum receio mas afinal correu bem.
A minha vizinha Isolina Fialho foi a mestra e eu a ajudante, o forno teve que ser bem aquecido, o rodo bem molhado pois estava muito seco , fizemos um varredouro com faias e foi então altura de se amassar usando um fermento que a Isolina fez com batata doce-
Tuca, tuca, tuca, toca a amassar, acrescentando água de vez em quando, não é tarefa fácil pois exige esforço, mas serviu para pensarmos nas nossas antepassadas que faziam isto regularmente.
Ao acabar de amassar, Lá se fez o sinal da cruz, e abafou-se bem, Enquanto isso preparou-se o tendal , foi então altura de se esperar que levedasse.
Quando demos por nós - Louvado seja Deus! - já a massa quase transbordava do alguidar... Foi altura de tender bolos de tamanhos semelhantes e de, passado pouco tempo, os colocar na pá enfarinhada para se meterem no forno. esta tarefa exige perícia e experiência...
Que Deus te acrescente!- disse a Isolina ao olhar o pão todo arrumadinho, a gostar daquele quentinho e a ficar corado pensando quiçá no milagre da vida e na maravilha da transformação dos produtos...
Esperou-se e então, ficámos maravilhadas com o produto do nosso trabalho. Diz lá se não ficaram lindos os nossos pães? Ainda antes de saírem do forno, já estavam todos vendidos! Agora que conhecemos o forno estamos prontas a repetir a experiência.




















segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Uma segunda oportunidade!



                                      
Tinha sido um lindo vestido, de bom tecido, bom corte, bem confeccionado e com um brilho apelativo; Tinha ido a festas e casamentos, fizera a sua época, sentira-se bem no corpo da sua dona, ajudando-a a fazer boa figura e a atrair olhares, mas tudo isto passara... Agora não passava de um trapo, amarrotado, estragado e com passagem de traças que tinham deixado as suas marcas!
E foi aí que eu, tendo pena e apreciando aquele lindo tecido, resolvi desmanchá-lo, lavá-lo e reaproveitá-lo. Enquanto procedia a esta reciclagem pensava:
- Na verdade, o que se está a passar com este velho vestido é o que se passa com a vida que oferece sempre segundas oportunidades para quem tiver capacidade para reconhecê-las e coragem, força e vontade para agir! Temos é que saber procurar o que nos está faltando naquilo que temos... quer seja  na felicidade, na  realização pessoal ou num simples acto de reciclagem.
O meu vestido parece ter tido sorte, transformou-se num lindo pano de mesa que servirá de base a um agradável encontro aquecido por um cafezinho fumegante .
Ora diz lá se não valeu a pena esta segunda oportunidade que dei ao vestido, foi tudo aproveitado, até a fita da bainha serviu para debruar à volta. Ousa dar uma segunda oportunidade às roupas  que já não usas e faz lindos trabalhos quiçá bonitos presentes de Natal!









Quando a linha da vida se parte:
É, desde sempre, que me lembro desta caixa, no canto do estrado, na minha casa das Lajes; Era o trabalho leve da minha mãe!
Ao
s Domingos íamos à missa, almoçávamos, a minha mãe levantava a mesa e lavava a louça e, como não se trabalhava ao Domingo, ela sentava-se a fazer um trabalhinho leve, o seu crochet... a minha mãe sempre foi uma mulher determinada que se deu à vida e ao trabalho, não era ociosa nem sequer tinha passatempos, estou em crer que ela nem conhecia esta palavra: Passatempo...
E sempre foi assim, até ao fim, de tal modo que quando faleceu, andava a fazer uma renda para um lençol.
Partimos, mas as coisas ficam, e lá ficou a caixa, abandonada no canto do estrado, como se também tivesse perdido a vida .
Ao abri-la, deparei-me com o trabalho inacabado e pensei como a vida é repleta de imprevistos e como nós nunca consideramos que a meta foi atingida, é muito difícil considerar que a nossa actividade terminou, só se por infortúnio do destino, isso acontecer inesperadamente, como foi o caso.
Num rasgo de saudade e de impotência, perante a dura realidade, emoldurei, como recordação, o trabalho inacabado assim como a farpa com que a minha mãe fazia o seu crochet.
Já lá vão muitos anos, contudo ao olhar para estes objectos lembram-me sempre, naturalmente, a minha mãe e, como é efémera a linha que nos agarra à vida, a qual pode ser quebrada a qualquer momento.
É por isso, para que tenhamos esta realidade sempre presente, que conto esta h
istória de uma mulher que "crochetou" a vida com muita garra e determinação, até que a linha se quebrou!








sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Sorriso

O sorriso lava-nos a alma
E alegra quem o recebe,
Um sorriso verdadeiro e calmo
A qualquer um enternece...

Ai eu quero sorrir sorrir
E que meu sorriso se espalhe
Como uma flor ao abrir
O seu perfume te orvalhe...

Enternece o velho e o novo
O pobre, o rico e o remediado
A nobreza, clero e povo
E quem está angustiado...

Ai eu quero sorrir sorrir
Até meus dias findarem
Até meu corpo partir
Até meus lábios gelarem...

Não regateies sorrisos
Nem os guardes - pensa bem!
Porque sorrisos são mimos
Que se dão e se recebem

Ai eu quero sorrir sorrir
Para ti que és minha amiga
E para quem detesta rir
Ou para ti minha inimiga...

Hoje sorrio para toda a gente
Com enorme carinho e ternura
Com amizade e muito contente
Desejando-vos muita ventura...

Ai eu quero sorrir, sorrir
Para além da minha vida, 
Meus lábios hão-de florir
Mesmo depois da partida!!! 

Clara Faria da Rosa
18/01/2019 - Dia Mundial do Sorriso


terça-feira, 15 de janeiro de 2019

O arranjo de Natal que falou!

 Só ontem  natalícia, comecei a guardar as decorações de Natal, os Meninos que estavam sobre as mesas,as louças que costumo usar nesta época...Enfim, tu sabes o que pretendo dizer, ia ficando tudo mais triste, mais escuro, com pouco brilho e pouca cor o que se reflectia em mim...Só me faltava  centro de mesa que diga-se a verdade, ainda estava bastante viçoso!
Resoluta lanço mãos à obra e lá me dirijo ao dito arranjo para o lançar ao lixo, quando ouço dizer:
-Estás de tal forma  obcecada com a tua tristeza por se ter acabado o Natal que nem te dás conta de que as minhas folhas de nespereira, que apanhaste debaixo de chuva, continuam verdes e viçosas. Olha para mim e ficarás alegre, com a minha graça e  frescura e pensarás na alegria e satisfação que te trouxe e aos teus familiares e amigos que se sentaram , nestes dias, à volta desta mesa ...
Admirada reparo, com olhos de ver e constato que na verdade, não há necessidade, de o desprezar, simplesmente por causa de uma data.
- Tens razão, respondo eu, se liberdade é a gente poder fazer e pensar o que quiser, não vou pensar em algo desagradável como o fim de uma festa, que eu aprecio sobremaneira, nem vou deixar que isso me acabrunhe. Vou ser ousada e deixar que esse espírito de Natal permaneça na minha casa, com a tua ajuda, afinal não há nenhuma regra que me obrigue a deitar-te fora só porque já passamos o dia 6 de Janeiro! 
-Fico contente, respondeu-me o arranjo, por ser aceite tal como sou, um pouco ultrapassado no tempo, e continuar a ser um factor de satisfação e alegria, na tua casa e na tua vida,
-Até vai ser divertido, ter-te por mais tempo na minha vida, respondo. 
É isso que precisamos todos, aprender a  apreciar o lado divertido das coisa para nos tornarmos sábios, fortes e felizes neste novo ano de 2019.
Afinal, em teoria, o Natal  pode ser todos os dias , e eu posso ter um arranjo de Natal quando quiser!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019



Com mais de cinquenta anos...

Não tenho quarenta, nem cinquenta, mas setenta
Não sendo jovem, meu coração não envelheceu,
Faço mais do que muitas de vinte ou trinta
Minha capacidade de amar e de sorrir permaneceu...

Sinto-me feliz por ter chegado aos setenta
E tu jovem, até onde chegarás ?
E tu sendo novo, com garra a vida enfrenta
Luta, sofre, ama e assim vencerás...

Então aparecerá um parvo qualquer
Que anunciará aos quatro ventos
Que depois dos cinquenta não se é mulher...

Sinais de modernos e conturbados tempos
Que não privilegiam o envelhecer
Nem o  que somos mas o que parecemos!!!

Clara Faria da Rosa
14/01/2019











Império de Bicas de Cabo Verde,

Chá do Espírito Santo:
EXPOSIÇÃO
Como não somos de dar ponto sem nó, e como também entendemos que todas as coisas e acontecimentos podem ter várias vertentes, aproveitámos o chá que realizámos no passado  dia 12 e , numa atitude pedagógica, relacionámos o evento com objectos que nos são queridos e que em muitos casos contam histórias das nossas famílias, das nossas vivências e fizemos uma exposição de bules, chávenas e outros objectos relacionados com o ritual do chá  e assim decorámos apropriadamente o espaço.
Foi muito engraçado ouvir os comentários das pessoas ao relacionar as peças expostas com algumas que faziam parte do seu imaginário e experiências passadas.
Aqui ficam alguns apontamentos fotográficos, para os que não puderam vir!