quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

As costureiras do Carnaval terceirense:






Tesoura, dedal e agulha de ouro para as Costureiras
do Carnaval terceirense 2015

Uma profissão, quanto a mim, constrói-se com muito amor, gosto e persistência, o que leva obrigatoriamente à eficiência. A profissão é, muitas vezes a fotocopia do carácter da pessoa ou grupo, pois através do modo como os mesmos desempenham o seu múnus ficamos com uma ideia precisa do individuo ou grupo e daquilo que representam para a sociedade em que se inserem.
Vem isto a propósito, do Carnaval terceirense de 2015, embora este já esteja no seu rescaldo e estejamos já a caminho do 2º domingo de Quaresma; É que, muito se falou e fala, em termos eufóricos, do convívio salutar dos ensaios, das vivências de aprendizagens e afectos gratificantes dos elementos participantes nas danças e bailinhos de Carnaval, dos  autores das músicas, cantigas e enredos, fala-se de estilos de bailinhos tradicionais e inovadores e das novas abordagens que se têm apresentado, das rimas, dos puxadores e das suas vozes , da poesia das cantigas, enfim isto e muito mais, contudo, pouco se fala das costureiras que muito e bem e bom fazem para enriquecer este nosso Carnaval. Tenho pena que ao correr do pano não se anuncie a autora ou autoras de trabalhos que nos enchem os sentidos de cor e magia tal é, em certos casos o requinte a originalidade e a perfeição dos trajes que se apresentam.
Para as costureiras, obreiras do Carnaval 2015 da ilha Terceira, que nos encheram os olhos de tanta beleza e nos provaram que o trabalho de cada um é uma força que faz avançar a humanidade, aqui vai a tesoura, o dedal e a agulha de ouro, bem merecidos, por sinal!

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Baú das memórias

Baú das memórias:
Ontem e hoje desfilaram por essas ilhas muitas escolas com os seus alunos festejando o Carnaval. Uma atitude lúdica que, quanto a mim promove a criatividade, a interactividade e o gosto e respeito pelas tradições. Fi-lo muitas vezes e em vários anos e variadas comunidades escolares, como neste exemplo, em que a escola de Vale de Linhares freguesia de São Bento de Angra desceu à Baixa citadina para dar continuidade ao projecto educativo da escola que era a alimentação. À minha sala ficou a incumbência de tratar dos frutos e foi assim que num processo interdisciplinar reciclaram, pintaram, recortaram, colaram, criaram e estudaram, registaram as propriedades dos frutos cumprindo o que estava planificado e...lá vão eles, isto em 1994.
Contudo a vida não é só Carnaval, na 1ª foto temos a Lisandra de ar triste ou zangado, não me lembro, o que penso agora é que ela estava antevendo ou adivinhando que não estaria muito tempo entre nós e estava zangada com a partida que o futuro se preparava para lhe pregar.Saudades!










Baú das memórias:
Nenhum ano, nenhum mês nem nenhum dia é igual ao outro, contudo, não podemos fugir deles, ficam a fazer parte de nós, da nossa história depois de os vivermos, não podemos fugir disso e muitas vezes, é difícil esquecer o nosso passado, os momentos da nossa vida que já acabaram .Hoje deu--me para relembrar, para visitar o baú das minhas memórias e este dia em que com os alunos da escola Infante D. Henrique percorri a rua da Sé, em Angra do Heroísmo vestida de dama antiga, isto em 2001,nesta sexta feira que antecede o Carnaval ,não tendo grande habilidade/ criatividade para fantasias, fui ao sótão da minha sogra e o resultado foi este. Saudades!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015


A Máscara:

A máscara

Do rosto esconde:
Os olhos, a tristeza e a saudade
A idade, preocupações e maldade...
A máscara a pessoa transforma
E nova personagem aparece:
- Folgazona e irreverente,
- Trapalhona e divertida,
- Brincalhona e desinibida;
No Carnaval com a máscara
A pessoa se descobre,
Acredita ser capaz,
Acredita ser diferente...
E como num sonho liberta-se
E até se torna jovem
Quando a juventude já passou!

  
Carnaval de 2015
CLARA  FARIA DA ROSA


Dia de comadres




Dia de comadres:
Por cá, nos Açores, é tradicional festejarem-se as quatro quintas-feiras que antecedem o Carnaval , as quais são conotadas, com esta ordem, com o dia das amigas, dos amigos, dos compadres e das comadres.
Hoje, comemoram-se as comadres isto é a madrinha em relação aos pais do afilhado/a ou a mãe do afilhado/a em relação aos padrinhos. Então, juntam-se comadres, em almoços, jantares e lanches, fazem-se telefonemas e trocam-se mensagens e prendas para lembrar uma função tão importante, pois se pensarmos bem na palavra, concluímos que a mesma significa estar com a mãe ou no lugar desta para a ajudar, coadjuvar ou substituir nas suas funções. Que isto não seja necessário, mas se pensarmos a sério no assunto é isto mesmo que significa.
Quanto a mim pensei a sério nas minhas comadres quer nas madrinhas do meu filho, quer nas mães dos meus afilhados/as que no fundo acumulam essas funções fazendo o favor de serem minhas amigas...
Esta é a minha maneira singela de lembrar o dia, embora não seja um comadre conforme estipula a lei, mandando a todas, à minha cunhada Nélia Faria da Rosa que é uma madrinha na verdadeira acepção da palavra, à Srª enfermeira Gorette Mendes na Fonte do Bastardo, à minha prima Hercília Aguiar nas Lajes, à velha Amiga Guida Gomes na Ribeirinha, S. Miguel, à Isabel Sousa em São Bento, um abraço desta comadre com votos de que vivam muitos dias de comadres !
Lembro também com saudade, neste dia de forma especial, as minhas comadres que já não estão entre nós.
Já agora, cito alguns ditados populares usados em relação a este parentesco, acrescentando que o substantivo também se usa para classificar uma amizade por vezes associada à coscuvilhice ou maledicência.
-Comadres,comadres, segredos à parte...
-Brigam as comadres, descobrem-se as maldades...
-Comadre zangada o que viu e ouviu transmitiu...
Rosas para as minhas comadres com muito carinho e amizade.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Uns no limpo, outros no lixo...


Estive uns tempos ausente, pelo que me não tenho abeirado desta página. Problemas de saúde, embora sem gravidade de maior!
Sentia a visão nublada, embaciada, enevoada; Pensando precisar de lentes novas lá me dirigi ao médico oftalmologista que me explicou que isso não resultaria porque o que se passava comigo era um problema gradual de opacidade do cristalino, devido à idade, a que se dá o nome de cataratas, e que isso só se poderia corrigir através de operação. Lá fiz as ditas operações nos dias 13 e 15 do passado mês parecendo ter corrido tudo bem. Vejo agora muito bem, não precisando de usar óculos para ver ao longe, só para ler . O meu marido até diz, a brincar, que eu agora estou a ver de mais!!!
A ver de mais não diria, porque a bem da verdade, nunca se vê de mais, há sempre coisas lindas a apreciar, trabalhos minuciosos a fazer, textos bonitos a escrever, bons livros a ler e rostos queridos a memorizar, o que me aconteceu, foi que vi ontem com estes meus olhos reciclados, o que não queria nem nunca pensei ver na nossa ilha Terceira!

Ontem ao entardecer, junto à minha casa, uma anciã de rosto triste, olhar cansado e andar trémulo, vasculhava o lixo, à procura de latas e outros recipientes metálicos, que pudesse vender para ficar com mais alguns euros que complementassem a sua mísera pensão de reforma...
Foi aí que me lembrei de Saramago, o nossa Nobel da Literatura, e de uma passagem do seu livro "Memorial do Convento" que me divertiu e ao mesmo tempo me levou a uma profunda reflexão:
Conta ele que Dona Maria Ana de Áustria filha do Imperador Leopoldo de Áustria casada em 1708 com o 24º rei de Portugal, D. João V, quando queria sair do paço para as suas devoções em várias capelas, ermidas e igrejas,  acontecia o seguinte:
(e passo a citar Saramago)
"Põem-se em ala os alabardeiros, e estando as ruas sujas, como sempre estão, por mais avisos e decretos que as mandem limpar, vão à frente da rainha os mariolas com umas tábuas largas às costas, sai ela do coche e eles colocam as tábuas no chão, é um corrupio, a rainha a andar sobre as tábuas, os mariolas a levá-las de trás para diante; Ela sempre no limpo, eles sempre no lixo!"
Pois é, já se passaram mais de três séculos, e continua tudo na mesma, uns sempre no limpo e outros sempre no lixo!
E eu operei os meus olhos para ver isto...