quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Filosofando com o Pai-Natal

Pelos caminhos da acaso encontrei o Pai- Natal , anafado, luzidio, bem-posto e, embora apressado, com ar de que está de bem com a vida; daí o meu espanto!
-Como podes tu estar com esse ar calmo e  feliz, quando à nossa volta o que mais se vê são sinais de infelicidade, de tristeza, de faltas, de fome, de ódios e rancores? Pergunto eu indignada - tu que muito vês por esse Mundo fora, no teu périplo anual, que sabes bem que devias carregar nesse teu grande saco era um antídoto contra a infelicidade, a solidão, o desajustamento social, o desemprego, o ódio. a ganância, a inveja e a petulância e desvergonha de alguns governantes e de quem tem responsabilidades a nível alargado para com a sociedade e os cidadãos!
Foi aí que o homem de barbas me olhou calmo mas  displicente e se me dirigiu nestes ternos:
-Embora haja no Mundo muito desespero tenho a certeza de que não está condenado e de que muita coisa vai passar e mudar, com o tempo o equilíbrio e o bom senso vão prevalecer e  imperar!
-Não posso compreender nem acreditar no  que me acabas de dizer -digo-lhe eu, estupefacta, com aquela resposta inesperada.
-Há muita coisa sobre os outros e sobre o que nos rodeia que nunca chegaremos a compreender, é suficiente aceitarmos que todos somos às vezes irracionais, petulantes, infantis e injustos- responde o velhinho com quem começo a simpatizar, assim  como com a sua postura filosófica.
-Mas porquê- pergunto eu -porque é que os homens são assim?
-O saber  porquê, não é tão  importante, com o dever que  todos temos  de tentar impedir que os outros sofram por nossa causa!
-São  palavras sábias, Pai-Natal, de si não esperava outra coisa, atendendo à sua idade e experiência...
-Todos confundem a minha idade com sabedoria e maturidade por isso aproveito esta oportunidade para aconselhar que se amem muito, que ponham os conflitos de parte, que não se intrometam no que não lhes diz respeito e que compreendam que ninguém é sempre feliz, nem feliz para sempre. 
-E a mim, Pai-Natal, tem algum conselho em particular que me queira dar ?
-Sim, Clara, deves ter sempre em mente que a imperfeição é própria do ser humano e saber aceitar os desapontamentos e as frustrações com que te deparas no dia-a-dia!
-Mas eu sei isso, mas eu faço isso -balbucio eu muito envergonhada, por aquele homem conhecer tão bem os meus defeitos os quais por vezes até a mim escapam...
-Pensas que sabes, pensas que fazes, tens muito que  melhorar...
Após esta conversa pus-me a pensar e concluí que pelos vistos os anos que me restam de vida não vão chegar para o tanto  que tenho que melhorar, vou ser sempre aquela Clara trapalhona, impetuosa e faltosa!