segunda-feira, 28 de março de 2016

Reflexão pós Páscoa:



Asas de galinha e ovo de folar:
Sempre me admirei, ao longo da minha meninice e juventude de a minha mãe preferir as asas de galinha a um qualquer pedaço mais saboroso e suculento. Na canja, guisada ou assada ela dizia sempre:
-Comam, esta perna, este peito ou esta cocha que eu como a asa, gosto muito de asas!
Aquilo causava-me certa estranheza, afinal eu nem sabia comer uma coisa tão estranha  mas, na despreocupação natural da idade, lá comia e corria para a brincadeira sem aprofundar o assunto.
Mais tarde, quando comecei a ter a responsabilidade de pôr a mesa e a preocupação de que tudo corresse bem e que todos ficassem satisfeitos também comecei a gostar de asas, a gente habitua-se e acaba por gostar de verdade!
Penso que se fosse necessário uma prova palpável de que uma mãe põe a família acima de tudo é vê-la comer asas de galinha enquanto os outros comem os bons pedaços...
Mas a história não acaba aqui; Ontem dia de Páscoa, como em todas as casa tivemos almoço um pouco melhorado, comemos com mais calma, demoramos mais tempo à mesa e acabamos tarde; O jantar foi mais leve e ligeiro, uma sopa simples e no meio da mesa o folar com três ovos, um para cada um, e um chá. Estava delicioso o folar, bem cozidinho, leve e docinho como convém a folar que se preze.
Não é que sem me aperceber dou  por mim a dizer:
- Podem repartir o ovo que era para mim, não me importo muito com o ovo do folar...
Afinal a história repete-se, a vida não vale tanto a pena se não houver mães  que gostem de asas de galinha e detestem ovos de folar de Páscoa!

  

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