quarta-feira, 2 de março de 2016

A Dama vintage que viajou até aos Açores





Sempre que saio do meu quarto deparo-me com uma pequena mísula, no Hall ao subir da escada, sobre a qual se encontra este lindo busto de mulher:
- Bonjour madame! - digo eu muitas vezes.
E a cena repete-se quando limpo o pó, quando  subo a escada, quando abro a janela ...
-Que fazes tu aqui linda madame, de buraco na cabeça? De onde vieste? qual é a tua história?
Sim, porque isto de se ter uma dama em casa sem se saber quem é, não é coisa aconselhável! E eu gosto de saber quem recebo em minha casa...
Vai daí que me propus  saber algo sobre a vida daquela senhora!
Para principiar, fiquei sabendo que não se tratava de uma madame, mas de uma mrs, uma lady ou uma ms , uma headvase  vintage, isto é um vaso cerâmico para flores  fabricados nas décadas de 50/60 e meados de 70, nos Estados Unidos da América, que tinham a forma de uma mulher dos ombros para cima , usado pelos floristas para colocar os "buquês" de flores,  os quais seguravam os ramos em suas pequenas aberturas na cabeça, limitando o número de flores que cada "bouquê" levava, maximizando deste modo o negócio.
Os seus fabricantes como por exemplo " Betty Lou Nicholas", "Cerâmica Arts Studios" e "Dorothy Copley" baseavam-se em imagens de mulheres  dos filmes e revistas da época e  adornavam-nas com brincos, colares de pérolas, babados exóticos, penteados complicados,  lábios bem vincados e pestanas negras em cerâmica e outros adornos apropriados.
Com o fim da segunda guerra mundial, que trouxe um crescimento económico ao Japão, apareceu uma fonte potencial de fabricantes destes headvases, e empresas como a "Lefton China" e a "Napco"começaram a fabricar estes vasos, muito mais baratos dos que os do mercado interno. 
Por volta de 1970 a moda destes "vasos cabeça" abrandou e as empresas deixaram de produzir estas peças, que são hoje objectos  muito coleccionáveis e alguns de grande valor, especialmente os que apresentam semelhanças com Marilyn  Monroe, Jackie Kennedy e outras celebridades.
a partir daqui, é fácil perceber a história da minha linda e preciosa lady, que na bagagem e pela mão de algum emigrante açoriano, atravessou os Estados Unidos da América, embarcou em algum navio na Costa Leste ou Costa Atlântica e bem acondicionada no porão, chegou a meio do Oceano Atlântico aos Açores, mudou de ilha e de casa, estando agora segura, por uns tempos, junto de mim, e será saudada alegremente  todas as manhãs agora não com um:
- Bonjour madame, mas com um - God morning mrs. ou -God morning ms.! 





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