terça-feira, 2 de março de 2021

Chapéu à Zamparina

 Como todos os que me conhecem bem sabem, adoro chapéus, de Inverno de Verão de palha ou de feltro, não interessa é um chapéu...Aqui é que entra a história de que te quero falar:

Num dia invernoso saí de chapéu, um lindo e airoso chapéu de feltro de um verde garrafa muito escuro e fui visitar uns amigos que ao chegar me disseram:
-Estás muito bonita, com o teu chapéu à zamparina!
Fique admirada sem saber se o comentário era elogioso ou depreciativo. Então, decidi investigar o significado e a origem da expressão, pois hão-de chamar-me nomes mas eu ao menos hei-de saber o que querem dizer! Sou assim, curiosa...
À zamparina quer então dizer:
De forma atabalhoada, coisa mal feita, mal amanhada, mas também correspondia, em tempos idos, e em linguagem de moda à forma como se usava o chapéu ligeiramente inclinado para a frente, cobrindo um pouco a orelha direita, uma forma inusitada de usar o chapéu nos séculos XVIII e XIX.
E a responsável de tudo isto, quer dizer, desta expressão, é a senhora cuja gravura mostro que foi uma muito famosa cantora de ópera que veio de Veneza para Portugal em 1772, no tempo do Marquês de Pombal Chamada ANNA ZAMPERINI, uma figura muito controversa que ficou famosa pelos seus dotes artísticos, teatrais e musicais, pela sua irreverência, inusitada à época, e pelo seu poder de sedução que incluía o uso do chapéu inclinado. Parece que Anna Zamperini se enamorou do filho do Marquês de Pombal o qual desagradado com este romance a mandou atabalhoadamente de volta para a Itália e interrompeu a contratação de mulheres estrangeiras, para dançar e ou cantar nos palcos portugueses.
Assim, e concluindo, passou a chamar-se a forma como se usa o chapéu mas também uma coisa feita de forma atabalhoada isto é a forma como foi feita a expulsão da cantora Anna Zamperini de Portugal.
E cá estou eu numa tarde soalheira, mas fria, do final de Janeiro, passeando pela baixa de Lisboa com o meu chapéu à zamparina , que agora já sabemos que é à "Zamperini" 
Enquanto passeava ia pensando, também, se Anna Zamperini teria passeado com o seu amado, o filho do marquês de Pombal, por aquelas ruas, o que terá sido pouco provável, devido ao caos que se vivia na altura com a reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755


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