sexta-feira, 11 de março de 2016

" O Lencinho que vai na mão, vai cair no chão! "

Todos os dias, quando a minha mãe me alindava e alisava a  bata branca, para eu ir para a escola, sim porque na década de cinquenta as crianças tinham que ir de bata para a escola, para nivelar, penso eu, para que todos parecessem iguais, pois a pobreza era tanta, que algumas crianças podiam ficar melindradas perante os colegas; Bem, como ia dizendo, quando vestia a minha bata imaculada, tinha sempre o cuidado de me certificar, se no bolso da mesma estava o meu lencinho, porque era coisa que não podia faltar...
 Como poderia participar  no "jogo do lencinho", aquele jogo em que todas as crianças faziam uma roda, ficando um aluno de fora,  o qual corria à volta , com um lenço na mão, enquanto todos  cantavam esta cantilena:
- " O lencinho que vai na mão, vai cair no chão! "
Deixando cair o lenço atrás de um colega qualquer o qual ao aperceber-se, pegava no lenço e corria atrás do companheiro, apanhando-o antes de ele completar uma volta, este ia para dentro da roda, e ele ficava no seu lugar, correndo à volta enquanto a cantilena se repetia.
Não, não podia ir para a escola de bolso vazio, pois não queria ser excluída da brincadeira, sentir-me-ia  muito infeliz!
O que eu não sabia na altura, é que aquele pequeno pedaço de pano, que no bolso da minha saudosa bata, me dava tanta segurança, tinha a sua história,  baseada na necessidade que o homem sentiu de ter sempre à mão algo com que pudesse limpar o suor, pois já na Roma antiga eram utilizados pedaços de pano para limpar o rosto e o pescoço, não sendo utilizados para assoar e eram chamados sudários.
Actualmente, o lenço de assoar é uma mera recordação dos tempos faustosos e de uma certa imundície, usados abundantemente na corte de Luís XIV.
Tudo isso foi substituído por lenços de papel em caixas ou pacotes, como este cuja foto te mostro, que recebi de presente no Natal passado, numa pequena saquinha de croché, e há quem diga que isto embora tenha sido uma evolução em termos higiénicos, o que não se pode deixar de concordar, em termos ecológicos foi um retrocesso, porque esta indústria é responsável pelo abate de dois milhões e trezentas mil árvores por ano, e um mau negócio para a indústria dos bordados. 
Na verdade, havia lenços lindíssimos e requintados, e eu tive alguns que te mostro. Aqui vão os lenços da minha vida, meras recordações, alguns ainda do tempo de escola, outros que usava na mala, em dias especiais, a combinar com a roupa usada, com umas gotas de "Bien-Être" ou "Lavanda" que era o perfume que eu tinha na altura. Enfim, outros tempos, outros hábitos...















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