terça-feira, 30 de novembro de 2021

 A luz que ilumina e conduz

Estamos a entrar no último mês de 2021! Muitos obstáculos encontrámos ao longo destes meses, lutámos, trabalhámos e saltámos obstáculos difíceis mas, não desanimámos, apoiámo-nos na nossa experiência, na nossa família, enfim, naquilo que tínhamos e, encontrámos o caminho. Entrámos no Advento, palavra que significa vinda ou chegada. Esta época, que abarca as quatro semanas antes do Natal, tem a finalidade de se preparar a chegada de Jesus Cristo assim como as celebrações do Natal.
Deve ser um tempo de meditação, de recolhimento interior isto é de preparação para receber de forma aberta, sã, simples e luminosa aquele que consideramos o redentor! É por isso que te mostro esta lanterna e te conto a sua história:
Estava abandonada na casa onde os meus pais viveram e onde eu vivi até tomar o meu rumo, e ajudada pelo meu marido, restaurei -a e decorei-a para a época festiva; Foi o cabo dos trabalhos porque quando comecei a limpá-la ela desmoronou-se, e quando pregávamos de um lado despregava-se do outro. Não foi uma tarefa fácil, mas no fim ficámos contentes.
Era do meu pai, foi usada em tempos difíceis em que não havia eletricidade, e os caminhos eram muito irregulares e cheios de obstáculos imprevisíveis, para se sair à noite , nos dias de matanças, para os ranchos, para se fazerem visitas aos familiares e vizinhos, pelo Natal, à mijinha do Menino, para se ir às novenas preparatórias para o Natal, pelo Carnaval e para ir aos ensaios das danças ou para ir muito cedo para os trabalhos da terra e tratar do gado, o combustível usado penso que era óleo de peixe gato ou de baleia contudo, não tenho a certeza.
A luz era fraca, mas a vontade forte, e fazia-se da fraqueza força, penso que este tempo que vivemos é um tempo idêntico , tempo de pisar as pegadas dos nossos antepassados que não viravam a cara às adversidades mas que sabiam encontrar a luz nem que fosse numa pobre lanterna...
Que cada um de nós saiba encontrar, neste Advento, A luz que nos permitirá estar preparados para receber com humildade mas de coração aberto e luminoso o Menino
Nenhuma descrição de foto disponível.
Zélia E Victor Carreiro, Gilda Lima e 23 outras pessoas
7 comentários
Partilhar

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Uma história de cuecas...


Escusado será dizer que as coisas já não são o que eram, especialmente para os da minha geração e para os da geração anterior à minha, que ainda estiverem por cá, os posteriores foram nascendo, adaptando-se e aprendendo a viver com as mudanças, nem deram por isso, até estranharão, os que porventura me lerem, esta introdução explicativa.
Em tempos idos, mais precisamente na segunda metade da década de cinquenta do século passado, não havia pronto a  vestir, era tudo feito em casa ou nas costureiras, roupa de cama, toalhas de mesa e ou de banho e de rosto, camisas de noite, combinações, corpetes, cuecas, camisas e calças de homem, fatos de homem, vestidos, saias e casacos...Enfim tudo o que fosse preciso.
Vai daí que, sendo minha mãe costureira, fazia isto tudo com exceção de fatos de homem. Certo dia, recebe uma cliente que vinha preparar-se para as festas de verão, com uma quantidade de peças de tecido, entre as quais um tecido de popelina cor-de-rosa, com umas flores muito mimosas- Estou a ver isto tudo, passados que foram  tantos anos, talvez uns sessenta e cinco.
- É para fazer cuecas- diz a cliente - mostrando o tecido cor-de-rosa e muitas rendas, para alindar o trabalho. 
-E onde está o molde? - pergunta a minha mãe, porque normalmente a cliente trazia uma peça nova ou muito bem lavada, para modelo.
-Espera Mariquinhas, era a minha mãe, que se chamava Maria mas a quem todos carinhosamente tratavam assim, vou ali à casinha e já venho...
E lá ficou a minha mãe expectante sem saber o que ia sair dali. Eis senão  quando, aparece a cliente de cuecas na mão, amarrotadas e mal cheirosas.
- Serve-te destas, para molde, porque me ficam muito boas - diz a cliente.
Estou a ver a minha mãe, de nariz franzido, a pegar nas cuecas com a ponta dos dedos e a estendê-las  sobre o papel para fazer o molde...
- Para o que eu estava destinada - dizia ela - nunca mais me apanha desprevenida, pois já enrolei o molde e escrevi o nome em letras bem grandes ! CUECAS DE ... e lá vinha o nome.
Não são estas as cuecas da história, são ainda mais antigas, mas estão muito branquinhas, foram lavadas, postas ao sol a corar e lavadas novamente, diz lá se as nossas avós não ficavam bem protegidas?!
 





 



domingo, 28 de novembro de 2021

 Uma história quase de Natal:

A resposta que eu esperava...
Depois de serem podadas as árvores do nosso prédio, na altura disso; ficaram montões de podas no meio do cerrado verdinho. Depois de secas, restava queimá-las. Foi num Domingo, tivemos a ajuda do António, que é quem trabalha as nossas terras, o meu marido muito miúdo e cumpridor foi aos bombeiros dar conhecimento e pedir a devida autorização e toda a manhã se deitou lenha para duas grandes fogueiras que ainda na Segunda- Feira de manhã ardiam. À tarde o António veio mudar as vacas e mudou algumas para o cerrado em que se tinha feito as fogueiras.
Na manhã seguinte, olho para lá e vejo-as muito felizes, sentadas à volta do monte de cinzas restante, lembrei-me do presépio e da vaca e do burro a olhar para a sagrada família!
Veio-me então à memória uma pergunta que eu fazia a minha mãe:
- Porque é que eles estão tão perto do Menino? Ao que ela respondia:
-É para O aquecer, com o seu bafo...
E a resposta ficava a martelar-me na cabeça; Como poderia ser como a minha mãe dizia se o Senhor Padre tinha dito na igreja que Jesus é luz, amor e calor!?
Hoje tive a resposta que me "encheu"... A vaca e o burro do presépio aproximavam-se do Menino para beneficiarem da luz e do calor que ele irradiava!
Façamos como estes inteligentes animais, tenhamos fé, aproximemo-nos do Menino e o nosso coração ficará quente e iluminado de esperança e confiança que nos ajudarão a resolver e a ultrapassar os obstáculos, as dores e tristezas que eventualmente aparecerão no nosso caminho.
Li há tempos e algures que " Realização é a arte de se fazer um buquê com aquelas flores que estão ao nosso alcance". Foi o que me aconteceu hoje, na falta de outro assunto resolvi falar do que estava ao meu alcance imediato e, podes crer, sinto-me realizada por isso!



quinta-feira, 25 de novembro de 2021




 Um objecto muito especial

Hoje os Estados Unidos da América vivem um dia de gratidão a Deus, com orações e festas, pelos bons acontecimentos ocorridos ao longo do ano. A tradição ordena que ano após ano, na última quinta - feira de Novembro, feriado nacional, famílias e amigos se juntem e comemorem a abundância, as boas colheitas do ano , o amor, a gratidão.
Ao pensar nisto lembrei-me que em 1976, fui à Califórnia com o meu marido e os meus pais visitar os meus tios e primos, lá imigrados, vivia-se um clima de festa e de comemoração por se estar a celebrar o bicentenário da independência dos estados Unidos da América (1776/1976), por todo o lado se vendiam lembranças alusivas ao facto histórico, fomos a um parque chamado " Califórnia Redwoods" e o meu pai viu-me a admirar esta chávena, que conta um pouco da história da América e comprou-a para ma oferecer.
Os pais são assim, adivinham os desejos dos filhos... já lá vão 45 anos mas ainda sinto aquele carinho atencioso que me faz pensar, quando olho para ela, que não existe nada para além do amor verdadeiro e desinteressado, como é o amor dos nossos pais.
Desejo a todos os meus familiares e amigos, que estão a celebrar este feriado tão especial para a América, um feliz dia de ação de graças (THANKSGIVIN DAY)

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Pesa-papeis:

Os dias têm estado chuvosos e desagradáveis, aqueles dias que nos confinam ao aconchego da nossa casa.
 Aproveitei para fazer algumas arrumações e pôr em ordem, e a brilhar os meus pesos de papel vulgarmente conhecidos por pisa-papeis ou pesa-papéis.
 Um pisa-papeis é um objecto de cristal, vidro, mármore ou outro material que serve para pôr sobre os documentos para que estes não se percam e estejam ali à mão quando forem necessários,  e ao mesmo tempo decoram a secretária. Na verdade, com as novas tecnologias estes objectos deixaram de ter este préstimo e passaram a ser objectos de procura por parte de colecionadores.
Tem tudo isto a ver com as pegadas que o homem, na sua caminhada pela vida tem deixado, o que fez com que no ano de 1959, numa aldeia francesa chamada Baccarat, operários que reconstruiam uma igreja destruída pela guerra, tenham encontrado, nas suas fundações , um pequeno cofre, dentro do qual se encontrava um peso de papeis de cristal, muito belo, datado de 1853, fabricado  nas antigas fábricas de cristal da região. Estudou-se o processo de fabrico e começaram a aparecer objectos encantadores e agradáveis à vista  que passaram a ser produzidos na Europa e também na América do Norte. Porém, como disse anteriormente, passaram de moda, a produção comercial parou e a arte morreu com os artesãos. Atualmente, muitas dessas peças, fazem parte de valiosas coleções, que não os meus que são pobres, simples e atuais, mas são meus e senti-me feliz ao limpá-los, e ao pô-los em fila, para os fotografar para que os visses.
Estas são algumas das minhas pegadas, juntas com outras, mais ou menos importantes, constituem o sentido da minha simples vida!
















 

sábado, 20 de novembro de 2021

 Dona Presbiopia!!!

Quando o médico todo pimpolho me disse que eu precisava de ser operada logo o interroguei:
- Mas afinal, senhor Doutor, que mal terrível tenho eu?
Muito cheio de si e da sua importância e sabedoria , logo presunçoso, me respondeu em voz grossa:
- A senhora sofre de presbiopia!
- Presbiopia - pensei, mas que palavra simpática, elegante, diferente e musical!
E logo eu, que sempre gostei de coisas diferentes, tinha sido bafejada com tal requinte! O que diriam as pessoas amigas e familiares quando eu, toda vaidosa , os informasse:
-Tenho presbiopia!
Não quis dar parte de fraca, nem que o médico me julgasse ignorante e, durante o trajeto para casa, fui repetindo a palavra, para não me esquecer:
- Presbiopia, presbiopia, presbiopia...
Cada vez a achava mais requintada, enchia a boca e dava um certo prazer em pronunciá-la, logo a mim me havia de calhar coisa tão especial!
Ao chegar a casa, não me contive, fui ao dicionário, lá estava a palavra bem escarrapachada:
- Presbiopia: - diminuição progressiva da capacidade de ver com nitidez, provocada por perda de elasticidade do cristalino - Depois, vinha o sabor amargo da verdade, tão amargo como fel :
- " A palavra deriva do grego, presbus - velho"
Afinal era a PDI!!!

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

O "Home da minha mãe"


Havia uma criança, numa das escolas onde lecionei que, quando se referia ao pai, falava  sempre no "Home da sua mãe"  Omitindo o m final.

Ao principio não liguei mas,  achando esquisito, tentei aprofundar e perguntava:

- Quem te trouxe à escola? Resposta pronta do garoto:

-Foi o "home" da minha mãe!

-Quem te comprou este caderno?

- Foi o "home" da minha mãe!

E assim sucessivamente até que, cheia de boa vontade, resolvi corrigir:

-Não, foi o teu pai! 

Ao que ele replicava: 

-  Na, na, foi o "home" da minha mãe!

Falei, do caso, com a minha colega Saúde Almeida, muito mais experiente e sabedora do que eu e, logo fiquei esclarecida.

Não te preocupes, o miúdo imita a mãe que se refere ao marido como "o meu home".

Convém aqui esclarecer que na Terceira, linda ilha dos Açores, havia muito o hábito de se dispensar a última letra, o que ainda acontece mas muito menos, ele era a mulhé, a  colhé, o automóve etc. . Enfim, isto são outros quinhentos com muito a aprofundar, o que não cabe aqui...

Vai daí que, indo hoje à baixa da cidade  de Angra  do Heroísmo, me deparei com a artéria principal, a nossa rua da Sé, engalanada com imensos balões azuis,  numa alusão ao dia internacional do homem que eu desconhecia existir,  mas ao que parece, este dia já é celebrado desde 1999, o que não é nada de anormal pois se há o dia  da mulher, do irmão, da criança, dos avós porque não lembrar os homens lutadores, corajosos, com bom coração, modelos positivos, com vidas decentes e honestas, que trabalham em serviços pesados e difíceis e ganham uma ninharia para sustentarem a família e colaboram com a esposa para que em casa vivam com dignidade?. 

Lembrei-me então do meu marido, o meu "home". que tem muitos defeitos, que não é um santo mas é um homem sério a quem tenho visto, ao longo destes cinquenta anos de convivência, fazer coisas que jamais sonharia vê-lo fazer...

Vi-o tratar do meu pai, meter-lhe com carinho a comida na boca,  tratar do seu pai, pegar nele da cama para a cadeira de rodas, sair de casa todas as noites, pela meia noite quer chovesse ou ventasse, para mudar a falda à sua mãe e mudá-la de posição,  vejo-o tratar com desvelo a sua irmã tentando que nada lhe falte, vi-o chorar quando o filho saiu de casa, pela primeira vez, para frequentar a universidade, e ouviu dizer:

-Se não fosse para bem dele não o deixava ir!

Enfim, um homem com defeitos? Sim, mas para mim basta é um homem  atento à família, lutador, trabalhador, poupado e amigo dos outros. São estes Valores que hoje são lembrados e enaltecidos nos homens que nos rodeiam, que nos acompanham , que nos ajudam  a viver!!!

"OS HOMES DAS NOSSAS VIDAS!





 




quinta-feira, 4 de novembro de 2021

 Quando se é sessentona, como eu, tem-se muita coisa amealhada que por vezes nos causa confusão, mas das quais não nos queremos desfazer, porque as mesmas nos avivam recordações que não queremos perder. Nesta linha de pensamento quero falar-te das minhas bijutarias que andavam acumuladas em caixas e gavetas de tal maneira que, quando queria usar alguma peça, ou não encontrava a dita, ou então estava de tal modo misturada com as demais que levava um tempão a separá-la o que fazia com que desistisse da ideia de a usar.

Muitas vezes, me apeteceu deitar tudo, ou pelo menos uma parte, para o lixo, mas sabendo, por experiência própria, que o tempo médio que decorre entre deitar fora uma coisa e em precisar desesperadamente dela é cerca de uma semana ... lá ia adiando a ideia sempre na perspectiva de encontrar uma solução para o problema!
Foi então que me lembrei de um antigo e maltratado lavatório que tínhamos na garagem e como sou apologista do contínuo vir- a - ser, vir- a- fazer, com a meta sempre à frente e não atrás, isto é nuca me apego ao que já fiz, mas tenho sempre em mente outros projectos , outros porquês para viver, os quais me ajudam a enfrentar os comos com que me deparo, lá deitei mãos à obra:
Martelei, lixei, dei duas mãos de Amerit, que é um produto anti-ferrugem , duas mãos de subcapa branca após o que estava pronto para o esmalte, o acabamento final.
Ficou bonito, e deu-me imensa alegria pôr aquela "tralha" toda muito direitinha ; os colares pendurados, as peças pequenas na bacia, as pulseiras no prato em baixo enfim ...enquanto procedia a este trabalho dei por mim a pensar:
-A criatividade, muitas vezes, consiste apenas em dar uma volta, por muito pequena que seja, aquilo que já existe!
Não te esqueças disto, conto-te esta história, numa perspectiva pedagógica, para que te atrevas a deixar brotar o ser criativo que há em ti e se por acaso te sentires deprimida/o faz ou cria alguma coisa e se já estiveres fazendo, troca de trabalho faz qualquer coisa nem que seja restaurar um velho e abandonado lavatório...
Nenhuma descrição de foto disponível.
Marília Costa, Juraci Lima e 44 outras pessoas
19 comentários
3 partilhas
Partilhar

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

 

Escaldadas



Aqui estão as escaldadas que se costumam fazer por cá pelo Pão-Por-Deus, em tempos idos, de fabrico caseiro, são cada vez mais produto de fabrico industrial. Gosto muito, mas sou mais especialista no comer do que no fazer, contudo, sei que são uns bolos que levam farinha de trigo e de milho em proporções que desconheço, ovos, leite, manteiga, açúcar e erva doce, o que lhes dá um sabor muito especial. O nome de escaldadas vem do facto de esta mistura ser escaldada com água a ferver com a erva doce, há quem lhes junte também algumas sementes desta planta.
Erva doce ou funcho, é uma planta que é utilizada com fins medicinais no combate à má digestão, aos gases, dores de barriga, inchaços, resfriados e também na confeção de confeitos e no fabrico de licores.