sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A Misteriosa Mulher de Vermelho

Era um mistério aquela mulher. De passo miúdo mas apressado, cintura fina, saia larga e flutuante, cabelo apanhado e coberto com uma fita do mesmo tecido do elegante vestido vermelho, calcorreava ruas e avenidas, saindo e entrando , olhando, voltando a olhar, falando ao telemóvel e muitas vezes consultando um pequeno bloco negro que dava a sensação de ser uma calculadora ou um caderno de notas .
Estavam todos intrigados! No canto das ruas e avenidas vigiavam e comentavam, chegando-se ao ponto de se organizar uma lista , de voluntários, que rotativamente lá estivessem a observar e a tentar decifrar aquele grande e inquietante mistério...
Uns diziam ser uma agente secreta investigando as compras que os políticos , banqueiros e suas elegantes e requintadas esposas faziam, outros que era uma cientista a estudar o impacto que certos tecidos têm no comportamento, mais ou menos invulgar,  do ser humano, alguém afirmava convictamente, ser uma inspectora das finanças à caça dos comerciantes que não passavam factura aos clientes, conforme o estipulado, havia quem adiantasse que em  sua opinião era uma assistente social ou uma psicóloga, a estudar a reacção dos clientes ao atendimento pouco ético de muitos balconistas, mas a opinião mais consensual e generalizada era a de que se tratava de uma actriz de gabarito,  uma diva de alto coturno, disfarçada, para poder usufruir das belezas daquela centenária cidade, dos seus edifícios históricos, das suas ruas características, dos seus belos pregões e do talento dos vitrinistas que ornamentavam como em nenhuma cidade do mundo! 
Foi então que alguém, mais perspicaz reparou, que a bela dama de vermelho era seguida por um elegante carro preto, conduzido por um homem fardado que, parando amiudadas vezes, ia recolhendo embrulhos e embrulhinhos, caixas e caixinhas e sacos de todas as cores, tamanhos  e feitios.
Estava desfeito o mistério...
Andava aos saldos, a elegante mulher de vermelho!
Os saldos, o inimigo número um das mulheres do século XXI.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A MINHA AMIGA LIANA


Ano Novo / Vida Nova

No findar do ano

Neste último dia  do ano quero meditar contigo no facto de termos,  ao longo de 2014, mudado de algum modo quer fisicamente quer psicologicamente. Aprendemos, esquecemos , sofremos, tivemos perdas irreversíveis na nossa família, vizinhos ou amigos, ao mesmo tempo também algumas famílias foram bafejadas com o aparecimento de um novo membro  porque, onde há vida há morte. Contudo, não deixamos de ser quem somos e devemos ter sempre presente o que escreveu o prémio Nobel da literatura 2012 MO YAN no seu livro "Peito Grande, Ancas Largas" que estou a reler.
" Morrer é fácil, o difícil é viver. E quanto mais difícil, maior é a vontade de viver. E quanto maior o medo da morte, mais a gente luta para continuar viva."
Por alguma razão Mo Yan foi distinguido com tal honra, ele sabe o que diz, basta principiar a ler o livro donde tirei a citação acima, ficamos presos à sua fluência, ao encadeado dos factos do  espaço histórico da China e da sua sociedade! 
Então, apesar do que se passou em 2014, vamos formular o propósito de lutar para  continuarmos vivos em todas as vertentes:
Vamos abusar do entusiasmo, da alegria, da boa-vontade e  tentar esquecer e ou não dar demasiada importância  às faltas que naturalmente vamos sentir no ano novo , é das dificuldades que nos virá a força de viver...

Noite de São Silvestre

Doze meses,badaladas, passas, 
E o tempo passa num instante!
Formulam-se votos, propósitos, desejos,
E o tempo passa de rompante!
Muito requinte, fraques e brilhos
E abre-se o espumante!
Dança-se ao som de  orquestras, 
E o ambiente é deslumbrante!
Pairam no ar ricos  perfumes,
Há flores, festões e  lindas mesas 
E um perfume estonteante!
Elevam-se taças, fazem-se brindes:
Ao novo ano, à  vida, à felicidade,
Ao amor, ao trabalho, à igualdade,
Ao valor da verdade e da lealdade,
Ao futuro, à saúde e à amizade...
E  percebe-se como  é importante
Viver em pleno, a sério esta oportunidade,
Porque o tempo passa num instante,
Porque o tempo passa de rompante,
De forma deslumbrante e estonteante! 

Noite de 31/12/2014
Clara faria da Rosa