sábado, 21 de setembro de 2019

No Dia Internacional da Paz
A Paz é luz que aquece,
Ilumina, e engrandece...
A Paz é luz que nos guia,
Na caminhada dia-a dia.
A Paz faz-se na estrada,
Faz-se do tudo e do nada...
A Paz faz-se à volta da mesa,
Na rua, na escola e em casa.
A Paz faz-se na esperança,
No perdão, na tolerância,
E também na temperança.
A Paz não é arrogância,
É flor, é simples criança,
E amor em abundância!
Clara Faria da Rosa
21/09/2019
(Dia Internacional da Paz)

domingo, 8 de setembro de 2019

Do sótão da minha infância


Por estarmos no mês do regresso à escola, voltei ao sótão da minha infância!
Preparava-me para entrar na escola primária, como então se chamava, no dia 1 de Outubro, e assim iniciar o meu percurso académico, à altura não havia infantários, nem prés, nem nada dessas vantagens actuais, a que as pessoas de tão corriqueiras, já nem lhes dão o devido valor.
A minha mãe já me havia preparado a minha mala de cartão, não a da cantora, com o livro, um caderno de folhas de duas linhas, uma pedra com a sua esponja, como apagador, e o respectivo lápis e já me tinha feito a bata branquinha, pois à altura era assim, a bata nivelava e tapava as misérias ou necessidades, comprara-me também uma caixinha redondinha em alumínio, para eu levar um lanchinho para os intervalos, pois viria almoçar a casa.
Muito previdente, a minha mãe, lembrando-se que " a luz que vai à frente é que ilumina", resolveu matricular-me o mês de Setembro na chamada "escola paga" , como então se dizia, para eu já ir um pouco preparada para a escola e não ter problemas de adaptação.
Lá vai a Clarinha, toda contente, com o seu avental com muitos folhos, um grande laço na cabeça, e a sua mala recheada de tesouros, para a escola da Professora Rita,que era uma regente em quem a minha mãe, e outras pessoas confiavam muito no aspecto pedagógico, chegando lá, encontra muitos alunos sentados em pequenos banquinhos à volta de uma sala e a professora, muito profissional, a chamar os nomes que tinha registado na sua lista:
- João,-presente, responde a criança!
-Maria, -Presente,
- Ilda,-presente,
-presente,
-presente,
- presente, vão respondendo as crianças à chamada!
Eis se não quando, grande berreiro na sala, todos espantados sem saber o que se passava, era a Clarinha que chorava aflita por não ter levado um presente para a professora, pois só conhecia a palavra no sentido de oferecer algo a alguém quando a mãe lhe dizia:
-Vai levar este presente à vizinha, ou à tia, quando havia carne, fruta, hortaliças, batatas, ou algo mais para partilhar.
Já agora mostro-te a caixinha de alumínio que já tem sessenta e cinco  anos, para mim é uma relíquia, que eu levava para a escola, com os mimos que a minha mãe preparava, biscoitinhos e roscas feitos com a manteiga que se tirava do leite, depois de fervido, figos passados, pão com doce de uva, um ovinho cozido, fruta descascada e partida eu sei lá... os sabores, cheiros e recordações que, neste momento, me estão povoando a memória!


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Meu lar, meu cantinho:
Cantinho da minha casa,
Silêncio doce e profundo
Bendita a porta da rua,
Que me separa do mundo!

Numa feira de antiguidades, ao apreciar uma bancada de feirante, os meus olhos bateram num pequeno prato de louça de Alcobaça, que mostrava a quadra que acima transcrevo e que me ficou a martelar na cabeça de tal modo, que tive que voltar atrás e discutir o preço com o feirante, para o comprar. É que a quadra teve o condão de me pôr a pensar e de avivar as saudades que eu, estando ausente, já tinha de casa. 
Não há nada como o aconchego da nossa casa, do nosso cantinho, onde estão aqueles de quem gostamos, as nossas coisas e as nossas recordações e onde após fecharmos a porta da rua nos sentimos em segurança, longe do bulício e dos perigos do exterior.
Estando longe é que percebemos a sério o valor da palavra "lar" a palavra que exprime o lugar onde amarramos uma das extremidades do fio da nossa vida, pois mesmo que o abandonemos, estaremos sempre a ele ligados, pelo coração, pelas recordações e especialmente pelas saudade.



Vão-se lá entender os adultos! 

Estes são os meu avós maternos Maria Borges de Meneses 1895-1969 e António Machado de Almeida 1880-1949 que viveram e criaram os seus filhos em Santa luzia da Praia da Vitória, ilha Terceira. Por agora serem as festas nesta localidade, deu-me para pensar neles, sobretudo na minha avó pois do meu avô não tenho memórias, por ter falecido, tinha eu um ano.
Ia sempre passar as festas para casa da minha avó, o que para mim era uma alegria, pois era também uma oportunidade de conviver com os meus primos.
Guardo na minha memória muitas histórias desses tempos e hoje lembrei-me especialmente que no dia da procissão, depois do jantar, a minha avó vestia a sua casaca de brocado preto e a sua saia castanha, ajeitava o seu pelo com ganchos de osso e alisava bem o cabelo que prendia com bonitas travessas, punha a sua sombrinha no braço, pegava no missal e no seu terço e lá me levava a reboque para a missa - de - festa e sermão.
Era um martírio para mim, porque a avó era do tempo em que não havia carros e, por isso, tinha tendência para andar no meio da estrada e eu tinha que estar continuamente a puxá-la para a berma da estrada pois os carros dos americanos da base da Lajes, ali ao pé, quase no quintal, ferviam!
Na igreja era só gente de idade e adultos, as roupas cheiravam a naftalina e eu , aos pés da minha avó, sentada no pequeno banquinho de ajoelhar, olhava para o púlpito, para os torneados de madeira com uns anjinhos todos pretos, até as asas, e para o pregador, atónita, sem perceber nada, mas parecendo-me, a certa altura, perceber que ele ameaçava os presentes! Mas porquê se eu até fazia tudo o que me mandavam e rezava à noite as minhas orações?
- Avó, ele está zangado comigo?
-Cala-te rapariga, isto não são assuntos para ti!!!
Vão-se lá entender os adultos...

domingo, 1 de setembro de 2019

Procura:

Olho o teclado e procuro:
Procuro o A que escreve amor,
Procuro o A de amizade,
Procuro o grito que exprime a dor,
Ao saber tanta maldade!
Procuro, 
Procuro,
Procuro...
E apago e corrijo e reescrevo:
A tolerância que afasta a dor,
O L de livro e liberdade,
A flor no seu esplendor,
A paz na nossa cidade!

Onde Deverei procurar?
Quanto terei de esperar?
Para encontrar neste teclado,
Dentro de mim e no mundo,
O sorriso que nos aquece,
A mão que se estende,
O ódio que se esquece
E o erro que se entende?...
Procuro, apago, corrijo e reescrevo!

 Clara Rosa
01/09/2019