sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Que os anjos cantem e toquem para si!!

 Quando o Sr. Presidente veio à Terceira:

O 10 de Junho do ano de 2003,  foi celebrado na ilha Terceira, nos Açores, com a presença de Sua Excelência o Senhor Presidente da República Dr. Jorge Sampaio e respetiva comitiva, com um vasto programa  que incluiu  um espetáculo de música e poesia apresentado pelos alunos dos colégios de Santa Clara, do Baloiço, grupo Santo Agostinho e do clube Orpheu 2º geração da Escola secundária de Angra do Heroísmo na Igreja da Misericórdia de Angra do Heroísmo.

Todas aquelas crianças e jovens se sentiram muito honrados por terem atuado para o Sr. Presidente porque sabiam ser um melómano assumido e porque depois do espetáculo os cumprimentou de uma forma simples e despretensiosa que os orgulhou e marcou para a vida. Aqui vai um pequeno apontamento desse espetáculo que teve lugar no 10 de Junho de há 19 anos.

Que descanse em paz e que os anjos cantem e toquem para si, Sr. Presidente!!!













quarta-feira, 8 de setembro de 2021

 Do sótão da minha infância:

Por estarmos no mês do regresso à escola, voltei ao sótão da minha infância!
Preparava-me para entrar na escola primária, como então se chamava, no dia 1 de Outubro, e assim iniciar o meu percurso académico, à altura não havia infantários, nem prés, nem nada dessas vantagens atuais, a que as pessoas de tão corriqueiras, já nem lhes dão o devido valor.
A minha mãe já me havia preparado a minha mala de cartão, com o livro, um caderno de folhas de duas linhas, uma pedra com a sua esponja, como apagador, e o respetivo lápis e já me tinha feito a bata branquinha, pois à altura era assim, a bata nivelava e tapava as misérias ou necessidades, comprara-me também uma caixinha redondinha em alumínio, para eu levar um lanchinho para os intervalos, pois viria almoçar a casa.
Muito previdente, a minha mãe, lembrando-se que " a luz que vai à frente é que ilumina", resolveu matricular-me o mês de Setembro na chamada "escola paga" , como então se dizia, para eu já ir um pouco preparada para a escola e não ter problemas de adaptação.
Lá vai a Clarinha, toda contente, com o seu avental com muitos folhos, um grande laço na cabeça, e a sua mala recheada de tesouros, para a escola da Professora Rita, que era uma regente em quem a minha mãe, e outras pessoas, confiavam muito no aspecto pedagógico, chegando lá, encontra muitos alunos sentados em pequenos banquinhos à volta de uma sala e a professora, muito profissional, a chamar os nomes que tinha registado na sua lista:
- João,-presente, responde a criança!
-Maria, -Presente,
- Ilda,-presente,
-presente,
-presente,
- presente, vão respondendo as crianças à chamada!
Eis se não quando, grande berreiro na sala, todos espantados sem saber o que se passava, era a Clarinha que chorava aflita por não ter levado um presente para a professora, pois só conhecia a palavra no sentido de oferecer algo a alguém quando a mãe lhe dizia:
-Vai levar este presente à vizinha, ou à tia, quando havia carne, fruta, hortaliças, batatas, ou algo mais para partilhar.
Já agora mostro-te a caixinha de alumínio que já tem sessenta e oito anos - para mim é uma relíquia - que eu levava para a escola, com os mimos que a minha mãe preparava, biscoitinhos e roscas feitos com a manteiga que se tirava do leite, depois de fervido, figos passados, pão com doce de uva, um ovinho cozido, fruta descascada e partida eu sei lá... os sabores, cheiros e recordações que, neste momento, me estão povoando a memória!
Marcy Beaudry, Lisete Borges de Meneses e 56 outras pessoas
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quinta-feira, 2 de setembro de 2021

 Meu lar, meu cantinho:

Cantinho da minha casa,
Silêncio doce e profundo
Bendita a porta da rua,
Que me separa do mundo!
Numa feira de antiguidades, ao apreciar uma bancada de feirante, os meus olhos bateram num pequeno prato de louça de Alcobaça, que mostrava a quadra que acima transcrevo e que me ficou a martelar na cabeça de tal modo, que tive que voltar atrás e discutir o preço com o feirante, para o comprar. É que a quadra teve o condão de me pôr a pensar e de avivar as saudades que eu, estando ausente, já tinha de casa. Não há nada como o aconchego da nossa casa, do nosso cantinho, onde estão aqueles de quem gostamos, as nossas coisas e as nossas recordações e onde após fecharmos a porta da rua nos sentimos em segurança, longe do bulício e dos perigos do exterior. Refletindo seriamente percebemos a sério o valor da palavra "lar" a palavra que exprime o lugar onde amarramos uma das extremidades do fio da nossa vida, pois mesmo que o abandonemos, estaremos sempre a ele ligados, pelo coração, pelas recordações e especialmente pelas saudades.