sábado, 13 de fevereiro de 2021

Ai que saudades do bolo amor!

 Não quero ser saudosista mas hoje deu-me uma saudade  dos Carnavais da minha meninice, é uma saudade que mói cá dentro e que me dá vontade de partilhar com alguém essas memórias que me acompanharão até ao fim.

Naquele tempo, festejava-se mais o Carnaval do que o Natal, havia sempre uma mesa preparada para quem aparecesse, ele eram as queijadas de côco e de feijão, ele eram os caramelos, os rebuçados de vinagre muito bem embrulhados em papel de seda de várias cores e com as pontas cortadas às tiras, que faziam um vistão, as filhós fritas, que a minha mãe fazia questão de ficarem com uma tira mais clara nos lados, as filhós tendidas que iam ao forno de lenha em grandes tabuleiros de lata, os coscorões feitos numa panela meia bojuda e com uma pequena cana que a minha mãe metia no meio da massa e dava um jeito contra a panela para ficarem como uma flor, e no meio da mesa o rei do nosso Carnaval - O BOLO AMOR! Que delícia, para mim, era uma coisa do outro mundo que lembro com muita saudade, da receita perdi-lhe o rasto, nem sei se alguma vez teve a honra de ser escrita, só sei que levava chocolate em pó, manteiga feita das natas, que a minha mãe aproveitava do leite das nossas vacas, e ia ao forno de lenha, numa lata redonda, pois não havia formas de alumínio, untada de banha que era o que havia. . . Não sei o que lhe punha mais para além da farinha e dos ovos, tudo caseiro, e com muito amor, daí o nome, ficava macio e húmido, uma delícia!

Tudo a postos, sobre a mais rica e bonita toalha que havia em casa, convidavam-se, familiares e amigos:

-Vem à nossa mesa!

Este Carnaval nem os amigos podem vir à nossa casa. . .

Saudades desses tempos, do bolo , de que não tenho fotografia, e deste meu dançarino preferido do Carnaval 2001, já lá vão 20 anos.