sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Todas as árvores de natal são perfeitas:

Este ano, a saúde, a disposição e o ânimo não me permitiram fazer grandes adornos de Natal nem mesmo a tradicional árvore que em todas as casas enche a sala com uma luz quente e a casa com um aroma de Natal. Contudo, à falta de melhor e para lembrar a época e desejar-te as BOAS-FESTAS aproveitei  o que estava  mais à mão e aí está a minha árvore feita de peças de talher, não é perfeita como uma estrela nem como um cântico de Natal, mas para mim, representa bem esta época festiva e é um pretexto para te desejar saúde e alegria e que tenhas muita força e vontade para levares os teus talheres à boca com as iguarias deliciosas que vais confecionar e que te saibam bem!

Foi o melhor que consegui fazer, para mim, é a árvore de Natal perfeita deste Natal de 2022. 

FELIZ NATAL para ti e tua família.


segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Afinal, minha mãe estava enganada!

De carruagem para o céu....

Minha mãe, quando eu, jovem ou criança, estava impertinente querendo coisas que não podia ter, dizia-me muito séria: - Para o céu, não se vai de carruagem! - Naturalmente, não estava apensar em nuvens de algodão azul nem em subidas ao céu de asas a esvoaçar, queria dizer que temos que fazer sacrifícios e ser tolerantes para com os desaires da vida para nos tornarmos mais fortes e assertivos e encararmos as faltas e as dores com calma e sabedoria. Interiorizei este saber que me foi transmitido pela minha saudosa mãe e tenho-me contentado com o que a vida me vai dando, vivendo conforme as circunstâncias e aceitando as dores e os trabalhos que vêm até mim. Contudo, com  a morte da soberana da Inglaterra, a rainha Isabel, tenho-me questionado e concluído que tanto se pode atingir o auge da bondade, da simplicidade, da sabedoria, do amor ao próximo, da tolerância, de carruagem, de carro ou a pé, é só necessário calcorrear os caminhos que a vida nos depara com alegria de coração aberto e com espírito de aceitação

Que descanse em paz a rainha, decerto será lembrada pelos vindouros, não só pelas suas sumptuosas carruagens mas pela sua postura no cargo que exerceu e nos caminhos que percorreu.


 

domingo, 4 de setembro de 2022

 Vão-se lá entender os adultos! 


Estes são os meu avós maternos Maria Borges de Meneses 1895-1969 e António Machado de Almeida 1880-1949 que viveram e criaram os seus filhos em Santa luzia da Praia da Vitória, ilha Terceira. Por agora serem as festas nesta localidade, deu-me para pensar neles, sobretudo na minha avó pois do meu avô não tenho memórias, por ter falecido, tinha eu um ano.
Ia sempre passar as festas para casa da minha avó, o que para mim era uma alegria, pois era também uma oportunidade de conviver com os meus primos.
Guardo na minha memória muitas histórias desses tempos e hoje lembrei-me especialmente que no dia da procissão, depois do jantar, a minha avó vestia a sua casaca de brocado preto e a sua saia castanha, ajeitava o seu pelo com ganchos de osso e alisava bem o cabelo que prendia com bonitas travessas, punha a sua sombrinha no braço, pegava no missal e no seu terço e lá me levava a reboque para a missa - de - festa e sermão.
Era um martírio para mim, porque a avó era do tempo em que não havia carros e, por isso, tinha tendência para andar no meio da estrada e eu tinha que estar continuamente a puxá-la para a berma da estrada pois os carros dos americanos da base da Lajes, ali ao pé, quase no quintal, ferviam!
Na igreja era só gente de idade e adultos, as roupas cheiravam a naftalina e eu , aos pés da minha avó, sentada no pequeno banquinho de ajoelhar, olhava para o púlpito, para os torneados de madeira com uns anjinhos todos pretos, até as asas, e para o pregador, atónita, sem perceber nada, mas parecendo-me, a certa altura, perceber que ele ameaçava os presentes! Mas porquê se eu até fazia tudo o que me mandavam e rezava à noite as minhas orações?
- Avó, ele está zangado comigo?
-Cala-te rapariga, isto não são assuntos para ti!!!
Vão-se lá entender os adultos...

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

No meu septuagésimo quarto aniversário



 Hoje foi o dia do meu aniversário, gosto muito de fazer anos  porque isso é um bom sinal e não escondo a idade porque isso está escrito no rosto e no que fizemos e fomos isto é nas pegadas que deixámos no percurso efetuado. Este ano que passei  foi um ano difícil para mim, aliás, se eu fosse a rainha da Inglaterra diria ter sido um " annus horribilis" mas enfim já se passou e a seguir vem outro é preciso ter força e esperança!

Gosto muito de viver e até estou em crer que quando for chamada para a última morada me vou atrasar e ao chegar junto de Deus, se for esse o caso, e for repreendida pela demora direi:

_  Perdoai-me senhor, mas estive muito ocupada a viver, a ajudar, a cozinhar e a olhar o nosso lindo planeta que não consegui  chegar a horas, mas aqui estou para o que for necessário... , sabes que não sou má pessoa, que gosto de sorrir e por vezes de gargalhar, que  sempre fui cortês e amiga dos meus amigos, e que me arrependo das minhas faltas e falhas, agora faz de mim o que te apetecer!!!

E pronto, Deus na sua infinita bondade dirá:  _ Entra lá rapariga que a eternidade é muito tempo, terás ocasião para te redimires das tuas faltas, agradece a todos e continua a sorrir porque o sorriso é como um a vela ou um espelho que difunde a luz...

Isto sou eu a matutar no que me espera , que eu desejo não seja para já, o que eu devo fazer é, acordar, pôr os pés no chão e agradecer a todos os que me telefonaram ou mandaram mensagens a dar-me os parabéns e a desejar-me felicidades, que Deus vos pague em dobro e já agora ajudem-me a escolher a fotografia que devo publicar neste texto, porque não consigo decidir-me. Beijinhos.


domingo, 12 de junho de 2022

 

Crenças:

Hoje é o domingo da Trindade e, na Terceira, o dia do segundo bodo , como dizemos, e houve coroações, sopa cozido, arroz-doce, pão e vinho em abundância para toda a gente, em louvor do Divino Espírito Santo. Houve também em abundância, brindreiras de cabeça airosa que foram distribuídas nos terreiros, a quem lá se apresentou. Muito curioso é a velha crença de guardar uma cabeça da brindeira de um ano para o outro.
 Aqui te mostro a cabeça de um pão do bodo de 2019, esteve dois anos inteirinhos, muito arrumadinho num canto da gaveta dos panos da loiça e aqui está ela durinha nem pedra, mas bolor nem vê-lo, estava à espera da cabeça da brindeira deste ano para ser substituída!
As nossas antepassadas tinham destas coisa acreditavam que o pão bento não embolorava e guardado em casa abençoava a família e fazia que a vida levedasse, medrasse, encarreirasse... e, pelos  vistos, ainda há quem acredite e mantenha a tradição de guardar a cabeça da brindeira de um ano para o outro, também não perdemos nada em tentar pelo menos perseveramos esta singela e mimosa tradição!

O QUE ESTÁ NO ALTO:

A palavra altar, vem do latim "altare" com o significado de altear, elevar, destacar no alto, pelo que aqui vos mostro o nosso "altare " no Império das Bicas de Cabo Verde, São Pedro de Angra do Heroísmo, muito bem decorado pelas mãos do Sr. Moisés Leal, isto porque o que está  no alto é merecedor das mais lindas e ricas flores e sobretudo da nossa veneração, da nossa devoção e da nossa adoração.

Convidamos todos os Biquenses, e não só, a virem até ao império, ao longo desta semana, pelas 20horas e 30 minutos para junto deste altar elevarmos os olhos até ao que está no alto, dirigindo-lhe as nossa orações e pedindo perdão pelas faltas cometidas e forças para continuarmos a nossa caminhada.



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domingo, 5 de junho de 2022

Em dia de Pentecostes

Estando a decorrer, o ciclo do Sr. Espírito Santo, na ilha Terceira, Açores, com o brilho, luz, e devoção costumados, depois de um interregno de dois anos, devido aos motivos que todos nós conhecemos, celebrou-se hoje o Pentecostes, palavra  de origem grega que significa cinquenta dias, quer dizer que após a Páscoa já se passaram cinquenta dias.

Estando eu a ler " O LIVRO DE OURO DAS NOSSAS LENDAS E TRADIÇÕES" compilação de José Moutinho e ilustrado por José Faria, nem de propósito, deparei-me com uma lenda recolhida,  na vila do Topo,  na Calheta de São Jorge, a qual reza, em traços largos o seguinte:

Havia no Topo um casal que vivia muito triste porque não conseguiam ter filhos, vai daí prometeram ao Sr. Espírito Santo " O gasto do Domingo do Espírito Santo" se a mulher engravidasse. Passados tempos a mulher engravidou, enchendo aquela família de alegria e o homem comprou um enorme boi, sem que o vendedor fizesse qualquer recomendação. O que ele não sabia é que o animal estava habituado a viver em liberdade e, querendo tratá-lo bem, para que a carne fosse de primeira, meteu-o num espaço fechado, mas o animal não gostou da prisão e furioso rebentava com tudo à sua volta, o homem ainda mais furioso do que o animal desatou a bater-lhe no focinho com uma foice até ele ficar calmo e todo ensanguentado e quando  a mulher lhe pediu para  parar  respondeu:

-Não faz mal que que é para o Espírito Santo! 

 Passados nove meses, nasceu uma menina, a qual para grande desgosto dos pais tinha o rosto marcado com  cicatrizes  idênticas aos golpes que o homem tinha provocado no boi, tendo sido criada, escondida da população do Topo saindo sempre com a cara tapada...

Claro  que lendas, são histórias que no fundo têm sempre algo de verdade, e que o povo procura explicar com a imaginação o que muitas vezes não consegue explicar com a razão. Contudo, quero aqui reforçar, o que ouvi muitas vezes aos meus pais: - Com o Sr. Espírito Santo não se brinca!

E aqui te mostro, numa ilustração de José Faria, a pobre mãe, muito grávida, como dizia o meu filho, quando via uma senhora em estado avançado de gravidez, e o homem irado de foice na mão.




terça-feira, 19 de abril de 2022

Após a Páscoa:

 Passou-se o Natal e o Carnaval, 

A Quaresma e a Páscoa,

A vida é um vendaval

Que nunca pára, voa, voa...

Mas mesmo a vida voando,

De forma veloz e voraz

À nossa memória, de vez em quando

Chegam Cheiros, chegam sabores,

Que nunca iremos esquecer...

Muito tostadinhos, os folares,

Cheirosos, de ovos coroados...

E que dizer das amêndoas,

No Basílio Simões fabricadas,

A desfazerem-se na boca,

Num buquê de cores e sabores?

Um ano teremos de esperar,

Para tal tesouro revivermos,

E de novo  experienciar,

Esta cultura que temos!

Clara Faria da Rosa,

Após a Páscoa de 2022









segunda-feira, 18 de abril de 2022

PROCRASTINAÇÃO:

 

Palavra diferente, pois é, pouco usada e pouco ouvida, contudo eu, infelizmente sou useira e vezeira a procrastinar que é como quem diz a adiar, protelar, delongar, espaçar...Posso dizer que sou profissional em deixar para o dia seguinte...

Pois já há muito tempo estava começado este trabalho  em ponto de assis, que é um bordado que usa o ponto de cruz normal, numa única cor, normalmente vermelho, azul ou âmbar  deixando em evidência o interior,  isto é , os elementos que se querem destacar. Estava para ali esquecido, num saco,  abandonado, procrastinado até que decidi, deitar mãos à obra e acabar a toalha para ser usada no dia de Páscoa. Não foi fácil mas mesmo à beirinha do dia lá dei o último pontinho, pu-la a lavar e bem passadinha lá ficou  toda pimpolha, para a mesa de Páscoa. Logo ali pensei como ficariam bonitos, sobre ela, os meus bules de esmalte em tons de azul e do pensar à ação não demorou muito, desta vez não procrastinei...

E pronto, como não tenho tido muito tempo para contactar contigo, com muita pena minha, porque "outros valores mais altos se levantam" de uma só cajadada matei três coelhos, falei da palavra procrastinação que me andava a martelar na cabeça, do ponto de assis e dos meus bules que nos lembram tempos recuados e ainda te mostro aa toalha que tanto trabalhinho me deu!

































quinta-feira, 17 de março de 2022

 



Consumo:

Consumimos:

O pão que comemos,

O ar que respiramos,

O avião que nos leva, 

A urna que nos enterra...

Consumimos:

O amor, o sorriso, a amizade,

Poluição, incompetência, maldade,

A paz e a guerra

E tudo o que há na Terra...

Consumimos:

Na saúde e na doença,

Na riqueza e na abastança,

E na triste e negra pobreza

Que alguns sentem à mesa..

E lutamos

Para conseguir

O que precisamos e queremos,

E muitas vezes,

O que não precisamos e não queremos,

O que é bom, com qualidade,

O que nos impingem, por maldade...

Gastando:

O que nos sobeja e temos.

O que nos falta e não temos,

Até à medula, ao tutano,

Por vezes num doce engano...

Até quando?

Até percebermos e sabermos,

Que podemos e devemos,

Recusar, 

Protestar,

Gritar...

Basta!

Sou consumidor,

gastador,

Mas pagador!

Sem mim,

Não existias,

Não vendias,

Não vivias!


Clara Faria da Rosa,



terça-feira, 8 de março de 2022

 


Uns óculos novos:

Preciso de uns óculos novos,

Porque estes meus óculos antigos

Estão-me fazendo ver coisas

Tristes, feias horrorosas...

Com estes meus óculos antigos

Vejo crianças a morrer,

E tanta gente a sofrer,

Mulheres que partem sem maridos,

E pais que se despedem dos filhos.

Cidades inteiras devastadas,

Casas e famílias destruídas,

E o Mundo desolado,

Descontrolado,

Aterrorizado...

Mas tenho fé

Que com os meus óculos novos

Verei estes sofridos povos

Com vontade de sorrir,

E a Ucrânia a Florir!


CLARA FARIA DA ROSA

8/Março/2022




 

 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

 Objectos inanimados:

Temos as nossas casas cheias de objectos inanimados:
- Alguns funcionam e cumprem a sua função,
-Outros não funcionam e estão à espera de reparação,
-Há os que se quebram e ficam no "limbo" porque ainda estamos um pouco apegados aquela peça e temos pena de a deitar fora.
- Há os que se perdem e estamos largo tempo sem sabermos onde estão, é por isso que, de vez em quando, faço uma arrumação geral em armários e gavetas e encontro aquele objecto que julgava perdido.
- Há os que trazem vantagens à nossa vida diária,
-Os que não nos trazem vantagens de espécie alguma...
Pode dizer-se que um objecto que costuma cumprir em pleno com as suas funções trazendo vantagens de peso à nossa vida diária é uma terrina, e há-as das mais variadas épocas, fábricas, louças, tamanhos, feitios, desenhos e cores ...
Quem não gosta de se sentar à mesa, especialmente num dia invernoso, olhar parra uma terrina fumegante que deixa antever quente e saborosa sopa, levantar a tampa e apreciar o fumo e aroma que dela evoluem?
Contudo, Como sabemos, uma terrina sem tampa não cumpre a sua plena função, não funciona, não traz vantagens à vida das pessoas, assim como uma tampa sem terrina não traz qualquer benefício, para o comum dos mortais é lixo, e não se fala mais nisso ...!
Mas, e há sempre um mas nas minhas histórias, não sou mulher de ficar parada perante qualquer problema ou desaire, não baixo os braços perante uma adversidade, para mim, é sempre uma satisfação tirar partido de uma desvantagem. Foi por isso que a partir de uma tampa de terrina de loiça de Coimbra, que havia esquecida no fundo de um armário, comecei a pequena colecção que te mostro.
Espero que gostes e se, por acaso, tiveres alguma, dá-lhe utilidade ou então, fala comigo.
Esta conversa toda não foi bem para te mostrar as ditas tampas, foi mais para meditarmos no facto de que saber tirar partido das vantagens é fácil, mas das desvantagens com que nos deparamos em qualquer circunstância, exige inteligência, força, atenção vontade e dedicação!
Zélia E Victor Carreiro, Teresa Teixeira e 38 outras pessoas
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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

  Amizade:


Em dia de amigos:

Não fora esta pandemia, que nos obriga a ficar em casa longe de convívios, e a ter cuidados especiais que nunca são demais, para nossa defesa e para a defesa dos outros, hoje começaria o rebuliço na nossa ilha Terceira nos Açores. 

Naturalmente, quem está alheio a esta nossa cultura,  ficará admirado com o rebuliço de que falo e passo a explicar, é que por cá, as quatros quintas-feiras que antecedem o Carnaval são dias de festa, começando pelos amigos, depois pelas amigas, compadres e comadres, é um constante convívio e reuniões em almoçaradas, jantares lanches e afins.

Este ano ficaremos em casa, pelo menos os mais atinados, ficarão em casa, aceitando o aviso das autoridades. Haverá telefonemas e mensagens e ficaremos por aí.

Não querendo deixar passar o dia "em branco", isto é , sem fazer referência ao dia e aos amigos, mostro-te este copo  pintado por mão sensível e habilidosa, que prezava a amizade e que infelizmente já cá não está, mas a sua mensagem perdura tal como o valor da amizade que deve ser um valor a perdurar, a preservar e a cultivar.

Quando à minha casa vieres, lembra-me para te servir uma água fresquinha, no meu copo da amizade.

Abraço muito amigo.