terça-feira, 10 de novembro de 2015

Santinho!!!

Naturalmente, pelo título em epígrafe, deduzes que te vou falar do hábito que temos de "abençoar" os espirros  dirigindo a palavra "Santinho" à pessoa que espirra, costume que vem da antiquíssima e arcaica crença popular  de que um espirro é como que o diabo a sair do corpo , daí a interjeição- "Santinho", para afastar o espírito maligno, também, e uma vez que um espirro é uma expulsão de ar do nariz e da boca, se pensava que ao espirrar-se a alma podia sair pela boca ou pelo nariz, para o evitar chamavam-se os Santinhos. Curiosidades que vêm dos nossos antepassados e que têm a sua graça se forem aprofundadas e estudadas...
Contudo, não te vou falar desse tipo de expressões ou interjeições, mas do hábito que tenho desde criança de coleccionar estampas de cariz piedoso/ religioso a que chamava santinhos, guardava-as religiosamente no meu missal, mas depois eram tantas e tão variadas que as fui compilando primeiro em caixas e mais tarde em álbuns.
Adorava e adoro estas estampas, o seu colorido, os detalhes, a sua policromia suave, as roupagens, as mensagens. Em criança fazia uma leitura diferente dessas estampas, agora distingo os fabricantes, a respectiva assinatura, a data de fabrico e o seu valor.
Claro que há estampas de tal beleza, antiguidade e valor que não chego lá,  especialmente as muito arrendas à mão a que chamam "Canivet" por serem trabalhadas  com um pequeno estilete de lâmina muito fina, mas já me contento com algumas que tenho, bastantes antigas e com arrendado mecânico à volta. 
Ao abrir os meus álbuns vejo estampas de agradecimento, de graças alcançadas, de comunhão, de repouso eterno, de festividades religiosas por todo o arquipélago e do país, vejo as estampas que a minha mãe trazia da Matriz da Praia da Vitória, quando lá  ia em romaria às sextas-feiras, lembro muitos amigos e familiares falecidos, ordenações de padres e até lembro com saudade, o velhinho Padre Gregório Rocha  no dia das suas bodas de ouro da sua  ordenação em  21/05/1966,  e o padre Lino Vieira Fagundes que celebrou bodas de oiro em Junho de 1985, lembro também a visita de sua santidade o papa João Paulo II à Terceira, isto para citar só algumas efemérides que as minhas estampas não deixam esquecer.
Fascinam-me  as originais orações específicas para cada fim, as pagelas a preto e branco enfim a história que podemos compreender e depreender através destas relíquias que fui juntando com o passar dos anos.
Velharias ... - Dirás tu!
Se te fizerem espirrar, cá estarei eu, para te dizer:
-Santinho!!!