Havia uma criança, numa das escolas onde lecionei que, quando se referia ao pai, falava sempre no "Home da sua mãe" Omitindo o m final.
Ao principio não liguei mas, achando esquisito, tentei aprofundar e perguntava:
- Quem te trouxe à escola? Resposta pronta do garoto:
-Foi o "home" da minha mãe!
-Quem te comprou este caderno?
- Foi o "home" da minha mãe!
E assim sucessivamente até que, cheia de boa vontade, resolvi corrigir:
-Não, foi o teu pai!
Ao que ele replicava:
- Na, na, foi o "home" da minha mãe!
Falei, do caso, com a minha colega Saúde Almeida, muito mais experiente e sabedora do que eu e, logo fiquei esclarecida.
Não te preocupes, o miúdo imita a mãe que se refere ao marido como "o meu home".
Convém aqui esclarecer que na Terceira, linda ilha dos Açores, havia muito o hábito de se dispensar a última letra, o que ainda acontece mas muito menos, ele era a mulhé, a colhé, o automóve etc. . Enfim, isto são outros quinhentos com muito a aprofundar, o que não cabe aqui...
Vai daí que, indo hoje à baixa da cidade de Angra do Heroísmo, me deparei com a artéria principal, a nossa rua da Sé, engalanada com imensos balões azuis, numa alusão ao dia internacional do homem que eu desconhecia existir, mas ao que parece, este dia já é celebrado desde 1999, o que não é nada de anormal pois se há o dia da mulher, do irmão, da criança, dos avós porque não lembrar os homens lutadores, corajosos, com bom coração, modelos positivos, com vidas decentes e honestas, que trabalham em serviços pesados e difíceis e ganham uma ninharia para sustentarem a família e colaboram com a esposa para que em casa vivam com dignidade?.
Lembrei-me então do meu marido, o meu "home". que tem muitos defeitos, que não é um santo mas é um homem sério a quem tenho visto, ao longo destes cinquenta anos de convivência, fazer coisas que jamais sonharia vê-lo fazer...
Vi-o tratar do meu pai, meter-lhe com carinho a comida na boca, tratar do seu pai, pegar nele da cama para a cadeira de rodas, sair de casa todas as noites, pela meia noite quer chovesse ou ventasse, para mudar a falda à sua mãe e mudá-la de posição, vejo-o tratar com desvelo a sua irmã tentando que nada lhe falte, vi-o chorar quando o filho saiu de casa, pela primeira vez, para frequentar a universidade, e ouviu dizer:
-Se não fosse para bem dele não o deixava ir!
Enfim, um homem com defeitos? Sim, mas para mim basta é um homem atento à família, lutador, trabalhador, poupado e amigo dos outros. São estes Valores que hoje são lembrados e enaltecidos nos homens que nos rodeiam, que nos acompanham , que nos ajudam a viver!!!
"OS HOMES DAS NOSSAS VIDAS!
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