quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Uma visita de Natal:


Este Natal tive uma visita inesperada, que muita alegria me deu; Uma dama com mais de cem anos, de uma beleza, um requinte,e uma patine e policromia deslumbrantes. Não veio a pé, nem de avião, autocarro ou comboio mas na tampa de uma linda e antiquíssima e oitavada caixa de jóias...
Perguntarão os que me lêem, como sei a idade da inesperada visitante, ao que eu responderei que esta história tem a ver com a fundação, em 1850, da fábrica de loiça de Sacavém a qual durante vários anos marcou o quotidiano dessa povoação, celebrizando a fábrica dentro e fora de Portugal.
Anos depois a fábrica atravessou entre 1861/1863 graves problemas financeiros e acabou por ser vendida a um inglês de nome John Howorth que introduziu novas técnicas de produção e a fábrica tornou-se uma das mais importantes no ramo da produção cerâmica especialmente na produção de faiança fina de caulino.O sucesso foi tal que o rei D. Luís intitulou a fábrica de REAL FÁBRICA DE LOIÇA DE SACAVÉM.
Falecendo, em 1893, John Howorth, a sua viúva associou-se ao guarda-livros da fábrica James Gilman, que após a morte da senhora Howorth assumiu o governo da empresa.
Pela marca no fundo da caixa e respectivas características, posso saber que a mesma é do período Gilman, data à volta de 1905, por isso deduzo que a senhora que entrou na nossa casa este Natal tem mais de cem anos, e a caixa não trouxe jóias nem ouro, mas a pessoa que ma ofereceu, sabe muito bem o que valorizo, e que para mim isso não é o mais importante, mas sim a oportunidade que ela me deu para pesquisar e ficar a conhecer mais um pouco da cultura do nosso país, além de que me deu ocasião a que ao entreter-me com esta pesquisa, pusesse de parte eventuais tristezas, sensibilizando-me, distraindo-me e afastando-me de fluidos negativos.