sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Uma história de gerações:

 Hoje estive a arrumar uma arca em que guardo toalhas que não uso todos os dias, estão mais resguardadas para dias festivos. Encontrei uma toalha de linho, da qual já nem me lembrava,  e resolvi falar-te dela porque é uma história engraçada que nos faz compreender e sentir que a vida das pessoas é como que um tapete em que os fios se entrelaçam fazendo belos desenhos e, se tirarmos alguns fios o desenho deixa de fazer sentido, assim como a vida não faz sentido se vivermos isolados sem pensar nos outros...
Esta história remonta aos finais do século  XIX quando os bisavós maternos do meu marido emigraram para os Estados Unidos da América onde trabalharam por largos anos e onde lhes nasceu uma filha, ao regressarem fixaram residência na freguesia do Raminho onde a menina, Chamada Maria, se fez mulher e constituiu família. Sendo muito trabalhadora e prendada, dedicou-se a vários trabalhos manuais e cultivou linho para fazer os seus trabalhos, isto na década de trinta do século passado, mais tarde, na década seguinte, a sua filha Angelina, mãe de meu marido, fiou esse linho, para vários fins, tendo feito uma toalha que me ofereceu, isto já no século XXI. Então resolvi bordar a toalha  a ponto de grilhão e  registar na própria esta história que documenta o facto importante das pessoas fazerem planos a longo prazo como se fossem viver para sempre! Afinal comemos frutos de árvores que foram plantadas pelos nossos antepassados...
Li algures que o Mundo só é uma selva para os que querem saquear e destruir mas ele pode transformar-se num jardim se soubermos e quisermos plantar e regar...

1935-1940
Maria semeou,
Angelina fiou,
2007
O tempo passou,
A Clara bordou!

E cá está, posta na mesa, a minha histórica e quase centenária toalha, à espera que venhas tomar um cházinho comigo, os bolinhos hão-de aparecer!