Estando marcado, um cortejo, integrado nas Sanjoaninas 2008, com o título que acima se regista, pelas 21h30m, lá fui com o meu marido, saindo de casa em cima da hora , como é habitual, mas ainda a tempo de assistir, ao dito cortejo, na Praça velha, porque embora tenha saído na hora marcada, e este ano a organização tenha primado pela pontualidade, ainda leva o seu tempo a descer a rua da Sé.
E foi deste modo, que me deliciei com uma mostra, de um pouco do que há de mais representativo das tradições , muitas das quais ainda são vivências, nas freguesias do concelho de Angra do Heroísmo.
Em jeito de boas-vindas e de apresentação, a freguesia da Sé de Angra,
iniciou o cortejo com a presença de muitas das "forças vivas" da freguesia registando-se assim a presença da junta de freguesia, escuteiros, casa do Benfica, C.D.S., Sport club Angrense, Sport club Lusitânia, Santa Casa da Misericórdia e outras.
Seguiu-se a nossa freguesia piscatória, S. Mateus, com a sua venda de peixe, como não podia deixar de ser, a Ribeirinha com um carro de bois com sebe, antigo simulando uma muda para a Serretinha, costume que os habitantes tinham, no início da época estival, para assim ficarem próximos das suas terras e poderem trabalhá-las sem o inconveniente de fazerem grandes caminhadas diárias, nos tempos em que o automóvel, carrinhas e tractores não faziam parte do vocabulário do lavrador e agricultor. É de salientar a colecção de apetrechos antigos que o dito carro transportava e que de uma fora prática dava uma lição das vivências do passado aos mais jovens.
Seguiu-se a freguesia de S. Bárbara com o trabalho em cantaria, que já está esquecido pois os canteiros estão a desaparecer, as tendas de ferreiro e de carpintaria também se fizeram lembrar uma vez mais, com a presença de objectos que já não fazem parte do nosso quotidiano mas que dá sempre muito gosto recordar. As Cinco Ribeiras fizeram uma alusão à caça da baleia trazendo no seu carro uma imitação de um bote baleeiro e a representação do seu farol. S. Sebastião lembrou a sua matriz, o falecido poeta e reverendo padre Coelho de Sousa e o escritor Ferreira Drumond, nascido em Janeiro de 1796 naquela freguesia, autor de "Os Anais da Ilha Terceira".
As Doze Ribeiras Trouxeram à Rua da Sé as tradicionais festas do Espírito Santo Representando uma coroação o bodo com a distribuição de carne e pão e a sua filarmónica que nos presenteou com o hino do Espírito Santo.
O fabrico de telha de canudo artesanal assim como de blocos e tijolo para fornos e lareiras veio à baixa citadina perante muitos olhos arregalados que desconheciam que nos nossos Altares já se fizeram ao longo do século XX, muitas telhas que cobriram as nossa casas, isto porque naquela freguesia existe um "Paleossolo recoberto pelos depósitos do pico Matias Simão de natureza argilosa que produzia um sofrível barro para fabrico de telhas e olaria grosseira" Que era laborada em três telhais, esta actividade perdeu a sua importância a partir do sismo de 1980 porque a freguesia não dava resposta às necessidades, começando-se , então, a importar telha. De salientar que ,por ser um trabalho artesanal agonizante e ainda existirem na freguesia pessoas conhecedoras do ofício a freguesia quis fazer lembrar a actividade homenageando o passado e protestando contra o presente que está a asfixiar aquela actividade.
O Raminho trouxe um quadro dos anos 30/40 evocando o chafariz e as pias para a lavagem da roupa assim como toda a actividade que girava à sua volta.
Outra vez as tradicionais festas do Espírito Santo estiveram presentes, desta vez pela mão da freguesia da Feteira, que lembrou a a reza do terço, a coroação em que os participante vestiam trajes antigos, foliões,
o altar do Espírito Santo, uma bezerrada, o pezinho e um carro de bodo assim como o jantar da coroação.
O Porto Judeu, mais festeiro e brejeiro, fez referência às suas tradicionais e populares comédias.
Enfim, muito foi o que desfilou, que os nossos olhos não conseguiram captar mas que o coração registou e lembrou com saudade...
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