Olhando alguns pais natais que tenho espalhados pela casa lembrei-me de um Natal de há muitos anos atrás, no dia após as férias do Natal, em que um grupo de crianças não se fartava de falar das férias, do Pai Natal, dos presentes recebidos e das guloseimas que haviam comido. No entanto, apercebi-me que um dos alunos do grupo se manteve, menos exuberante, menos participativo, menos falador...
Chegou a hora do intervalo e todos correram porta fora ficando o tal aluno, menos falador, que se foi aproximando de mim, que entretanto ia trabalhando.
- Então, que se passa, não vais brincar? - pergunto eu.
- Na, na, eu quero dizer uma coisa à senhora professora, mas é segredo, e não é para a senhora ficar triste, nem para dizer aos outros meninos!...
- Então, o que há?- pergunto.
- É que o pai Natal é o meu pai, eu vi-o vestir a roupa vermelha e as barbas eram de algodão!!!
- Não me digas, e ele foi bom para ti!?
- Pois foi, deu-me tudo o que eu pedi!
- Então, não perdeste nada com a troca! - digo eu.
- Não, ele é sempre bom para mim! E lá vai o menino saltitando, pela porta fora feliz sem ligar mais ao assunto...
Pois é isso aí, para que saibas, quero-te dizer, mas em segredo, que o Pai Natal não existe, talvez já desconfiasses, mas não querias acreditar, o que existe é a nossa capacidade de apreciar a vida e de a vivermos em plenitude e em liberdade, a vontade de procurar o bem e não o mal em nós e nos outros e a nossa obstinação em ver a luz e o sol em vez da própria sombra. Para além disso só os meus e os teus pais natais de fingir...
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