O meu açafate restaurado:
Pão do bodo…
No dia que antecedia os Domingos do Espírito Santo e da Trindade a minha mãe levantava-se bem cedo, para fazer a amassadura e cozer o pão para o bodo.
Quando os encarregados de distribuir o pão no bodo, os chamados mordomos, tinham passado a pedir, os meus pais haviam-se comprometido a colaborar com um determinado número de pães, havia quem desse dinheiro, mas os meus pais gostavam de continuar as tradições...
Depois do forno bem quente lá ia o pão muito bem tendido, com as suas cabeças airosas, para o forno, e a minha mãe deitava nas brasas uma mão de sal e dizia:
- Pai, Filho e Espírito Santo, que Deus te acrescente!
E lá ia o pão crescendo, enquanto a minha mãe vigiava não fosse ficar muito escuro, pois era coisa de responsabilidade!
Enquanto isso preparava-se o açafate, um lindo cesto redondo de vimes finos sem tampa e sem asa, que trouxe da minha casa das Lajes muito maltratado, com xilófagos, a tal palavra científica para o popular caruncho, que foi restaurado pelo nosso amigo Carlos Duarte Martins, com um produto apropriado, e outras técnicas que desconheço.
Era então altura de se abrir a arca e de se retirar uma linda toalha branca, com uma artística barra de renda, do enxoval da minha mãe e lá se punham os pães na vertical, muito encostadinhos uns aos outros, com a cabecinha de fora e a minha mãe, num gesto de requinte, ia à roseira do quintal e apanhava as melhores rosas, que ela chamava rosas do bodo, por florirem naquela altura, para decorar todo aquele mimo, toda aquela doação, todo aquele gesto de cidadania, palavra que eles desconheciam embora soubessem e levassem bem a sério o facto de que deviam contribuir para que a tradição não se perdesse e para que todas as pessoas que passassem no bodo da à altura freguesia hoje vila das Lajes. tivessem o seu pão.
E lá ia o meu pai, com o açafate às costa, para a despensa, entregar o pão que, em conjunto com o das outras famílias e com o que o mordomo tinha cozido, seria distribuído, no bodo a todas as pessoas que por lá passassem.
O que os meus pais não imaginavam é que passados tantos anos o seu gesto o seu açafate iriam ser lembrados com tanto apreço e saudade.
Quando os encarregados de distribuir o pão no bodo, os chamados mordomos, tinham passado a pedir, os meus pais haviam-se comprometido a colaborar com um determinado número de pães, havia quem desse dinheiro, mas os meus pais gostavam de continuar as tradições...
Depois do forno bem quente lá ia o pão muito bem tendido, com as suas cabeças airosas, para o forno, e a minha mãe deitava nas brasas uma mão de sal e dizia:
- Pai, Filho e Espírito Santo, que Deus te acrescente!
E lá ia o pão crescendo, enquanto a minha mãe vigiava não fosse ficar muito escuro, pois era coisa de responsabilidade!
Enquanto isso preparava-se o açafate, um lindo cesto redondo de vimes finos sem tampa e sem asa, que trouxe da minha casa das Lajes muito maltratado, com xilófagos, a tal palavra científica para o popular caruncho, que foi restaurado pelo nosso amigo Carlos Duarte Martins, com um produto apropriado, e outras técnicas que desconheço.
Era então altura de se abrir a arca e de se retirar uma linda toalha branca, com uma artística barra de renda, do enxoval da minha mãe e lá se punham os pães na vertical, muito encostadinhos uns aos outros, com a cabecinha de fora e a minha mãe, num gesto de requinte, ia à roseira do quintal e apanhava as melhores rosas, que ela chamava rosas do bodo, por florirem naquela altura, para decorar todo aquele mimo, toda aquela doação, todo aquele gesto de cidadania, palavra que eles desconheciam embora soubessem e levassem bem a sério o facto de que deviam contribuir para que a tradição não se perdesse e para que todas as pessoas que passassem no bodo da à altura freguesia hoje vila das Lajes. tivessem o seu pão.
E lá ia o meu pai, com o açafate às costa, para a despensa, entregar o pão que, em conjunto com o das outras famílias e com o que o mordomo tinha cozido, seria distribuído, no bodo a todas as pessoas que por lá passassem.
O que os meus pais não imaginavam é que passados tantos anos o seu gesto o seu açafate iriam ser lembrados com tanto apreço e saudade.
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